Brasileiro é o primeiro vencedor da Corrida dos Campeões
Guga acabou com a hegemonia dos norte-americanos, que desde 92, terminavam
o ano como número um do mundo
Gustavo “Guga” Kuerten entrou para história mais uma vez, neste domingo,
ao conquistar a Copa do Mundo de Tênis, a Masters Cup, em Lisboa, derrotando o
norte-americano Andre Agassi, por 3 sets a 0, parciais de 6/4 6/4 6/4, em
2h06min de jogo. Com a vitória, Guga tornou-se o primeiro brasileiro a terminar
o ano como número um do mundo, e além disso é agora o primeiro jogador da
história e vencer a Corrida dos Campeões.
Tranquilo, como acordou neste domingo, Guga entrou na quadra central do Pavilhão Atlântico,
sem parecer que o jogo valia o título de campeão do mundo e de número um
também. Logo no primeiro game quebrou o saque de Andre Agassi, ex-número um do
mundo, campeão do Grand Slam e campeão deste torneio em 1990. A vantagem foi
suficiente para Guga fechar o primeiro set em 6/4, lutando muito a cada game e
salvando break points inúmeras vezes, com aces e jogadas fantásticas. Na
segunda série, Guga manteve a mesma calma, vibrando com seus familiares e com a
torcida luso-brasileira, que lotava as arquibancadas do Pavilhão. A quebra
desta vez veio no quinto game e com um ace, no 5/4 Guga fez 2 sets a 0.
No terceiro e que veio a ser o set decisivo, Guga quase perdeu seu serviço
no segundo game, mas conseguiu outra vez se sair de uma situação difícil e no
quinto game veio a quebra, que deixaria Guga com vantagem somente precisando
controlar os nervos para vencer a partida. Na hora de sacar para o campeonato,
Guga não titubeou e com uma bola fora de Agassi comemorou o seu primeiro título
em quadra rápida coberta, o seu primeiro título de Campeão do Mundo e a chegada
ao topo do ranking.
“Nem posso acreditar no que está acontecendo,” dizia Guga, logo após
a vitória. “Se me dissessem, quando o torneio começou e depois ainda de
passar aquele aperto no início, que para ser campeão eu teria que vencer o
Kafelnikov, o Sampras e o Agassi, em três dias seguidos, não acreditaria. Mas
fui indo aos pouquinhos, ganhando jogo por jogo, crescendo na confiança e hoje
entrei com tudo na quadra,” contou Guga. “Estou realmente muito feliz. Fechei o
meu ano com chave de ouro e terminei, este domingo, uma semana de sonhos.”
O técnico de Guga, Larri Passos, muito emocionado, contou que minutos
antes do jogo começar, decidiu com Guga, ir para o ataque. “Optamos por ir
para o ataque. Foi uma estratégia de risco, mas que felizmente deu certo. Estou
muito contente e emocionado. O Guga realmente mereceu esta vitória, porque ele
trabalhou muito para chegar onde chegou. Além disso, tirei um peso das minhas
costas, porque fui muito cobrado no início. Agora posso desfrutar e aprendi a
aproveitar os bons momentos.”
Logo depois de deixar a quadra, ovacionado pela torcida, em que agradeceu
a todos os fãs, familiares, técnico e dedicou o título à mãe Alice Kuerten,
Guga se dirigiu ao vestiário, que em Lisboa é pessoal de cada jogador e foi
recebido, por amigos mais próximos e familiares, com champagne, caipirinha e um
bolo com formato de número 1. “É estranho, realmente não acreditava que poderia
ser número um. Talvez isso tenha sido bom, porque não me pressionei e quando
entrei em quadra, estava muito tranquilo, como se fosse um jogo estadual. Foi
um ano de muito sucesso para mim, para a ATP, com todo mundo querendo ganhar e
depois de vencer o Kafelnikov, o Sampras e o Agassi, acho que realmente mereci
ganhar este título. Mas, também, se tivesse perdido e o Safin ficado
com o número um, não teria me importado, sei que estaria em boas mãos. O Safin
foi a grande estrela desta Corrida e “brigamos” até o último momento para isso
acontecer.
É muito grande para mim, é uma sensação indescritível.”
Após comer o bolo, estourar champagne, abraçar os familiares, Guga passou
horas na sala de entrevista, atendendo a imprensa do mundo todo, sempre
sorridente e exibindo, com orgulho, os seus troféus de campeão do torneio e o
de número um do mundo. “Sempre estive na frente, no jogo. Depois de
conseguir o break, me soltei e fiquei super motivado. Todo mundo sabe que eu
tive problemas físicos e que eu tinha que ganhar da maneira mais rápida
possível. Minha cabeça estava funcionando perfeitamente hoje, tudo estava dando
certo e eu fiz uma partida incrível. Acho que acordei hoje, realmente para
fazer isso. Estou muito orgulhoso de mim mesmo e de ser brasileiro. Tenho
certeza que fiz um domingo feliz para todos e para mim. É o dia mais feliz
da minha vida,” disse Guga, na coletiva. O brasileiro continuou a
entrevista, dizendo que admirava muito Pete Sampras e Andre Agassi, que eles
realmente haviam dominado o tênis na última década e o jogador e que terminar o
ano desta maneira é incrível, fantástico.
E o jogador, que no passado completou o Grand Slam, ao vencer Roland
Garros e terminou 99 como número um do mundo, foi pessoalmente ao vestiário de
Guga, cumprimentá-lo e felicitar o técnico Larri Passos, e a família do
campeão. “Só queria dizer parabéns ao Guga, pelo excelente ano, pela
conquista e nos vemos na Austrália,” despediu-se Agassi.
Guga (Banco do Brasi l/ Diadora/ Head/ Globo.com/ Motorola) agora entra de
férias, volta a treinar dentro de duas ou três semanas e inicia a temporada
2001, no Australian Open. “Foi sem dúvida o melhor ano da minha vida.
Quero agora comemorar muito com os meus amigos e a minha família. Foi muito
importante ter os meus familiares comigo aqui, todos reunidos. Eles me deram
muita força a semana toda.”