Em 2004, Tiago Espírito Santo treinava no Rio de Janeiro com Ricardo Acioly, atual treinador de João Souza, o Feijão, quando o seu então treinador, diante da demora para encontrar os resultados que queriam como profissional, o apresentou uma ideia que ele ainda não havia cogitado: jogar no circuito universitário norte-americano.
A partir da decisão tomada, ele contou com o apoio do Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, e da Fundação Lemann, reconhecida por auxiliar tenistas, entre outros, a irem para os Estados Unidos jogar o circuito universitário em várias modalidades esportivas.
Confira como foi nossa conversa com Tiago, que nos contou sobre o processo de tomar a decisão de ir, a saudade de casa e da namorada, além da experiência e do sucesso nos Estados Unidos.
Quando e como surgiu a oportunidade de ir para os EUA estudar e jogar o circuito universitário?
Em 2004 eu estava morando no Rio de Janeiro onde treinava com o Ricardo Acioly enquanto tentava encarar o circuito profissional, mas os resultados não estavam aparecendo então o Pardal (Ricardo Acioly) me chamou para almoçar um dia e sugeriu a ideia de ir aos Estados Unidos jogar no circuito universitário. O problema foi que para eu poder jogar em uma universidade de primeira divisão eu teria que começar em Janeiro de 2005 que era aproximadamente 3 ou 4 meses de onde estávamos, se não eu não seria mais elegível. Nesse ponto eu mal sabia falar inglês e se decidisse que tennis universitário era a opção eu ainda teria que passar no TOEFL (prova de inglês para estrangeiros que pretendem estudar nos EUA). Tudo isso fez com que o meu prazo para tomar uma decisão sobre algo que mudaria minha vida para sempre fosse de no máximo alguns dias, mas antes de terminar o almoço eu falei pro Pardal que eu topava ir jogar nos EUA. No mesmo dia ele conversou com o Felipe do Daquiprafora e nós começamos a busca por uma universidade.
Em qual lugar você nasceu e morava aqui no Brasil?
Eu nasci em Brasília, onde morei até os 17/18 anos de idade, e depois morei no Rio por aproximadamente 2 anos e meio, antes de vir aos EUA.
Qual foi a universidade escolhida? O que você cursou?
A primeira universidade que eu cursei foi a University of South Alabama, mas depois do primeiro semestre eu transferi para Wichita State University, onde me formei em Marketing, em 2009.
Qual era a sua expectativa quando partiu para os EUA?
Eu estava tão confuso quando vim estudar e jogar aqui que eu não sabia o que esperar. Na minha cabeça o tennis universitário era a última coisa que eu queria fazer, pois o meu sonho era de ser um jogador profissional e como muitos eu acreditava que o tennis universitário nunca me forneceria essa chance. Eu estava errado, hoje em dia o tennis universitário nos EUA está tão competitivo que muitos jogadores estão terminando a universidade e tornando-se tenistas profissionais.
Quais foram as principais dificuldades?
O meu inglês era bem fraco quando eu cheguei, mas eu fiz questão de não conversar com ninguém em espanhol (que eu já sabia) ou português até que eu aprendesse bem o inglês. Mas, no princípio, a parte que foi mais difícil pra mim foi a saudade da namorada que eu deixei no Brasil, e dos amigos também.
Qual foi a importância do Daquiprafora e da Fundação Lemann nesse projeto?
Ambos foram fundamentais, sem o Daquiprafora seria muito difícil, ou mesmo impossível, conseguir organizar toda a papelada necessária, e a Fundação Lemann entrou com o apoio financeiro, que não foi pouco.
Como essa experiência a auxiliou na busca pela inserção no mercado de trabalho depois da universidade?
Durante as férias de verão eu ia à Nova York dar aulas de tennis por 3 meses, e essa experiência foi fundamental para o que eu faço hoje.
Por que você decidiu permanecer nos EUA?
Quando me formei em 2009 eu já tinha bem claro o que queria fazer, e era ser diretor de tennis em um clube de Nova York, onde eu poderia trabalhar nos verões e tirar férias no resto do ano. Hoje sou diretor de tennis do American Yacht Club em, NY, mas ainda não descobri como tirar férias pelo resto do ano (risos).
Qual é o seu trabalho atual?
Hoje eu tenho uma empresa chamada Ace Racquet Sports, que se dedica a administração de instalações e programas de tennis. Nosso mercado alvo são clubes, hotéis e resorts. Atualmente, American Yacht Club é nosso único cliente, mas nós sós estamos começando.
Pretende voltar para o Brasil?
Brasil sempre será o que eu chamo de casa e tenho muita vontade de poder passar mais tempo por aí, e quem sabe um dia voltar, mas eu ainda não vejo muita valorização para o que eu gosto de fazer. Eu posso estar enganado, mas qualquer atividade ou negócio relacionado ao esporte ainda não tem o retorno que merece no Brasil. Aqui, por outro lado, eu sei que se eu trabalhar duro eu posso viver bem.
Você recomenda a experiência aos jovens que ainda estão na dúvida sobre o circuito universitário?
Definitivamente sim. Ao contrário do que eu erroneamente pensava, o tennis universitario é sim um caminho muito bom para quem quer se tornar um tenista profissional. O nível de competição é altíssimo e fornece tempo para tenistas mais jovens amadurecerem e conseguirem encarar o circuito profissional mais tarde. Outro lado é também a qualidade das universidades e cursos nelas oferecidos, é uma coisa de outro mundo. Para o jovens que estejam mais focados na parte acadêmica, muitas universidades daqui estão entre as melhores do mundo.