A tenista Teliana Pereira continua fazendo história no tênis mundial. Depois de quebrar o jejum de 27 anos do Brasil sem conquistar um título no circuito, vencendo o WTA de Bogotá em abril, ela venceu neste sábado, na quadra central do Costão do Santinho, completamente lotada, o segundo trofeu de WTA da carreira, derrotando a alemã Annika Beck, 68a. colocada no ranking mundial, por 6/4 4/6 6/1. A vitória em casa é a primeira de uma brasileira desde que Niege Dias ganhou o WTA do Guarujá em 1987.
“É o dia mais feliz da minha vida,” comemorou Teliana. “Cheguei aqui sem saber se iria jogar. Foi uma semana muito difícil. Tive que superar muita coisa,” analisou a brasileira que com dores no joelho nem sabia se teria condições de disputar o WTA em Florianópolis, tendo abandonado uma partida, justamente contra Beck, na semana anterior no WTA de Bad Gastein. Além disso, passou apuro na primeira rodada contra a argentina Irigoyen e teve que lidar com condições adversas de jogo.
Depois de perder o segundo set, ela foi para o tudo ou nada na decisão contra Beck.
“Há uns três dias estou gripada e sabia que precisava esquecer o cansaço no terceiro set e ir pra cima, sem pensar em mais nada.”
Emocionada com a conquista diante da família, do namorado Alexandre, do irmão e treinador Renato e de amigos próximos, Teliana lembrou do início de vida difícil e do primeiro treinador, o francês Didier Rayon. “Se não fosse por ele, não estaríamos aqui, nem eu, nem a minha família. Fico muito feliz por estarmos todos juntos hoje. Temos uma história muito bonita, do lugar onde saímos e por tudo que passamos. Eu também passei por momentos difíceis na carreira, por isso me identifico quando a torcida me chama de guerreira,” falou Teliana, se referindo a série de cirurgias e lesões pelas quais passou no joelho. “Não sou uma jogadora com golpes espetaculares, mas luto por todos os pontos até o fim. `As vezes parece que acordei com dois trofeus de WTA em casa, mas sei o que eu e toda minha equipe trabalhamos para isso.”
Natural do município de Águas Belas, no sertão pernambucano, Teliana, 27 anos, migrou para o Paraná ainda criança quando o pai encontrou um trabalho em uma academia de tênis. Foi na academia do técnico francês Didier Rayon que ela teve o primieiro contato com o esporte. Pegou bolinha, começou a bater bola, a treinar e iniciou a carreira profissional em 2005, depois de ótimas atuações como juvenil. Em 2007 deu um pulo na carreira, conquistando a medalha de Bronze no Pan do Rio, ao lado de Joana Cortez, nas duplas.
Em 2013, se tornou a primeira brasileira a alcançar a semifinal de um WTA – em Bogotá – desde 1989. Ainda naquele ano, se tornou a primeira tenista do Brasil a chegar no top 100 da WTA, desde 1990.
Dentro do top 100, em 2014, Teliana conseguiu disputar, pela primeira vez na carreira, todos os Grand Slams na chave principal, chegou a ganhar uma rodada em Roland Garros.
Agora em 2015 saltou mais de 100 posições no ranking – era a 162a em abril, venceu 2 WTAs e está entrado para o top 50 do ranking mundial. Deve aparecer na 48a. colocação, com os 280 pontos conquistados no WTA International de FLorianópolis.
“O objetivo do ano era terminar entre as 50 melhores. Estou muito feliz por ter atingido essa marca. Não quero criar expectativas. Quero agora curtir este momento. Depois de Bogotá não tive muito tempo para comemorar, agora vou aproveitar.”
A posição entre as 50 do mundo, coloca Teliana como a terceira melhor tenista da história do Brasil atrás de Maria Esther Bueno, que jogou a maior parte da carreira antes da Era Aberta e venceu só de simples 7 Grand Slams, e de Niege Dias, que foi a 31a. colocada em 1988.
O próximo desafio de Teliana é o WTA de New Haven, no dia 23 de agosto e em seguida o US Open, último Grand Slam da temporada.
Fotos de Cristiano Andujar/CBT