Há torneios que correm tranquilamente, sem muitas novidades, surpresas ou muito burburinho. Há outros, no entanto, em que acontece de tudo e o Sony Open está sendo assim. Não é apenas uma característica do local, mas sim das circunstâncias. Estamos apenas na segunda rodada e já tem muita historinha para contar.
O cenário aliás é bem diferente do ano passado, quando Roger Federer e Rafael Nadal não competiram no Crandon Park e deixaram o campeonato com um ambiente meio estranho, onde parecia faltar aquele buzz tão comum em Miami.
Neste Sony Open 2014, todos os tops, com exceção de Azarenka estão jogando e deixando os jornalistas com muita material para escrever.
Olha só o que já aconteceu:
Murray anunciou a separação de Ivan Lendl – ainda não mostrou inclinação por outro treinador. Nomes são especulados no Reino Unido diariamente.
Djokovic que deveria estar com Boris Becker ao seu lado na Flórida, está com Marian Vajda. O alemão teve que ser operado dos dois quadris novamente, às pressas, e não pôde viajar.
Federer parece estar no melhor momento dos últimos tempos. Está com o técnico Stefan Edberg em Miami, passou na Disney antes de chegar a Key Biscayne e depois da vitória na estreia até foi ao jogo do Miami Heat – e ainda encontrou o Guga por lá.
A ATP errou ao fazer a chave de duplas e teve que refazer a mesma. Usaram o ranking antigo.
Juan Martin del Potro, ainda sentindo dores no pulso, desistiu de jogar em Miami. Jornalistas argentinos reclamaram da maneira em que o anúncio foi feito. Dias depois especularam uma data para uma nova cirurgia do número 1 do país, nos EUA, enfurecendo o assessor de imprensa do mesmo que escreveu um blog/carta atacando “certa mídia local” e dando nomes aos bois. Interessante ver até onde vai este bate-boca. Acompanho com especial interesse. Fico imaginando como seria o meu trabalho com o Guga se já estivéssemos na era do twitter e do facebook anos atrás. A imprensa argentina quer informações, mas o assessor não quer divulgar possibilidades. Quer divulgar quando tiver informações concretas e estas, por experiência própria, às vezes demoram a ser tomadas.
Flávia Pennetta, campeã em Indian Wells, ganhou um jogo em Miami, mas foi eliminada por Ana Ivanovic na segunda rodada. Vamos ver se ela vai ficar em Miami para acompanhar Fabio Fognini, “ o amigo especial.”
Serena Williams, jogando o torneio do seu quintal – assim mesmo que ela se refere ao Sony Open, – e com uniforme das cores do time em que é uma das proprietárias, o Miami Dolphins, teve jogo complicado na estreia contra Yaroslava Shvedova, nada comum para a número um do mundo.
A irmã de Serena, Venus Williams, ressurge em Miami com energia renovada. Aparentemente ela está conseguindo contornar os efeitos da Síndrome de Sjorgen. Venceu bem na estreia.
Nick Bollettieri está direto no Crandon Park, autografando o seu novo livro, Game Changer. Aos 82 anos, ele entra para o Hall da Fama neste ano.
Tommy Haas, semifinalista do torneio no ano passado, abandonou a disputa na noite de sexta-feira, com a mesma lesão no ombro que o fez desistir do Brasil Open e do Australian Open. Pode ser que a gente não veja o alemão mais em ação em Miami no ano que vem.
Lleyton Hewitt venceu o seu jogo número 600 na estreia. Aos 33 anos e inúmeras cirurgias depois, o australiano é sempre uma ameaça, especialmente nos grandes torneios.
O compatriota Bernardo Tomic, no entanto, não teve atuação semelhante. Conseguiu perder o jogo mais rápido da história da ATP (desde que se tem registro) e foi eliminado por 6/0 6/1 por Jarkko Nieminen. Tomic disse ser normal, afinal volta de cirurgia no quadril. Não, não é normal. O normal é voltar a competir quando está em condições. Achei rápida a volta dele. Operou em meados de janeiro na Austrália e em meados de março já estar jogando novamente é um pouco audacioso. Mas, falo sem conhecimento absoluto dos detalhes da cirurgia e da recuperação, apenas com o meu conhecimento de ter acompanhado de perto as intervenções do Guga.
Martina Hingis finalmente teve uma boa atuação nas duplas, desta vez ao lado da tenista que está treinando, a alemã Sabine Lisicki e avançou no Sony Open.
Interessantes vitórias de Donna Vekic, Varvara Lepchenko, Ajla Tomijanovic e Elina Svitolina nas primeiras rodadas.
E a torcida latina cada vez mais presente no torneio, seja para torcer pelos brasileiros nas duplas, pelos colombianos, pela porto-riquenha Monica Puig, pelos argentinos (todos já eliminados), ou simplesmente acompanhando o torneio mais sul-americano do grande circuito.
Diana Gabanyi