O Brasil enfrentará a Espanha de sexta a domingo, em busca de uma vaga no Grupo Mundial da Copa Davis, em São Paulo, em um confronto bem diferente das duas últimas vezes em que as nações se desafiaram.
Vi in loco, o Brasil perder da Espanha, em Porto Alegre, em 1998 e vencer os donos da casa, em Lérida, em 1999.
A pequena cidade de Lérida recebeu o confronto de primeira rodada, em um Clube local, pequeno, mas com muito ambiente de tênis. Guga, Meligeni, Oncins e Marcio Carlsson integravam o time brasileiro do capitão Ricardo Acioly. A Espanha, jogando em casa, foi com força máxima, Moya, Corretja, Costa e Mantilla.
O confronto tinha os dois últimos campeões de Roland Garros – Guga em 1997 e Moyá em 1998, além do vice de 98, Corretja. Muitas estrelas do esporte reunidas em uma pequena cidade.
Moyá era o número dois do mundo – havia se tornado o 1º semanas antes; Corretja, o 6º; Guga ainda era o 18º na ATP e Meligeni, o 59º. Ou seja, o favoritismo era total da Espanha.
Mas, Guga estava em momento inspirado. Viria a ganhar os Masters 1000 de Monte Carlo e Roma depois. Não deu chances aos adversários. Venceu Corretja no 1º dia por 6/3 6/4 7/5 (Meligeni havia perdido para o Moyá 6/2 6/7 6/0 6/4), ganhou nas duplas com Oncins por de Corretja e Costa, em um jogo que lembro ter demorado horas, por 6/2 5/7 4/6 6/4 6/3 e no 1º jogo de domingo, arrasou o amigo Moyá por 6/2 6/4 6/1 e garantiu a vitória do Brasil, for a de casa, diante de uma das nações mais poderosas do tênis.
O confronto no ano anterior também era válido pela primeira rodada do Grupo Mundial. O capitão ainda era o Paulo Cleto e o Brasil vivia a euforia da primeira vitória do Guga em Roland Garros. O Parque Moinho dos Ventos estava lotado para ver o novo ídolo brasileiro em ação. Moya e Corretja ainda não haviam disputado a final de Roland Garros, mas ambos estavam entre os top 20. Moyá era o 17º e Corretja o 7º. Guga na época era o 10º na ATP e Meligeni o 67º.
Fazia muito calor na capital gaúcha e o público insultava os espanhóis. Mas nada disso adiantou. Guga começou vencendo Moyá por 5/7 1/6 6/4 6/4 6/4 e Meligeni perdeu um jogo duríssimo contra Corretja por 4/6 6/4 3/6 6/4 6/4. Nas duplas, com o público pegando no pé de Javier Sanchez e Corretja, Guga e Oncins ganharam por 6/1 7/5 3/6 6/2. Mas, no último dia, Corretja empatou o confronto, derrotando Guga por 6/3 7/5 4/6 6/4 e Moyá acabou ganhando Meligeni por 7/6 6/2 6/2.
O duelo deste fim de semana em São Paulo talvez tenha o drama de um confronto de Davis, mas faltam personagens que na época fizeram o evento se tornar gigante. Jornais davam páginas e páginas de sua cobertura para a Copa Davis, mandavam correspondentes para os confrontos e a semana era uma loucura com tanto jogador top envolvido.
A Espanha tem de estrela apenas o seu capitão, Moyá. Nadal, Ferrer, Robredo, Verdasco e Feliciano Lopez não vieram ao Brasil e nós, há tempos, não temos um jogador top. Dependemos das duplas para ganhar torneios, mas só com Bruno Soares e Marcelo Melo não dá para movimentar uma nação.
A oportunidade para o Brasil do líder Thomaz Bellucci e do segundo jogador de simples, Rogerinho Dutra Silva é boa contra uma Espanha desfalcada que joga com Roberto Bautista Agut, Pablo Andujar, David Marrero e Marc Lopez. É saber aproveitar e lembrar com saudosismo dos últimos confrontos que foram históricos.
Diana Gabanyi