Lembro quando vi Andy Murray pela primeira vez. Era o início dos anos 2000 e ele jogava o torneio juvenil de Roland Garros.
Já havia algumas pessoas falando sobre ele. Um garoto escocês que treinava na Espanha, na Academia do Emilio Sanchez. O ex-jogador espanhol e treinador era colunista da Tennis View e nos contava que havia um futuro campeão treinando em Barcelona e que deveríamos dar uma olhada nele.
Fui vê-lo treinar. Mostrava talento, mas confesso que não me impressionei de cara.
Aos poucos ele foi chegando no circuito. Dois anos depois lembro de vê-lo na sala dos jogadores de Roland Garros, em um encontro com Novak Djokovic, fazendo alguma piada.
Os primeiros anos dele no circuito não foram fáceis. O menino que tinha escapado ao tiroteio em Dunblane, quando era criança, mostrava sua irritação por onde passava, não apenas com sua equipe na quadra.
O tempo foi passando e ele foi amadurecendo. Perdeu finais de Grand Slam antes de conquistar o primeiro dos seus grandiosos trofeus, no US Open, em 2012.
Suas derrotas o tornaram “humano”. Quando ele enfim venceu Wimbledon, em 2013, se tornando o primeiro britânico desde Fred Perry a conseguir tal feito, entrou para a história inglesa, ou melhor do esporte. É um dia que todos nós amantes do tênis lembramos. Três anos depois ele repetiu a vitória.
Naquele 2016 se tornou também o único jogador a ter duas medalhas olímpicas de simples. Já havia sido ouro em Londres 2012 e conquistou o ouro no Rio também.
Foi número um do mundo, ganhou o ATP Finals e talvez seja o jogador que mais demonstrou amor ao esporte.
Sofreu com inúmeras lesões e cirurgias, principalmente no quadril. Fez um implante e voltou a jogar com um quadril de metal.
Competiu no circuito Challenger como se estivesse na Catedral do Tênis.
Hoje, disse adeus, em Paris, nos Jogos Olímpicos, ao ser eliminado nas quartas-de-final de duplas. Mas, não foi uma derrota, foi uma vitória ele ter chegado tão longe.
Nós só temos a agradecer, Sir Andy Murray.
Diana Gabanyi