Ex-boleiro na Bahia, Charles Silva aproveitou a chance, jogou universitário nos EUA e concluiu sua graduação

Charles Silva 3 peqCharles Silva tem uma história que serve como inspiração. O ex-boleiro da Associação Atlética da Bahia hoje é formado em Administração de Empresas pela Shaw University, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Todo o processo ocorreu com muita luta e determinação, e ele agarrou a oportunidade que apareceu. E claro, com um importante apoio do Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, e da Fundação Lemann, reconhecida por auxiliar tenistas, entre outros, a irem para os Estados Unidos jogar o circuito universitário em várias modalidades esportivas.

Charles conseguiu aliar o sucesso nas quadras, recebendo o prêmio Player of the Year em 2013 e 2014 na sua conferência, ao sucesso acadêmico, reconhecido pela sua universidade como o melhor estudante do departamento de Business.

Confira um pouco como foi o processo desse mineiro/baiano que começou sua aventura pela terra do Tio Sam em agosto de 2009 e concluiu sua graduação em maio deste ano.

Você é de qual lugar no Brasil? 

Eu nasci em Minas Gerais, mas fui criado em Salvador. Me considero baiano.

Em qual área você atuava aqui quando apareceu a oportunidade?

Comecei a jogar tênis como boleiro e joguei juvenil. Eu parei de jogar por dois anos e antes de vir para os Estados Unidos, estava trabalhando em um resort que fica na Praia do Forte, na Bahia, distante 75km de Salvador. Estava trabalhando como professor de tênis e animador de piscina na área de entretenimento e lazer.

Quando e como surgiu a oportunidade de ir para os EUA estudar e jogar o circuito universitário?

Eu tenho vários amigos que estavam vindo para os EUA jogar tênis e terminar os estudos naquela época e foi aí que despertou o interesse de vir também. É difícil jogar tênis profissional e eu não queria parar de jogar, então eu achei uma ótima ideia estudar e continuar jogando. Já tinha entrado em contato com o Daquiprafora antes, mas não foi possível naquele momento. Foi através de um amigo, o Rafael Matos, que estava fazendo um estágio no Daquiprafora, que ele falou de mim pro Gustavo Zanette, nós conversamos e eu decidi vir.

Qual foi a universidade e o curso escolhido?

Eu não consegui passar nos testes de inglês que as universidades requerem, então eu não tive muita opção. Fui pra Laredo Community College, que foi a melhor opção pra mim. Fiquei lá por dois anos e depois me transferi para Shaw University e cursei Business Administration.

Qual era a sua expectativa quando partiu para os EUA? 

A expectativa era de chegar logo e comecar a jogar e estudar. Estava muito feliz com a oportunidade que eu tive. Até a hora do embarque eu estava tranquilo, mas quando eu desembarquei estava com muito medo.

Quais foram as principais dificuldades? Você já sabia falar inglês fluentemente?

Com certeza a maior dificuldade é deixar a família, mas isso faz parte. Eles sabiam que era uma chance que eu tive, de cursar universidade e de ser alguém na vida. Chegando no college eu quase voltei pro Brasil, pois achei que não iria ter como pagar o custo de vida, mas deu tudo certo e eu fiquei. O inglês também é muito difícil no início. Eu não sabia falar nada de inglês e tinha medo de não aprender, mas os companheiros de time, os professores e os amigos que fiz na univerisdade me ajudaram bastante e eu sou muito grato a todos que me ajudaram.

Qual foi a importância do Daquiprafora e da Fundação Lemann nesse projeto?

A importância do Daquiprafora foi fundamental no meu processo de ida para os EUA. Eles me ajudaram desde dos documentos necessários até o visto de estudante, e também me ajudaram com a passagem e com a escolha da universidade. E lógico que se eu não tivesse recebido a bolsa da Fundação Lemann, não teria a mínima chance de vir para os EUA. A parceria do Daquiprafora e Fundação Lemann teve um papel muito importante no meu processo. Agradeço a eles por tudo que fizeram por mim. Realmente mudaram minha vida.

Como essa experiência o auxilia na busca pela inserção no mercado de trabalho depois da universidade?

Eu me formei agora em Maio de 2014 e estou à procura do meu primeiro trabalho depois de formado, mas eu tenho certeza que a experiência que adquiri durante o college tênis vai me ajudar bastante, pois você se torna mais responsável, vive aquele espírito de equipe e aprendi a tomar decisões sozinho. Enquanto não surge a primeira oportunidade, estou trabalhando com professor de tênis em um country club. Então eu acho que tudo isso conta bastante no mercado de trabalho hoje em dia. Sem contar que você vai aprender um novo idioma e conviver com pessoas de diferentes culturas.

Por que você decidiu permanecer nos EUA? Ainda tem contato com a universidade?

Eu decidi ficar aqui porque eu quero voltar para a universidade e começar uma pós-graduação e aqui nos EUA tem mais oportunidades de trabalho do que no Brasil, no meu modo de ver. Eu não pretendo voltar de vez para o Brasil, pelo menos por enquanto, eu acho que ainda tem muita coisa pra acontecer aqui.

Ainda tem contato com a universidade?

Sim eu ainda tenho contato com a universidade, não só com o departamento esportivo, mas também com professores e amigos. Uma vez que você defende aquela universidade e veste a camisa do seu time, não tem como perder contato com a universidade.

Você recomenda a experiência aos jovens que ainda estão na dúvida sobre o circuito universitário?

Vir para os EUA foi uma das melhores decisões que já tomei na minha vida. O circuito universitário é inacreditável. Apesar de ser um esporte individual, aqui você joga como equipe e o clima de jogar com sua equipe é muito bom, os treinos, as competições, as rivalidades entre as universidades, as viagens, é muito bom viver tudo isso. Durante minha passagem pela Shaw University nós fomos duas vezes campeões da nossa conferência, uma vez campeão dos regionais e conseguimos chegar até os nacionais.
Eu recomendo para aqueles atletas, principalmente os tenistas que estão pensando em jogar profissional e não querem vir pensando que vai ser o fim da carreira profissional, isso não é verdade. Eu acho que o nível do circuito universitário é muito forte e com certeza dá para conciliar tênis e os estudos e depois de formado dá para jogar o circuito profissional. A diferença é que você vai estar com seu diploma na mão se não der certo.