Stephanie agarrou a oportunidade do circuito universitário e agora é treinadora nos EUA

Stephanie Dalmacio 3 peqParaense por nascimento, mas “candanga” de coração, Stephanie Dalmacio é mais um exemplo de que aliar esporte e educação tem tudo pra ser sinônimo de muito sucesso.

Em 2006, aos 18 anos, um ano depois de ser campeã brasileira juvenil, ela rumou para os Estados Unidos em uma empreitada que misturou o desconhecido e a motivação em agarrar aquela oportunidade única: Estudar Gestão Desportiva e jogar tênis representando a Wichita State University, no Kansas, apoiada pelo Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, e da Fundação Lemann, reconhecida por auxiliar tenistas, entre outros, a irem para os Estados Unidos jogar o circuito universitário em várias modalidades esportivas.

Dali em diante, não parou. E não voltou! Seguiu carreira nos Estados Unidos, fez mestrado e obteve muito sucesso. Confira um pouco da trajetória da Stephanie:

Você foi para o Estados Unidos em 2006, certo? Como surgiu a oportunidade de ir para lá?

Sim, eu comecei minha carreira em 2006 depois que tive bons resultados em 2005, meu último ano de juvenil, quando ganhei o Campeonato Brasileiro. Depois disso, tive a ajuda do Daquiprafora para começar o processo de bolsas e universidades que poderia ir.

Em qual lugar você nasceu e morava aqui no Brasil? Como era sua vida jogando tênis aqui?

Eu nasci em Belém, Pará, mas me mudei para Brasília quando tinha 5 anos de idade, então também me considero Candanga. Eu sempre joguei todos os esportes que podia e foi aos 11, quase 12 anos de idade que decidi me dedicar ao tênis. Tive muita sorte de ter pessoas que realmente acreditaram no meu potencial, como o meu primeiro treinador, Marcelo Machado. Ele foi a pessoa que me incentivou e me fez amar o tênis desde que me chamou para bater a primeira bola, numa de suas aulas particulares com o meu padrasto. Depois disso, foi bem fácil tomar a decisão. Foi amor à primeira batida e eu era muito viciada. Se não estava na quadra treinando, eu estava de ajudante nas suas aulas, batendo ou catando bola, ou batendo sozinha no paredão do Clube Apcef. Aos 14 anos, comecei a jogar torneios em Brasília, de classe e juvenil, e não demorou muito para jogar torneios nacionais e a liga COSAT na América do Sul. Aos 16, comecei a jogar os meus primeiros torneios profissionais de Future e ganhei alguns pontos, chegando a ficar entre 900-950 do ranking WTA. Infelizmente, depois de jogar 6-8 meses desses torneios, eu perdi o patrocínio que tinha e tive que parar de viajar. Foi um momento bem difícil porque eu ainda era muito nova e realmente queria estar no topo do ranking profissional. A melhor opção pra mim depois disso foi fazer universidade nos EUA com bolsa completa e ainda jogar um nível alto de tênis. Eu ainda pensava jogar profissionais aqui, mas por causa de tempo e dinheiro também não foi viável.

 

Além da graduação, continuou exercendo outras atividades nos EUA?

Continuei minha vida no tênis universitário aqui. Depois de me formar, fui Graduate assistant para conseguir bolsa de mestrado em Psicologia Esportiva e depois comecei minha carreira de treinadora como assistente aqui em Bowling Green State University, em Ohio. Eu hoje sou a treinadora principal (Head Coach) da universidade, que é  Divisão 1 e jogamos na Mid-American Conference. Então sim, continuei minha carreira nos esportes porque eu sempre quis dar a oportunidade de volta a atletas que também não tem ou tiveram os meios financeiros para jogar o circuito profissional. Também acho que o tênis universitário te dá oportunidades incríveis de crescer, não só como tenista, mas como ser humano e profissional em qualquer área que você escolher. Sou muito agradecida ao tênis e a vida que esse esporte me proporcionou aqui nos Estados Unidos.

Qual foi a universidade escolhida? O que você cursou?

Eu escolhi Wichita State University, no Kansas, porque me pareceu a melhor opção para ainda melhorar como atleta. Quando eu cheguei, o programa não tinha tido muitas conquistas nacionalmente. Junto com as minhas parceiras de equipe, sempre soubemos que poderíamos quebrar recordes e elevar o nível do programa. Foi o que fizemos e atá hoje temos nossas fotos nas paredes da universidade. Tive a honra de representar a universidade no torneio nacional de All-Americans no meu terceiro ano e chegamos a ser top 20 no ranking da NCAA. Essas são coisas que nunca vão se apagar da memória de nenhuma de nós. E mais que isso: sempre vamos ter essa família que o esporte nos deu. Todos os momentos, bons e ruins, foram o que nos transformaram em adultos bem sucedidos hoje, mesmo sendo em diferentes partes do mundo. A isso também tenho que agradecer ao meu primeiro treinador aqui, Chris Young, e sua assistente Courtney Steinbock. Hoje eles são treinadores de Oklahoma State e Houston e são pessoas que eu sempre vou ter como exemplo.

Qual era a sua expectativa quando partiu para os EUA?

Eu não sabia muito o que esperar quando entrei no avião para vir, quando tinha 18 anos. Eu sabia que era uma oportunidade que eu não poderia deixar passar e só o que podia fazer era agarrar com unhas e dentes e começar a construir meu futuro.

Quais foram as principais dificuldades? Já sabia falar inglês fluentemente?

Não falava inglês e foi bem difícil no começo, mas as pessoas foram muito simpáticas e sempre me ajudaram no que precisei. Tive que fazer o curso intensivo de inglês nos primeiros 6 meses até passar no Toefl da universidade. A outra dificuldade sempre foi a comida. No Brasil, estamos acostumados e comer tudo orgânico. A facilidade de encontrar os produtos e o preço ajudam os brasileiros a terem uma dieta mais saudável. Esses mesmo produtos aqui são muito caros e muitos deles você não consegue encontrar. Só depois de um tempo você consegue controlar o que come. Cozinhar ajuda bastante, te dá o controle do que você esta colocando no seu corpo e fica mais barato também.

Você teve algum apoio de alguma instituição para essa empreitada? Se teve, conte qual(is) e como foi.

Eu tive o apoio do Daquiprafora e das bolsas da Fundação Lemann para vir. Eles me ofereceram as bolsas completas depois de terem me visto no circuito brasileiro em 2005.

Além do tênis, o que você faz atualmente?

Sou Head Coach aqui em BGSU e adoro meu trabalho. É muito interessante estar do outro lado e encontrar as suas próprias formas de criar um time e recrutar as jogadoras que você sabe vão se esforçar e melhorar a cada dia. O reconhecimento não é tanto os troféus, mas sim as suas jogadoras melhorando a cada dia e tendo conquistas dentro e fora das quadras. Eu me sinto muito orgulhosa de poder ser parte de um pedacinho desse sucesso.

Você pretende seguir trabalhando com o tênis ou pretende fazer outra coisa?

Eu pretendo seguir com a minha carreira de treinadora aqui. Gostaria muito de dar os passos certos e chegar à uma universidade maior onde possa conquistar maiores títulos, ter mais ajuda financeira para chegar ao topo do ranking universitário.

Você recomenda a experiência de jogar nos EUA aos jovens brasileiros?

Eu recomendo muito à todos os atletas brasileiros jogar o tênis universitário, mesmo que ainda queiram jogar profissionalmente. Isso pode ser uma ponte para jogar mais torneios e ter melhores resultados e ainda assim conseguir uma educação com alguma ajuda financeira. Não trocaria a experiência que eu tive por nada e sou muito grata à tudo que o tênis nos Estados Unidos me proporcionou.

Jennifer Brady, que só parou nas 8ªs do Australian Open, fez sucesso no tênis universitário

Jennifer Brady peqNos últimos anos, tem sido mais comum que jovens no Brasil optem pelo caminho do tênis universitário, nos Estados Unidos, com a possibilidade de jogar um circuito de bom nível e ainda ter a uma formação de muita qualidade.

Muitos brasileiros foram com o apoio de instituições como o Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, e da Fundação Lemann, reconhecida por auxiliar tenistas, entre outros, a irem para os Estados Unidos jogar o circuito universitário em várias modalidades esportivas.

Os norte-americanos, historicamente, já fazem isso com muito mais naturalidade, mas o que não é tão natural é usar o circuito universitário como um caminho para o circuito profissional.

Alguns casos são conhecidos, de ex-jogadores em faculdade que tiveram destaque no circuito, como James Blake, John Isner e Bob e Mike Bryan. Porém, o que nem todo mundo sabe é que o Australian Open deste ano acabou de testemunhar mais um exemplo: Jennifer Brady, que chegou às oitavas de final do primeiro Grand Slam da temporada. O resultado deve levá-la para perto do top-80 da WTA, sendo que seu melhor ranking até o momento foi o 109º posto.

A jovem norte-americana de 21 anos, que venceu três jogos no qualifying e mais três na chave principal antes de parar diante da croata Mirjana Lucic-Baroni, jogou por dois anos na Universidade da Califórina em Los Angeles, chegando a ser nº 2 do circuito universitário norte-americano e ajudando sua equipe a ser campeã da NCAA pela segunda vez na história:

“Seu plano era ir para o profissional depois de um ou dois anos”, disse o técnico assistente da UCLA, Rance Brown, ao site tennis.com. “Ela estava pronta. Ela teria ficado entediada e estagnada se ficasse aqui com a quantidade de talento que ela tem e o tipo de jogo.” afirmou.

Brady treinou na Evert Academy em Boca Raton, Flórida, onde a USTA Player Development tomou conhecimento e influenciou sua decisão de competir pela UCLA, enquanto também tentava sua sorte no ITF Pro Circuit.

“Brady tinha objetivos individuais de se tornar uma jogadora profissional de sucesso, mas também gostou muito do aspecto de equipe e contribuiu muito para a dinâmica da equipe”, disse a ex-companheira de Brady, Courtney Dolehide, da UCLA. “Ela é engraçada e sempre trouxe uma tonelada de energia positiva para os treinos e partidas.” completou.

No verão de 2014, Brady ganhou seu primeiro ITF de $ 25.000 e ficou o semestre do outono fora da faculdade, jogando profissional, alcançando a final de um torneio de US$ 50.000 e ficando a uma vitória de garantir o convite que a USTA tem direito para o Australian Open. Mas em vez de ir à Melbourne, Brady retornou à faculdade para o que seria seu último semestre.

“Foi sempre claro para mim que Brady ia fazer muito no tour depois da faculdade”, diz Dolehide. “Ela realmente ama o jogo de tênis. Ela gosta de treinar e gosta do trabalho duro.”

Depois de se tornar profissional definitivamente em 2015, um ano depois estava comemorando um resultado expressivo no Australian Open:

“Parece incrível. Quer dizer, vindo aqui, estando no qualifying, eu não esperava chegar até a segunda semana “, disse Brady, no sábado. “Quer dizer, eu escrevi isso e disse a mim mesma, eu disse, mas eu não disse isso com confiança.”

“Ela tem um jogo moderno, um jogo atlético. Para uma menina alta e atlética, sua mobilidade é excelente. Ela é destemida” afirmou o técnico Brown.

Além de toda dedicação de Brady, vale destacar também o suporte oferecido pela universidade na qual ela jogou. A UCLA tem todos os equipamentos e instalações que qualquer atleta precisa para progredir se eles tiverem a mentalidade correta, além de equipe de apoio.

“Como no basquete, um jogador pode ser um rato de ginásio, ela era 100% um rato de ginásio”, diz Brown. “E quatro dias por semana, Brady estava na quadra às 7:30 da manhã esperando por mim.”

Brady também teve a sorte de ter seus amigos de sua carreira junior para incentivá-la, como Robin Anderson, Chanel Nguyen e Kyle McPhillips .

“Ela teve a sorte de que todos os dias no treino eles poderiam desafiar uns aos outros”, diz Brown. “Eles tinham um ao outro.”

Brady usou suas companheiras de equipe e seu tempo na faculdade sabiamente, e o trabalho duro está recompensando agora.

“Estou tão feliz por essa garota. Ela tomou algumas decisões. Ela se comprometeu com seu tênis “, disse Brown. “Você aprende a  como lidar com o fracasso, ela vai ter que aprender a lidar com o sucesso. Isso é apenas parte do processo.” concluiu.

 

Jogando e estudando nos EUA, Ingrid Martins quer ter boa formação sem largar o circuito profissional

ingrid-gamarra-martins-2-peqAos 20 anos de idade, a carioca Ingrid Gamarra Martins, que começou a jogar tênis com apenas 4 anos, é mais uma que se diz realizada com sua escolha profissional: ir para os Estados Unidos estudar e jogar o circuito de tênis universitário.

Estudando Tecnologia da Informação na University of South Carolina, em Columbia, desde o ano passado, ela nos contou como foi o processo de conhecer o que seria o circuito universitário dos EUA e a tomada de decisão:

“Decidi ir pros EUA em março de 2015. Eu estava jogando um Future, meu pai estava lá, meu psicólogo, que ficou dando exemplos de jogadores que foram, tiveram a carreira bem sucedida e ainda jogaram tênis profissional depois. Começamos a pesquisar muito pra ver como era lá, não entendia nada, nossa visão era diferente do que realmente é lá e começou por ali.”

Ingrid contou também que treinava com Ricardo Acioly, o Pardal – entre outras coisas, ex-capitão do Brasil na Copa Davis e diretor de relações institucionais do Rio Open – que se formou nos Estados Unidos e ajudou a abrir portas. Vale destacar que ela também teve apoio do Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos:

Treinava com o Pardal e ele se formou nos EUA.  A primeira coisa foi conversar com ele que deu opções de universidades, ajudou muito. Foi tudo muito rápido, fiz todos os testes de idiomas. Tive que começar aulas de inglês, que eu sabia falar de viajar, de escola, mas não fluentemente. Foi a decisão mais difícil, mas a mais certa que eu fiz. É meio clichê, mas foi a melhor escolha que eu fiz na vida.” afirmou Ingrid.

Com a decisão, foi a vez de encarar o desafio de ir pra outro país, morar sozinha e em um ambiente muito diferente ao que estava acostumada. No começo, não foi fácil e muitas mudanças foram percebidas:

“Eu não conhecia nada. As meninas do time, o técnico, foi tudo novo pra mim. Indo morar em um país diferente, sozinha. A maior dificuldade foi o inglês e o lance de equipe. Eu estava acostumada a jogar torneios individuais, viajar sozinha. Cheguei lá e era um esporte individual que passou a ser coletivo. Individual só na quadra.” disse Ingrid, completando: “ Tive que saber lidar com as dificuldades, não pensar só em mim, ter que tomar decisões não só pra mim, mas visando o time e lidar com os técnicos de uma outra cultura, meninas de uma outra cultura. Foi difícil no início, mas eu sentia que estava crescendo como pessoa e como atleta também.”

Ingrid deixa claro que sua pretensão para depois de se formar é se dedicar ao circuito profissional, no qual chegou a ser nº 723 da WTA, com a diferença, é claro, de ter um diploma de muita qualidade em mãos. Por isso, a escolha da Universidade foi um diferencial:

“Fui lá conhecer um pouco (a Universidade), conversei com os técnicos, gostei da postura deles, o objetivo, como tratavam o tênis universitário, a equipe. Escolhi porque quero jogar tênis profissional, quero ter um treinamento intensivo e ter oportunidade de estudar lá. Então, foi a melhor opção pra ter esse treino, crescer no tênis e ao mesmo tempo, crescer na vida.” disse a carioca.

Essa sua intenção fica clara quando se observa que ela continua jogando alguns torneios profissionais durante o ano, como fez em Charleston, em outubro, ITF no qual ficou com o vice-campeonato:

“Esse ano não joguei muitos ITF, pois a carga de torneios é muito alta, o nível é muito alto. Nas férias, de junho a agosto, com certeza tento jogar o máximo de torneios por perto até pra continar jogando profissional. Não vou deixar de jogar quando posso, mas tenho que cumprir meu papel na universidade, dar meu máximo lá.”

Neste ano, Ingrid esteve em uma lista elaborada pelo Universal Tennis Ranking, um sistema de ranking que abarca jogadores de todo o mundo, em 16 níveis diferentes dos iniciantes ao profissionais, com base em resultados dos jogos reais sem levar em conta idade, sexo ou onde os jogos são disputados, um reconhecimento dos seus bons resultados defendendo sua Universidade:

“O processo de reconhecimento levo como consequência do trabalho. Sei que se trabalhar, vou ter resultados no futuro. Levo na boa, pego como motivação pra trabalhar mais firme e conseguir mais coisas, não só pra mim, mas pra universidade.”

Por fim, ela fez questão de recomendar a experiência que está vivendo para aqueles que estão em dúvida se optam ou não pelo circuito universitário norte-americano.

“Recomendo pra todo mundo o tênis universitário. É um processo da vida, muito importante pro crescimento da pessoa e do atleta. Nos EUA, tem muitas universidades, cada uma com seu tipo, umas mais focadas no estudo, outras mais no tênis, então é só ver o seu perfil, pesquisar bastante as universidades e ver o que é melhor pra você. Não tem como não gostar. A estrutura é incrível, eles dão todo suporte pra você crescer em todos os aspectos e com certeza é uma oportunidade. Pra todos os brasileiros que puderem ir pra lá, eu recomendaria, com certeza. Claro que não é fácil no começo, muito estudo no início pra passar nas provas, muitas dúvidas na cabeça, mas é só esse processo inicial, depois fica tudo mais fácil.” concluiu.

Depois do tênis universitário, Bruno continua trajetória de sucesso e vai fazer MBA em Stanford

bruno-rosa-peqBruno Rosa foi um dos grandes talentos do tênis juvenil do Brasil. Em 2004, ano em que completou 18 anos, chegou a ser o nº 8 do mundo no ranking juvenil da ITF.

Neste mesmo ano, começou a ter destaque também no circuito profissional, vencendo jogadores como Marcelo Melo, Rogerinho, o cazaque Andrey Golubev, ex-nº 33 do mundo e que já venceu ATP 500 na carreira, e até Thomaz Bellucci, no qualifying de um Challenger em Belo Horizonte.

Em 2006, aos 20 anos, perto do nº 400 da ATP, decidiu jogar o circuito universitário norte-americano, estudando e se formando em Economia pela Rice University, com o apoio do Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos.

O catarinense garante que não se arrepende da escolha e que foi uma das melhores decisões da sua vida, mesmo se surpreendendo com o nível de tênis que encontrou nos Estados Unidos: “Eu era 400 da ATP, achei que ia pro universitário e ganhar os jogos com facilidade”

Não foi bem assim, o nível é alto, mas isso não o impediu de se destacar nos estudos e em quadra, jogando a divisão 1 durante os quatro anos.

“O tênis universitário tem um ritmo muito forte. Lógico que diminuí meu ritmo de treinamento, mas eu posso falar que o nível da primeira divisão do universitário é um nível de Challenger tranquilamente.”

Depois de se formar, voltou ao Brasil, trabalhou na Estácio e agora, se prepara para um momento muito especial, como ele mesmo define, sendo aceito na Stanford University, uma das melhores do mundo, para cursar um MBA por dois anos:

“Estou em um momento de transição. Voltei dos Estados Unidos em 2010, trabalhei no mercado financeiro e comecei em 2012 a trabalhar na Estácio, ficando até julho desse ano. Quase 4 anos, em áreas diferentes. Foi uma experiência muito bacana. Mesmo não sendo minha função, acabei intermediando alguns patrocínios com jogadores como Pablo Cuevas e Pablo Andujar. A Estácio tem por hábito ajudar bastante atletas, como quase todos os principais tenistas brasileiros.

Na época do Brasil Open, fazia uma participação mais intensa nessa minha interação com os jogadores. É bom, ajuda os jogadores, fazendo um patrocínio em uma semana, e pra gente era interessante colocar nossa marca nesses jogadores. O Cuevas é meu amigo de infância, jogamos juntos desde que tínhamos 14 anos. Fizemos (o patrocínio) esse ano e nas duas semanas que fizemos com ele (Rio Open e Brasil Open), ele foi campeão.

Agora, estou indo fazer MBA em Stanford, a faculdade dos meus sonhos, que eu sempre quis vir, e agora tive a oportunidade, fui aceito e vou morar dois anos dentro da faculdade, full time no MBA. O processo seletivo é muito difícil, foram muitos meses. Esse MBA em Stanford é, sem dúvida, o mais concorrido no mundo atualmente, então é um momento muito especial”

Bruno não esconde sua opinião quando se refere à escolha pelo tênis universitário, mesmo considerando que cada jogador deve tomar sua decisão, sem estipular uma regra pra isso:

“Acho que cada caso é um caso. Não sei se a mesma regra funciona pra todo mundo. Acho que é um saída sensacional. O tênis universitário tem um nível que muitas pessoas no Brasil não fazem ideia que tem. Durante quatro anos, eu joguei em um nível muito alto e poderia ter voltado pra jogar tênis profissional. Não voltei porque não era meu foco. Quando fui pros EUA, fui pra estudar realmente. Dá pra jogar profissional depois, além de uma educação de ponta, uma experiência fora, em um país de primeiro mundo. Eu não conheço ninguém que tenha se arrependido dessa experiência.

Cada um faz sua História, mas pra mim agregou demais. Morar fora, ter frequentando uma universidade de ponta, fazer amizades lá fora, foi tudo muito importante pro início da minha carreira profissional.

Ouso dizer que é uma das melhores opções e muita gente poderia se beneficiar disso. Tem muita gente no Brasil demorando a tomar essa decisão, de estudar fora e que poderia se beneficiar bastante, continuar jogando tênis em um nível muito forte. No Brasil, parece que as pessoas até discriminam um pouco quem faz essa opção. Isso está mudando, mas na época em que fui, as pessoas até discriminavam, como se fosse quase ofensivo. Acho que alguns tenistas brasileiros iriam se beneficiar muito jogando tênis universitário.

Acho que hoje, tentar tênis profissional, é muito mais pra um tenista exceção do que a regra. Acho que o ideal seria que os tenistas começassem a ir mais e aqueles dois ou três com um nível acima da média poderiam tentar o profissional e parar de estudar. Fora isso, se não for acima da média, acho que o caminho universitário deveria prevalecer.”

Depois de viver quatro anos dentro de um ambiente esportivo e universitário, Bruno afirma que não foi fácil, a rotina foi intensa, mas isso contribuiu bastante para o seu crescimento pessoal, agregando valores importantes, como a própria capacidade de organização:

“A vida universitária, como um todo, me trouxe como valor a necessidade de me organizar para que trabalhasse praticamente o dia inteiro. Nos quatro anos de universidade que fiz, devo ter dormido 4, 5 horas por noite, em média.

Acordava de manhã pra estudar, pra ir pra aula. À tarde, ia treinar, e à noite, ia estudar até de madrugada. Foram quatro anos muito intensos.

Eu sempre treinei muito no tênis, sempre fui muito dedicado. Pra não deixar o tênis impactar nos meus estudos, usei essa dedicação para os livros. Usei os mesmos hábitos, a mesma dedicação, mas dividindo entre o tênis e a faculdade.”

Ao longo desse tempo, ele conviveu e jogou contra jogadores que se destacaram ou que frequentam o circuito profissional há um bom tempo:

Joguei com vários atletas que estão entre os 200, 300 da ATP, como o Austin Krajicek, Robert Farah, Daniel Vallverdu (Treinador do Dimitrov e ex-treinador de Berdych e Murray). Joguei na mesma época que o Steve Johnson, mas não contra ele.

Por fim, ele falou sobre o processo de distanciamento do tênis e sua estratégia para sentir menos saudade do esporte que lhe proporcionou tantas oportunidades na carreira e para a vida:

“Pra ser sincero, não foi muito difícil. Foi muito importante parar de jogar tênis aos poucos. Acho que se tivesse parado de uma hora pra outra teria sido muito difícil.

Quando eu comecei a estudar, eu sabia que seria muito bom ter uma atividade paralela ao tempo em que eu jogava tênis, e os estudos foram fundamentais nisso.

Hoje em dia, eu jogo menos tênis do que eu gostaria, mas agora no MBA vai ser mais fácil, pois a faculdade é ao lado das quadras de tênis de Stanford, e nos últimos meses já venho jogando tênis com mais frequência. Por muito tempo, eu não senti saudade de jogar tênis, e deixei essa saudade vir naturalmente. Nos últimos meses, a saudade tem vindo e por isso tenho jogado muito mais. Nas últimas semanas, eu tenho jogado duas ou três vezes por semana, enquanto nos últimos três, quatro anos eu joguei cinco ou seis vezes por ano, até por estar focado em trabalhar e em outras atividades.”

Foto: João Pires/Fotojump

Tenistas juvenis conseguem bolsas de estudos nos EUA

Carolina Wakiyama peqTer um diploma numa boa universidade e ainda conciliar a vida de atleta parece algo muito difícil. Mas, dois jogadores da TennisSquare – Carolina Wakiyama, de 17 anos, e Táles Rosseti Miranda, de 18 anos – conseguiram aliar estudos e esporte, e embarcaram nesta terça-feira para estudar e jogar tênis nos EUA, com bolsas de estudos.

Para conseguir esta oportunidade, eles precisaram passar nos testes de proficiência de inglês e de matemática (SAT e TOEFL) e ainda tiveram que enviar um vídeo jogando tênis para as universidades, com o auxílio de empresas especializadas em intercâmbio de atletas e da academia TennisSquare.

“Aqui na TennisSquare fazemos todo o planejamento que o atleta precisa para estudar nos EUA, através do tênis, envolvendo a parte acadêmica e do esporte. Além disso, aqui podemos treinar em quadras rápidas, que é o tipo de quadra dominante no tênis universitário. É muito gratificante ver que os nossos jogadores concluíram todo esse processo com êxito”, falou André Watanabe, responsável pelo treinamento competitivo da TennisSquare, que tem o foco no tênis universitário e profissional.

Carolina Wakiyama vai para Palm Beach Atlantic University, na Flórida, cursar Business (Administração). “Espero aproveitar ao máximo esta oportunidade, conhecer novas culturas e amadurecer como pessoa. Quero dar o meu melhor dentro das quadras e nos estudos. Os treinos da TennisSquare me ajudaram bastante, treinamos muita movimentação, saque e voleio. A motivação e apoio dos treinadores, André Watanabe, Fernando Lima e o Diego Ganan, foram  muito importantes ao longo dos dois anos que treinei lá”, explicou Carol.

Táles Miranda vai estudar na Carolina do Norte, na Universidade Lenoir-Rhyne University, no curso de Engenharia. ”Estou muito animado com esta nova conquista e com tudo que vem pela frente. Será uma grande oportunidade, estou muito feliz. Também espero voltar nas férias para treinar na TennisSquare e matar as saudades dos amigos”, finalizou.

 

Karue Sell saiu de SC para se formar nos EUA, ser destaque e liderar equipe da Universidade da Califórnia

Karue Sell 1O catarinense Karue Sell viajou o Brasil e o mundo jogando tênis, com destaque como juvenil, e chegou a ocupar o posto nº 33 do ranking da ITF.

Em 2012, uma possibilidade que sempre considerou, surgiu, com a chance de jogar o circuito universitário norte-americano de tênis, por uma prestigiada Faculdade na modalidade.

Deste então, o brasileiro acumulou o conhecimento acadêmico e também muitas conquistas nas quadras, chegando a ser o capitão da equipe e ajudando os companheiros em conquistas importantes, além de treinar com nomes como Pete Sampras, Andy Roddick, Tommy Haas e Grigor Dimitrov.

Recém-formado, Karue é mais um que não se arrepende da escolha e que pretendo continuar trabalhando nos Estados Unidos, aproveitando as oportunidades que a experiência lhe proporcionou.

Confira como foi nossa conversa com ele.

Quando e como surgiu a oportunidade de ir para os EUA?

Eu sempre considerei  o tênis universitário. Eu sabia dos desafios da vida de tenista profissional e, quando estava com 17 anos, não me senti totalmente preparado fisica e mentalmente para o circuito da ATP. Com meus resultados no juvenil, eu sabia que conseguiria uma bolsa na maioria das faculdades, mas quando tive a oferta da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), não tive duvidas que viria jogar aqui.

Em qual lugar você nasceu e morava aqui no Brasil? Como era sua vida jogando tênis aqui?

Eu nasci em Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina. A partir dos meus 11 anos, comecei a treinar em Itajaí, no Itamirim Clube de Campo, no centro de treinamento comandado por Ivan Kley e Patricio Arnold. Aos 14 anos, me mudei pra Itajaí, para poder treinar mais vezes por semana, 5 a 6 dias. Desde meus 11 anos, viajei bastante pelo Brasil para torneios e a partir dos 15 comecei a viajar mais internacionalmente. Nos meus últimos anos de juvenil, viajei bastante para torneios internacionais, então tive que fazer meu último ano de colegial online. Foi bastante movimentado, treinos, estudos viagens, mas sempre curti.

Qual foi a universidade escolhida? O que você cursou?

Eu terminei meus quatro anos de estudos e tênis há duas semanas. Me formei em Economia and Desenvolvimento Geográfico.

Qual era a sua expectativa quando partiu para os EUA?

Minha expectativa foi realmente para desenvolver meu tênis. A UCLA é uma das principais faculdades em termos de tênis e o programa é um dos melhores do país, sempre rankeado entre os 4 primeiros dos Estados Unidos. Queria melhorar minha técnica e meu físico nesses quatro anos, e ao mesmo tempo conseguir uma educação que me proporcionaria outras oportunidades além do tênis. No tênis de hoje se leva bastante tempo para amadurecer como jogador, e poder estudar e jogar tênis de qualidade foi a melhor opção.

Quais foram as principais dificuldades? Já sabia falar inglês fluentemente?

Confesso que não tive muitas dificuldades. Já falava inglês fluentemente, então língua nunca foi o problema. A maior dificuldade mesmo foi me adaptar a rotina de aulas, provas e horas de estudo, e ao mesmo tempo treinar, jogar torneios, descansar. É uma rotina bem longa, mas uma vez que me adaptei, não tive muitos problemas com mais nada.

Você teve algum apoio de alguma instituição para essa empreitada?

Tive sim. Eu contratei a MC Graduation, coordenada pelo Mauricio Cabrini. Os trabalhos deles foram essenciais para minha vinda para UCLA e eu devo muito a eles. Eles fizeram um trabalho incrível e eu recomendo a todos.

Você vem se destacando no circuito. Quais foram seus principais resultados?

Eu acabei de terminar minha carreira universitária. Cada atleta pode jogar 4 anos pela faculdade. Nesses meus quatro anos, tive uma carreira ótima, sempre fiz parte do line-up em simples e duplas. Terminei minha carreira com 104 vitórias de simples e 90 de duplas. As 104 vitórias me colocam no top 10 em jogadores com mais vitórias pela UCLA desde 1980.

O que eu mais me orgulho realmente foram meus resultados durante os dual matches, que são as partidas de faculdade contra faculdade, que é o que realmente importa. Nos meus quatro anos, ganhei 78 partidas e terminei empatado em primeiro lugar com maior número de vitorias em dual matches na História da faculdade. Também fui capitão do time no meus últimos dois anos

Resultados do time – Finalistas do NCAA champioship na temporada 2012-2013, campeões da nossa conferência (PAC-12) em 2013, 2014 e 2016.

Karue Sell - capitão peq

Além do tênis, o que você faz atualmente?

Como eu acabei de terminar a faculdade, estou tirando um tempo para mim. São quatro longos anos e quero tirar um tempo para avaliar minhas opções. Não planejo voltar para o Brasil, então no momento estou no processo de mudar meu visto para poder ficar aqui por mais um ano, até eu decidir em qual direção irei.

Você pretende seguir trabalhando com o tênis ou pretende fazer outra coisa?

No momento estou trabalhando com tênis sim, dando aulas e jogando torneios. Aqui nos Estados Unidos, tênis é muito bem visto e é uma ótima maneira de conseguir ser financeiramente independente por um tempo. Estou pensando em tentar uma carreira como treinador no tênis universitário, porque é uma experiência muito legal, poder estar na quadra durante jogos e é muito divertido, mas vou manter minhas opções abertas. Também penso em trabalhar em áreas relacionadas ao esporte, pois esportes sempre fizeram parte da minha vida e não sei se posso excluir essa parte.

Você recomenda a experiência de jogar nos EUA aos jovens?

Eu recomendo muito a jovens tenistas que considerem essa experiência. É um clichê, mas foram os melhores 4 anos da minha vida e qualquer outra pessoa que jogou tenis universitário vai falar o mesmo. Você aprende muito, amadurece, melhora como tenista e como pessoa, e a experiência abre muitas portas para o futuro. Confesso que é até um pouco triste quando acaba, porque passa tão rápido. Parece que foram alguns dias atrás que eu cheguei aqui e num piscar de olhos, eu acabei, mas não me arrependo de nada e tenho muito orgulho de ter feito parte de uma faculdade de tanto respeito quanto a UCLA e de ter deixado minha marca como tenista aqui.

Como moro em Los Angeles, muitos tenistas profissionais treinam na nossa faculdade durante o ano. Tive o prazer de treinar com nomes como Pete Sampras, Grigor Dimitrov, Tommy Haas, Mardy Fish, James Blake, Jack Sock, e Andy Roddick. Foi muito legal ter a experieência de jogar com tenistas desse calibre e é algo que vou me lembrar pelo resto da vida.

Brasileiros se destacam em ranking universitário nos Estados Unidos

Luisa StefaniUma lista divulgada nesta semana nos EUA, pelo Universal Tennis Ranking – um sistema de ranking que abarca jogadores de todo o mundo, em 16 níveis diferentes dos iniciantes ao profissionais, com base em resultados dos jogos reais sem levar em conta idade, sexo ou onde os jogos são disputados – destacou o bom desempenho dos brasileiros no tênis universitário, com 10 nomes no masculino e 10 no feminino, com Karue Sell e Luisa Stefani liderando a lista.

Há muitos anos, vem sendo cada vez mais frequente a presença de jovens tenistas brasileiros nas universidades norte-americanas, aproveitando oportunidades e optando pelo circuito de tênis universitário no país, com a chance de uma boa formação acadêmica, jogando tênis em alto nível.

Nos últimos anos,  incentivados por instituições como Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, e da Fundação Lemann, reconhecida por auxiliar tenistas, entre outros, a irem para os Estados Unidos jogar o circuito universitário em várias modalidades esportivas, a presença de brasileiros nos Estados Unidos vem aumentando de forma considerável e alguns estão ganhando reconhecimento.

Vale conferir os brasileiros de maior sucesso nas quadras universitárias norte-americanas no momento. Além dos nomes destacados abaixo a lista também reconheceu o desempenho de Gabriel Freidrich, Guilherme Hadlich, Hugo Dojas, Osni Junior, Mateus Silva, Kenny Brasil e Ramon Simonetti entre os meninos. Além de Ingrid Gamarra Martins, Mariana Humberg, Samantha Czarniak, Juliana Cardoso, Sophia Chow, Duda Santos e Luisa Gerstner Da Rosa entre as meninas.

Karue Sell

Chegou a ser 33º do mundo como juvenil, mas faz mesmo sucesso defendendo a Universidade da Califórnia, sendo da equipe desde 2013, chegando a ser nº 6 do circuito.

Nos seus quatro anos nos EUA, Sell venceu mais de 20 jogos de simples em cada temporada, com destaque para o retrospecto em 2013, de 27 vitórias e 3 derrotas em simples, sendo 31-8 no geral, ganhando menção honrosa em duas oportunidades.

Felipe Soares

Defende a Texas Tech e, além do sucesso nas simples, inclusive com vitória sobre o ex-top 10 juvenil britânico Cameron Norrie, que já ganhou um Future como profissional, faz também muito sucesso nas duplas, ao lado do também brasileiro Hugo Dojas. Na temporada passada, os dois foram vice campeões de duplas do circuito e atualmente os dois formam a 10ª melhor dupla no ranking, sendo que Soares é o 18º no ranking de simples.

Rogério Ribeiro

Defende a East Tennessee State e tem tido um sucesso frequente nos Estados Unidos, fechando o ano passado com um retrospecto de 39 vitórias e 14 derrotas, sendo 10 vitórias seguidas nos 10 últimos jogos, todos em sets diretos.

Luisa Stefani

Defende a Pepperdine University e, na pré-temporada, ela foi escolhida como a nº 5 entre as calouras e é atualmente a nº 6 de simples, o que lhe deu vaga para o campeonato NCAA que vai ser realizado neste mês de maio. Como profissional, vale destacar que Luisa, antes de seguir para os EUA, chegou a vencer um set da então top-100 israelense Julia Glushko, no quali do Rio Open, em 2014, e mora em solo norte-americano desde 2011, treinando na Saddlebrook Tennis Academy, como nesta matéria que fizemos com ela.

Aline Garcia

Defende a Winthrop University e na maior parte dos seus quatro anos foi a nº 2 do ranking na Carolina do Sul, chegando a ficar em 1º em alguns momentos. Na atual temporada, acumulou um retrospecto de 20 vitórias e 5 derrotas em jogos de simples, sendo um importante membro da equipe da sua universidade.

Lara Soares

Defende a Southwest Baptist University e é uma das calouras de maior destaque, vencendo até o momento as 19 partidas de simples que disputou, perdendo apenas três sets no total e fechando as parciais em 6/0 ou 6/1 em 24 oportunidades. Com a alemã Christina Zentai, tem 19 vitórias em 20 jogos e foi nomeada pela Mid-America Intercollegiate Athletics Association como atleta da semana em 28 de março.

Gustavo Zanette, um dos desbravadores no circuito universitário dos EUA, virou sócio de grande empresa no Brasil

Gustavo ZanetteGustavo Zanette pode ser considerado um desbravador. No início dos anos 2000, o baiano de Salvador recebeu uma oportunidade única de estudar nos EUA, jogando o circuito de tênis universitário, ainda em um tempo em que apoio logístico e financeiro praticamente não existia.

Depois de se formar em jornalismo na Winthrop University, Gustavo continua atuando na área, sendo sócio do Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, ajudando outros jovens que querem realizar esse sonho, conseguindo uma boa formação e jogando em alto nível.

Confira um pouco mais da sua trajetória!

Quando e como surgiu a oportunidade de ir para os EUA?

Estava jogando um torneio no Club Med, na Ilha de Itaparica, e um amigo que estava no torneio também (ele já fazia faculdade nos EUA e estava de férias no Brasil) começou a me falar sobre a oportunidade, sobre a experiência dele lá e pouco mais de um ano depois desembarquei na Carolina do Sul. Lembro até o dia, 17/08/2000.

Em qual lugar você nasceu e morava aqui no Brasil? Como era sua vida jogando tênis aqui?

Sou de Salvador, onde comecei a jogar tênis, no Costa Verde Tênis Clube (na escolinha do Carlos Boar Matos, pai do Carlos Eduardo Matos, atual treinador do Thiago Monteiro lá na Tennis Route). Joguei o circuito juvenil no Brasil até os 18 anos, também jogava torneios por idade e classe na Bahia (Também treinei na Winner Tennis, com o Ary Godoy e no Baiano de Tênis, com o Carlos Abreu, o Xuxo). Não tinha muita ambição em ser jogador profissional, jogava porque gostava muito de estar na quadra. Quando terminei o ensino médio (uma curiosidade aqui, eu era da mesma sala que a Claudia Leitte, risos), entrei na faculdade em Salvador e comecei a jogar cada vez menos. Por sorte, aconteceu esse torneio no Club Med e acabou dando tudo certo.

Qual foi a universidade escolhida? O que você cursou ou está cursando?

Estudei na Winthrop University, no estado da Carolina do Sul. Era uma universidade da divisão 1 da NCAA, com uns seis mil alunos. Me formei em jornalismo, com uma especialização em espanhol.

Qual era a sua expectativa quando partiu para os EUA?

Para falar a verdade, não tinha ideia do que me esperaria nos EUA. A época era de internet discada, não havia youtube, whatsapp, nada disso. Só sabia que jogaria muito tênis e que faria parte de um time, algo que era novidade para mim.

Quais foram as suas principais dificuldades? Já sabia falar inglês fluentemente?

Já falava inglês, não tive muita dificuldade nessa parte. Minha principal dificuldade foi com as diferenças culturais entre americanos e brasileiros. Como lá nos EUA a maioria das pessoas tem a questão da iniciativa muito mais estimulada que os brasileiros, falando de uma forma geral, penei um pouco para entender que eu é quem deveria correr atrás de tudo sozinho, tanto para resolver meu problemas como para “cavar” oportunidades. No fim das contas, me adaptei tão bem que acabei ficando nos EUA por 8 anos. Trabalhei na equipe de assessores de imprensa da própria universidade por mais quatro anos.

Você teve algum apoio de alguma instituição para essa empreitada?

Na época não existia nada disso.

O que você faz atualmente?

Sou sócio da Daquiprafora há 5 anos e sou responsável da área esportiva da empresa. Todos os atletas da Daquiprafora passam por avaliação minha atualmente.

Você pretende seguir trabalhando nessa área?

Trabalhar com jovens é algo bastante gratificante e participar de um momento importante da vida de muitos deles é o que mais me motiva a seguir nessa área. Já vi muitos e muitos meninos tornarem-se executivos, empresários, funcionários importantes de empresas e isso não tem preço para mim.

Você recomenda a experiência de jogar nos EUA aos jovens?

Acho que a universidade americana pode dar ao jovem brasileiro um ótimo retorno para os muitos anos investidos no esporte, pois pode haver bastante redução de custo com uma bolsa esportiva. Além disso, o sistema de ensino americano tem muito a ensinar aos adolescentes brasileiros, sem contar na ótima oportunidade deles poderem conciliar os estudos com o tênis de alto rendimento. Hoje em dia, só consegue-se isso no Brasil com a universidade online. Fazer faculdade nos EUA foi provavelmente a melhor coisa que fiz na vida, algo que mudou minha vida e a vida de minha família. Conheci minha esposa nos EUA, fiz amigos – de muitos países do mundo – para toda a vida, aprendi bem dois idiomas e ainda mantive aberta a chance de morar novamente nos EUA, caso ainda queira. Realmente não poderia esperar muito mais da minha experiência por lá.

Do RJ para os EUA: Uma palestra que mudou o rumo de Patrick e mostrou a oportunidade do tênis universitário

Patrick Oliveira peqNascido e criado na comunidade da Gardênia Azul, no Rio de Janeiro, Patrick Oliveira sempre foi “fominha” por tênis, esporte que começou a jogar por influência do pai, professor de tênis.

Depois de competir por anos, desde muito pequeno, nos torneios estaduais, Patrick teve a oportunidade de assistir uma palestra que mudou o seu rumo de vida. Apaixonado pelo projeto apresentado naquela oportunidade, de jogar o circuito universitário norte-americano, decidiu embarcar nesta jornada, com o apoio do Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, e da Fundação Lemann, reconhecida por auxiliar tenistas, entre outros, a irem para os Estados Unidos jogar o circuito universitário em várias modalidades esportivas. E garante: “Foi a melhor escolha que já fiz na minha vida.”

Confira um pouco da sua História!

Quando e como surgiu a oportunidade de ir para os EUA?

A oportunidade de ir para os EUA surgiu no final de 2013, quando em uma palestra, no Rio de Janeiro conheci o Felipe Fonseca e a Leticia Cunha (ambos do Daquiprafora). Sempre tive a ideia de estudar e jogar nos EUA, mas ainda não tinha certeza. Essa dúvida mudou depois da palestra, quando me apaixonei pelo projeto e tive certeza de que era isso o que eu queria fazer.

Em qual lugar você nasceu e morava aqui no Brasil? Como era sua vida jogando tênis aqui?

Eu nasci e cresci no Rio de janeiro. Comecei a jogar tênis por influência do meu pai, que é professor de tênis. Desde pequeno sempre fui muito “fominha” pelo tênis. Sempre adorei passar horas e horas na quadra. Comecei a competir com 10 anos, nos torneios estaduais, que aconteciam toda semana, e com o tempo fui elevando o nível dos torneios.

Eu fui criado na Gardênia Azul e morei lá até meus 15 anos, quando me mudei para os alojamentos da Tennis Route (academia de tênis no Rio de Janeiro). Dessa maneira, eu ficava bem mais próximo do treinamento e evoluí muito meu tênis treinando dois períodos.

Qual foi a universidade escolhida? O que você cursou ou está cursando?

A universidade escolhida foi a Augusta University onde estou cursando Business Management. Desde o primeiro dia me apaixonei pelo campus, que tem uma estrutura fora do normal. Um local onde eu posso me desenvolver tanto no esporte quanto no acadêmico, com suporte em tudo o que eu precisar. Georgia (local da universidade) é uma cidade com muita tradição no golf. É uma cidade tranquila e com muita natureza, que foi um dos fatores que me fez vir pra cá.

Qual era a sua expectativa quando partiu para os EUA?

Nunca tinha visitado os EUA antes e só tinha uma ideia como era tudo pelos filmes e pelo que os meus amigos me falavam. Desde o primeiro dia, me encantei por toda a infraestrutura e cultura do lugar. Minha expectativa era de dar o meu máximo nos estudos e nas quadras, para que eu possa garantir o meu futuro.

Como foi a saída do Rio de Janeiro e a chegada nos Estados Unidos?

A saída de casa foi difícil pelas responsabilidades a mais e pelo fato da minha mãe não ter concordado no começo, pela saudade, mas no final ela entendeu que isso era bom pro meu futuro.

Quais foram as principais dificuldades? Já sabia falar inglês fluentemente?

A principal dificuldade foi o impacto da língua. Vim para cá com um bom nível de inglês, mas você só vê isso mesmo quando coloca em prática com os nativos. Tive muita dificuldade nas aulas do primeiro semestre, quando não entendia algumas coisas nas aulas e pelo nível acadêmico que é bem forte. Depois de um semestre de muito estudo e prática, meu inglês evoluiu bastante.

Você teve algum apoio de alguma instituição para essa empreitada?

Tive o apoio da Daquiprafora e da Fundação Lemann, que bancaram e me orientaram em todo o meu processo de ida ao EUA. Serei eternamente grato por tudo o que eles fizeram e ainda fazem por mim, em busca do meu sonho. Com certeza, eles mudaram a minha e a vida de muitos outros atletas e estudantes que sonham em vir para os EUA. Além deles, durante muitos anos tive ajuda de amigos pessoais e da academia Tennis Route, no Rio de Janeiro, que é um dos melhores centro de treinamento do Brasil, que também foram muito importantes nessa caminhada.

Além do tênis, o que você faz atualmente?

Além do tênis, eu estudo, administrando todo o meu tempo entre aulas e treinos com o apoio da faculdade.

Você pretende seguir trabalhando com o tênis ou pretende fazer outra coisa?

No futuro, eu pretendo me desenvolver e criar uma ótima carreira numa empresa de negócios.

A experiência de jogadores profissionais que chegaram a jogar o circuito universitário, como o John Isner e Mike Bryan, serve de inspiração?

Muitos jogadores que hoje estão hoje no topo mundial estudaram e jogaram em faculdades americanas e eu acho isso muito motivador pelo fato de que eles graduaram em ótimas faculdades e, ao mesmo tempo, conseguiram manter o nível alto de tênis pelo nível das ligas, mostrando que é possível fazer as duas coisas muito bem, o que não é possível no Brasil. Quero seguir os passos desses jogadores.

Você recomenda a experiência de jogar nos EUA aos jovens?

Recomendo e muito a vinda de jovens ao EUA. Vivendo em um país de primeiro mundo, conhecendo pessoas do mundo todo e conhecendo como cada cultura pensa. Além de poder conciliar o tênis com os estudos. Com certeza, foi a melhor escolha que já fiz na minha vida.

Ex-top 30 juvenil, Gabriel Friedrich joga e estuda nos EUA, mas ainda sonha ser profissional

Gabriel Friedrich peqNascido em Florianópolis, Gabriel Friedrich se mudou aos três anos de idade para Santa Maria (RS), onde começou a jogar tênis, dando seus primeiros passos, que resultaram em um tenista juvenil muito bom, que chegou a ser o 28º do ranking da ITF, em 2012, quando tinha 18 anos. Logo em seguida, como era de se esperar, tentou emplacar no circuito profissional.

Em 2013, jogou Futures, inclusive na Europa, e chegou às quartas de final de um deles, seu melhor resultado. Porém, uma lesão no joelho mudou todo o rumo da carreira de Gabriel, que viu uma antiga oportunidade chegar novamente e, dessa vez, ele aproveitou, indo cursar uma faculdade e jogar no circuito universitário dos Estados Unidos pela University of South Carolina (USC), onde é treinado pelo brasileiro Josh Goffi, eleito em 2013 o treinador do ano da Conferência Sudeste e filho do renomado treinador brasileiro Carlos Goffi, que trabalhou com jogadores como John e Patrick McEnroe.

Porém, ele gosta de ressaltar que não desistiu do seu sonho: “Meu sonho é me tornar um tenista profissional e vou seguir sonhando depois que eu me graduar”, afirma o jovem de 21 anos, que busca seguir os passos de jogadores como John Isner, Bob Bryan, Kevin Anderson e James Blake, que tiveram sucesso no circuito depois de passarem alguns anos na universidade.

E o jovem catarinense já começa a ganhar destaque. Em 2015, no seu primeiro ano, Gabriel venceu o USTA Collegiate Clay Court, na Disney Tennis.

Confira um pouco da sua trajetória.

Quando e como surgiu a oportunidade de ir para os EUA?

A oportunidade de jogar nos EUA sempre esteve presente. Quando eu estava jogando os Grand Slams juvenis em 2012, tive várias propostas para jogar em grandes faculdades dos EUA, mas eu não estava interessado naquele momento, meu foco era seguir a carreira no profissional. Em 2013, depois de uma gira na Europa que eu considero que foi boa, acabei sofrendo uma lesão no meu joelho direito. Acabei optando por fazer cirurgia, fiquei alguns meses parado e, quando voltei, na minha primeira gira de torneios, não tive os resultados esperados. Percebi que estava um pouco atrás em nível de alguns atletas da minha idade, então decidi fazer uma mudança na minha vida que foi ir para os EUA.

Qual foi a universidade escolhida? O que você está cursando?

Tive várias propostas, mas acabei optando pela University of South Carolina (USC). Estou cursando Business e no outono de 2015 foi meu primeiro semestre jogando no circuito universitário.

Qual era a sua expectativa quando partiu para os EUA?

As expectativas eram grandes, principalmente melhorar em aspectos do meu jogo que eu tenho dificuldade. Aqui me tornei uma pessoa muito mais madura, pois tenho que lidar com todas as minhas responsabilidades, como o tênis e a universidade, como outras coisas comuns do dia a dia que meus pais tomavam conta, mas que agora eu tenho que lidar por estar morando aqui.

Quais foram as principais dificuldades? Já sabia falar inglês fluentemente?

Tinha uma boa base no inglês, achei que falava melhor do que eu realmente falava (risos). Mas a transição foi muito boa. Meu irmão (Felipe Friedrich) jogou no circuito universitário e estava morando nos EUA ainda quando eu decidi vir, então ele me ajudou bastante. Ter um teammate brasileiro (Thiago Pinheiro) também ajudou muito na adaptação, assim como meus técnicos e teammates sempre me apoiaram e me ajudaram a me sentir em casa.

Você pretende seguir trabalhando com o tênis ou pretende fazer outra coisa depois de formado?

Meu sonho é me tornar um tenista profissional e vou seguir sonhando depois que eu me graduar. Se não der certo, terei um diploma e poderei procurar um trabalho.

Você recomenda a experiência de jogar nos EUA aos jovens?

Recomendo e muito, foi a melhor decisão que já tomei na minha vida até agora. Por mais que eu gostasse do meus treinos no IGT (Instituto Gaúcho de Tênis) em Porto Alegre, a experiência do college é muito válida. No Brasil, é muito complicado se jogar em alto nível por todas as dificuldades que encontramos. Aqui, além de jogar em um altíssimo nível, estou adquirindo conhecimento nas aulas o que, consequentemente, se transfere para meu jogo também.

A Tennis View incentiva o tênis universitário norte-americano, pra onde muitos brasileiros já foram com a ajuda do Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, e da Fundação Lemann, reconhecida por auxiliar tenistas, entre outros, a irem para os Estados Unidos jogar o circuito universitário em várias modalidades esportivas.

Foto: Manuela Davies/Disney Tennis