As lesões no tênis são muito frequentes, tanto em tenistas amadores quanto em profissionais. O impacto que uma lesão pode causar num profissional pode ser percebido pelo tempo que alguns destes atletas permaneceram afastados das quadras, como exemplo mais recente temos o Nadal – sete meses afastado. Atletas amadores também sentem na pele os efeitos do afastamento, como o mau humor no trabalho por não poderem utilizar momentaneamente sua válvula de escape para o estresse diário.
O custo que as lesões acarretam para estes atletas é imenso e a melhor forma de tentar diminuir este custo é a prevenção.
Apesar de ser um tema muito debatido e estudado recentemente, prevenir lesões esportivas é um tema muito polêmico e difícil de ser realizado.
A abordagem preventiva em tenistas começa com a análise dos fatores de risco extrínsecos e intrínsecos das lesões no tênis.
Os fatores extrínsecos são muito relevantes e abordam situações como:
- Condição da quadra: quadras úmidas após uma noite de chuva aumentam o risco de escorregões e quedas, enquanto que quadras velhas e esburacadas que apresentam irregularidades no piso propiciam uma maior chance de entorses de tornozelo;
- Clima: o frio é um grande vilão do aquecimento corporal, onde os atletas precisam de um cuidado extra com pré-aquecimento para conseguir treinar adequadamente. O calor extremo também é um grande problema, pois com ele os atletas tendem a desidratar de forma acelerada levando a sintomas de cãibras ou até hipertermia;
Material esportivo inadequado: o calçado inapropriado pode ser um fator relevante para entorses de tornozelo, impacto excessivo e quedas em quadras. O estado das raquetes, das cordas e das bolas, pode influenciar diretamente na sobrecarga de músculos e tendões do membro superior e o tipo de raquete (tamanho da cabeça e do cabo, equilíbrio do peso) também pode ser um fator preponderante de lesões no membro superior.
- Horas de jogos/treinos por semana: quanto maior a exposição nas quadras maior a chance de lesão. Importante para atletas que aumentam bruscamente a frequência de jogos durantes as férias e feriados, pois o corpo destes tenistas não está preparado para tal sobrecarga;
Os fatores de risco intrínsecos abordam situações como:
- Idade: quanto maior a idade maior a chance de lesões musculares;
- Lesões prévias: sempre um fator de risco para lesões musculares, lesões em tornozelo e joelho;
- Desequilíbrios musculares: notadamente um fator de risco para lesões do ligamento cruzado anterior e disfunções patelofemorais no joelho além de lesões tendíneas e musculares de membros inferiores e superiores;
- Técnica inadequada: o maior exemplo é a execução do backhand atrasado que gera grande sobrecarga no cotovelo podendo levar ao tennis elbow, mas também podemos citar a técnica pobre para execução do saque que pode gerar sobrecarga tanto no ombro quanto na coluna;
- Fadiga: o músculo fadigado apresenta maior lentidão no tempo de reação muscular além de não conseguir exercer a mesma quantidade de força que um músculo descansado;
- Aquecimento insuficiente: fator conhecido para lesões musculares
- Déficit de amplitude de movimento: podemos citar o déficit de rotação medial do ombro e de adução do quadril com fatores de risco de lesões das respectivas articulações.
Além dos cuidados com os fatores de risco a prevenção de lesões do tênis pode utilizar-se de programas de exercícios preventivos que envolvem uma série de atividades que visam à melhora do:
Equilíbrio e da propriocepção
Controle motor e do gestual esportivo
Existem uma grande quantidade de exercícios preventivos que podem ser elaborados por fisioterapeutas especialistas em esporte e o ideal é consultar um especialista para o desenvolvimento destas atividades de uma forma correta.
Vale lembrar que todos estes programas têm como conceito reduzir o número de lesões, contudo, todas as semanas recebo em minha clínica tenistas que buscam a seguinte proposta: Vamos fazer um treinamento para que eu não tenha mais lesões !! – Isto é inviável, pois, quanto mais se pratica tênis maior a chance de sofrer lesões. O ideal é estar bem preparado e atento para reduzir estas chances.
Grande abraço a todos!
Marcelo Bannwart Santos
Fisioterapeuta
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE)
Fisioterapia Mobilità
http://mobilitafisioterapia.blogspot.com.br/
marbannwart@yahoo.com.br