Técnica da ITF, Roberta Burzagli acredita que brasileiros devem interagir com tênis europeu cada vez mais cedo

Roberta - Itaú peqRoberta Burzagli é uma técnica respeitada no Brasil e no exterior, integrando há dez anos o quadro da ITF (Federação Internacional de Tênis) em um programa que reúne e treina atletas de países subdesenvolvidos no tênis por alguns períodos durante o ano, visando, além da melhoria do jogo, um contato maior com as maiores potências do esporte no mundo.

Neste final de semana, ela está disputando a etapa carioca do Itaú Masters Tour, no Clube dos Caiçaras, na Lagoa, e falou um pouco sobre a sua atividade, além do lugar atual dos juvenis brasileiros no cenário mundial.

Neste ano, por nove semanas entre Roland Garros e Wimbledon, Luisa Stefani foi a brasileira presente no grupo, sendo a semifinal de duplas em Roland Garros o seu melhor resultado, elogiado por Roberta:

“Foi um bom resultado. Ela joga muito bem e é uma menina que tem muito potencial, muito esforçada, talentosa…eu acredito muito nela. Quando ela ficar mais madura, vai jogar muito bem.”

Porém, a realidade brasileira e sul-americana, segundo Roberta, não é a mais positiva quando comparada às principais potências:

“Em geral, o tênis jogado na América do Sul é muito antigo. Principalmente no feminino, pois as europeias jogam muito mais em cima da linha, batendo muito mais reto, pegando a bola dentro da quadra, de cima pra baixo. Isso também acontece um pouco no masculino. Esse tipo de jogo faz você roubar tempo do adversário, pois pega a bola antes. É um tênis mais agressivo que o sul-americano, que ainda joga aquele tênis mais no fundo da quadra, pegando a bola mais embaixo e dando mais tempo para o adversário se posicionar na quadra”

Sendo assim, uma solução apresentada por Roberta é exatamente essa integração maior com os países que apresentam melhores desempenho, especialmente na Europa:

“Por isso acho muito importante que o tenista brasileiro vá o mais cedo possível para a Europa, assim como os técnicos, para que eles vejam como o tênis é jogado lá, que é o berço e de onde vem os melhores jogadores. Implantar uma nova metodologia no Brasil é difícil, pois isso representaria uma mudança na forma de jogo e dificilmente isso seria bem aceito até mesmo pela grande quantidade de erros no início que poderia acontecer. Infelizmente, estamos alguns passos atrás.”

Agora, a expectativa é pelas semanas que a equipe vai passar nos Estados Unidos. Luisa Stefani, mais uma vez, estará presente:

“A gente faz um trabalho muito mais tático nestas semanas. Trabalho técnico é mais a movimentação de pernas. O objetivo da ITF é dar chance ao atletas talentosos para ter esse contato e evolução do jogo. Muitas vezes, a questão não é financeira, mas sim de manter essa equipe junta, criando uma competitividade e elevando o nível de jogo, que é muito alto na Eropa. A nº 1 juvenil do mundo no ano passado, a (Belinda) Bencic, suíça, já é 62 do mundo na WTA esse ano. Uma chave de Grand Slam juvenil feminino é muito forte, com pelo menos um terço da chave entre as 200 melhores da WTA”

Mas tudo isso, segundo Roberta, deve ser feito com calma. Ela afirma que  jogar juvenil é muito importante para o desenvolvimento do jovem como jogador:

“Acho muito importante que os jogadores joguem juvenil para não queimar etapas e que tenham a pressão de ganhar os jogos para trabalhar ainda mais o aspecto psicológico”

Finalizando, Roberta reforça a importância de ter esse contato com o tênis europeu comparando até mesmo algumas competições profissionais e juvenis:

“Algumas meninas vencem um torneio de US$ de 10 mil aqui na América do Sul e acham que está tudo bem. Não é verdade. Muitas competições juvenis na Europa são muito mais fortes”, afirmou.

Foto: João Pires