A Copa Davis como nós conhecemos acabou. Surge uma nova competição.

Princípio de 1997, Copa Davis, Brasil e Estados Unidos em Ribeirão Preto. Brasil ainda liderado por Paulo Cleto. Guga ainda não tinha vencido Roland Garros. Os Estados Unidos eram os todos poderosos do tênis. Agassi viria ao Brasil. Não veio, mas o confronto não perdeu a importância, com Jim Courier presente.
Escolhemos aquele evento para lançar a Tennis View.


Que ambiente foi criado na terra de Roberto Jábali. Um calor de derreter sola de tênis – literalmente – a imprensa estrangeira presente, mas principalmente muito, muito público.
Não foi a minha primeira experiência em Copa Davis, mas uma das mais marcantes.
Já trabalhava com o Guga, embora não full time e lá estava eu fotografando, escrevendo releases e lançando a Tennis View.
Essa situação hoje não aconteceria mais.
A Copa Davis que assim conhecemos, morreu.
Nasce uma outra competição, aprovada hoje em eleição na Assembléida ITF, em Orlando, que pretendem continuar chamando de Copa Davis, a Copa fundada por Dwight Davis 118 anos atrás, mas que perdeu o espírito de confrontos em casa e no terreno do adversário.
Confrontos que traziam estrelas que jamais imaginávamos ver por aqui, para competir.
Na Era Guga, vimos Courier, vimos Lleyton Hewitt e Patrick Rafter (lembram da Davis em Floripa?), vimos os franceses de Guy Forget, um Robin Soderling top 10 e muitos outros.
E isso acontecia em outros países sem Grand Slam ou Masters 1000 onde a presença das maiores estrelas do tênis mundial é rara.


Muita gente teve o primeiro contato com o tênis numa dessas Davis.
Emoções que perspiravam em uma Davis, não acontecerão novamente.
Lembro de entrevistar muito tenista em começo de carreira e deles dizerem que o sonho era representar o Brasil na Copa Davis.
Não acho que o sonho exista mais. A Davis por aqui, há muito tempo no Zonal Americano, não atrai tanta atenção.
Os tenistas talvez nem saibam o que é a emoção de jogar em uma arena lotada, enfrentando os melhores do mundo na sua casa.
Talvez nem se interessem mais.
O mundo mudou. O tênis mudou e o formato que existirá até o fim deste ano era inviável de ser mantido.
Com tanto dinheiro em jogo, o esporte cada vez mais profissional, se dedicar 4 semanas do ano a esta competição, ano após ano, era difícil e muito mais quando se tinha que jogar logo depois de um Grand Slam em um outro piso e em outro continente para ainda na sequência trocar novamente de piso.
Talvez se as estrelas do circuito, o Big Four, não fossem tão essenciais para o esporte, não brilhassem mais do que o próprio esporte e tivessem tempo e energia para competir anualmente pela Saladeira de Dwight Davis, a competição como conhecemos tivesse sobrevivido.
Mas ela morreu.
É um dia melancólico.
Mas, aprendemos que devemos estar abertos a mudanças. O esporte evoluiu e por muitos anos pequenos ajustes que poderiam ter sido feitos (sempre fui a favor de dar bye para os finalistas do ano anterior, de limitar um pouco mudanças de piso, de reduzir as fases iniciais, pelo menos no 1o. e no 2o. dia par 3 sets), não foram. A Davis ficou para trás e agora talvez tenha ido para frente de mais.
Mas, temos que encarar os fatos, aceitar que a mudança ocorreu – independente da maneira que foi – e esperar para ver se vai ser bom ou não para o esporte.
A resposta é difícil, especialmente se a ATP e a ITF não se unirem para não competirem entre si.
No entanto, a única opção que temos agora é dar um voto de confiança para este novo torneio que foi criado hoje.

Saiba mais neste link sobre o novo formato da Copa Davis, ou melhor a nova competição que se chamará Davis.

Diana Gabanyi