Texto feito em comemoração aos 11 anos do título
Sempre que chega essa semana da temporada, a do Masters 1000 de Cincinnati, as lembranças daqueles dias de vitórias do Guga, vem à mente. As pessoas perguntam, como é que foi mesmo? Teve “tempestade”, ele jogou duas partidas no mesmo dia? Teve de tudo. E é uma história que vale a pena ser relembrada, todos os anos.
Duas coisas ainda me impressionam quando eu penso
no Masters 1000 de Cincinnati. A primeira é o fato de o torneio ser disputado
no meio do nada, no meio-oeste americano, ficar de verdade na beira de uma
Estrada e estar completamente lotado.
Todos nos acostumamos a chamar de Cincinnati, mas
pela cidade a gente só passa para ir e vir do aeroporto, que aliás fica em
Kentucky. É, o aeroporto de Kentucky é o mais perto da cidade de Mason, em
Ohio, onde o complexo de tênis foi construído.
O caminho do hotel, que também fica na beira de uma
estrada, ao lado de um supermercado e que tem no Applebee’s o restaurante mais
próximo, para o torneio é típico da região. Casas em meio a campos de golfe e a
plantações de milho.
A única atração à vista, entre o
hotel e o Western & Southern Financial Group tournament, é o parque de
diversões que a gente consegue ver do topo do estádio, onde também fica a sala
de imprensa.
Pelo que me contam, o complexo foi totalmente reformado e ampliado
para oferecer mais conforto aos tenistas e aos fãs. E tudo o que puder ser
melhorado, ajuda, porque é um calor e uma umidade absurda que a gente sente
naquela região. No ano anterior ao título do Guga, lembro do jogo que ele
fez com o Stefan Koubek, que teve que ser interrompido pois a umidade tinha
chegado a níveis altíssimos.
E
a outra coisa que ainda me surpreende, é olhar a chave do Guga de 11 anos
atrás. Ele teve que ganhar de Andy Roddick (ranking da época 27), Tommy Haas
(16), Goran Ivanisevic (19), Yevgeny Kafelnikov (6), Tim Henman (8) e Patrick
Rafter (7) para ser campeão em Cincinnati.
São
quatro campeões de Grand Slam e dois tenistas que estiveram muito próximos do
topo do ranking. Até hoje esse feito é histórico. Guga foi o tenista que venceu
mais tenistas tops para chegar ao título. A média de ranking de cada um foi de
13.8.
Na
noite da semifinal, uma tempestade atingiu a região, o jogo com o Henman foi
interrompido e até tentaram voltar. Mas, a tempestade havia sido forte. O entorno
do torneio ficou alagado. Lembro de ver cadeiras flutando, carros quase boiando
e como estava trovejando muito, com raios por toda parte, resolveram marcar a
continuidade do jogo para o dia seguinte.
Enquanto
isso, Rafter descansava no hotel. Ele havia jogado a semifinal na hora do
almoço e provavelmente, depois da meia-noite, quando ainda estávamos saindo do
estádio, sem o jogo terminado, ele já estava dormindo.
Lembro
que subi e desci aquela escadaria da sala de imprensa inúmeras vezes, até
decidirem o que seria feito.
Todos
já davam o título para Rafter. Guga teve pouquíssimo tempo entre a disputa do
jogo com Henman e Rafter. Quando a partida com o australiano começou eu ainda
estava acabando de mandar os press releases da vitória sobre o Henman.
Com
a tática planejada por Larri Passos executada à perfeição, Guga não deu a menor
chance a Patrick Rafter. Ouvia o técnico gritar marreta e devolvia o saque do
australiano de maneira que ia deixando o estádio todo boquiaberto.
A comemoração foi uma partida de golfe, seguida de um churrasco e
uma parada no parquet de diversões, no dia seguinte, já no caminho para
Indianápolis.
Encontrei nos meus arquivos um dos textos que escrevi sobre a conquista do título!
Diana Gabanyi
GUGA É CAMPEÃO EM CINCINNATI
Brasileiro conquistou o
terceiro título em quadras rápidas, o sexto da temporada e o 16a. da carreira
Gustavo “Guga” Kuerten é
campeão do Masters Series de Cincinnati. Com um jogo perfeito o número um do
mundo derrotou o australiano Patrick Rafter, por 2 sets a 0, parciais de 6/1
6/3 e conquistou o seu primeiro título de Masters Series em quadra rápida. A vitória
marcou a terceira conquista de Guga em quadras duras, a quinta em um Masters
Series, a sexta na temporada e a 16a. da carreira.
Para conquistar o título em
Cincinnati, Guga precisou vencer dois jogos neste domingo de muito calor no
meio-oeste americano, depois de ver seu jogo de semifinal contra o inglês Tim
Henman, interrompido no sábado à noite, devido a uma forte tempestade que caiu
na região. Guga deixou o ATP Tennis Stadium depois das 00h00min, tendo vencido
o primeiro set por 6/2 e estando perdendo o segundo por 1/5. Guga voltou à
quadra central 18 horas depois de haver iniciado o jogo com Henman e conseguiu
superar o inglês que o havia derrotado nas semifinais no ano passado, por 6/2
1/6 7/6 (4), em uma partida emocionante.
Poucos minutos depois, o número
um do mundo já estava de novo em quadra, desta vez para disputar a final da
competição e contra um adversário especialista neste tipo de piso e que já
havia sido campeão, em 1998, naquela mesma quadra.
Quente ainda do jogo com
Henman, Guga esqueceu o cansaço e partiu para cima de Rafter. O primeiro game
do jogo, foi tudo o que o australiano conseguiu fazer no primeiro set. Todos os
outros games da série foram vencidos por Guga, que ou ganhava o ponto com o seu
serviço potente ou arrasava nas devoluções de saque e passadas. Na segunda
série, o bicampeão do US Open até que tentou respirar um pouco mais aliviado,
mas apenas tentou. Na primeira oportunidade que teve, no 3/2, Guga quebrou o
saque de Rafter e administrou a vantagem para somente precisar sacar para a
vitória no 5/3. Sem titubear, Guga sacou e comemorou o seu 16o. título com o
sinal de uma “marretada” na quadra, símbolo das suas fortes devoluções de saque.
Durante o jogo, que teve a
duração de uma hora, Guga marcou oito aces, duas duplas-faltas, teve 55% de
aproveitamento do primeiro serviço, venceu 22 de 27 pontos com o primeiro saque
e ganhou 58 dos 99 pontos do jogo.
Para
chegar ao título, Guga teve que superar Andy Roddick, Tommy Haas, Goran
Ivanisevic, Yevgeny Kafelnikov, Tim Henman e por fim Rafter, que foi só elogios
ao número um do mundo. “O Guga jogou de forma superba. Ele não precisa mais
provar que não é apenas um jogador de saibro, ele joga bem em todos os pisos e
hoje eu não tive resposta para nada que ele fez.”
Por ter conquistado o troféu de
campeão em Cincinnati, Guga (Banco do Brasil/Diadora/Head/Globo.com/ Motorola)
marcou 500 pontos no ranking mundial e outros 100 na Corrida dos Campeões, em
que aparecerá também como líder amanhã.
O brasileiro viaja para
Indianápolis amanhã, onde provavelmente na quarta-feira, inicia a disputa da
competição, em que foi campeão no ano passado. O adversário será o vencedor do
jogo entre dois tenistas vindos do qualifying.