Meligeni: “Precisamos desesperadamente de união e de um rumo pro tênis”

meligeni-peqFernando Meligeni, além de ídolo do tênis brasileiro, sempre foi conhecido por uma personalidade forte dentro e fora das quadras, um lutador. E o mesmo empenho que colocava com a raquete nas mãos, que o levou à semifinal de Roland Garros, em 1999, e ao nº 25 do ranking da ATP, foi passada para sua dedicação no trabalho como comentarista depois da carreira.

Atualmente, o “Fino” é comentarista e blogueiro da ESPN, além de ser uma pessoa marcante por sua simpatia, acessibilidade e educação no trato com todos, sem deixar passar a possibilidade de demonstrar com palavras sua opinião sobre o tênis.

Em uma conversa na última quinta-feira (dia 08), durante o evento de lançamento da edição de 2017 do Rio Open, que tem como novo patrocinador a marca Fila, da qual Meligeni é embaixador, ele mais uma vez deixou claro o que pensa sobre os rumos que o tênis brasileiro está tomando e apresentou ideias que podem melhorar a qualidade do esporte que tanto ama.

Essa postura firme, por vezes, já o fez ter a antipatia de grupos políticos, inclusive ligados a Confederação Brasileira de Tênis, mas ele não deixa de expor seu posicionamento, de acordo com suas convicções, mesmo que isso contrarie aqueles que seriam responsáveis pela valorização do esporte, assim como de seus principais responsáveis: os tenistas.

“Acho meio patético ter uma confederação que não usa os atletas que fizeram o esporte. Quando a gente vai pra um cargo público, não tem muito essa história de quem eu gosto e quem não gosto. O que conta são as pessoas que são importantes pro tênis. A gente não pode esquecer do Thomaz (Koch), do Meligeni, do Jaime Oncins, do Ricardo Mello, do Saretta. É a nossa História. A gente não mora em um país em que muitos caras foram 10 do mundo.”

Uma das coisas que parecem incomodar Meligeni é justamente essa falta de reconhecimento dos órgãos que regem o tênis, enquanto os fãs do esporte continuar a enaltecer os feitos das gerações anteriores:

“Acho muito engraçado. Na rua, a molecada idolatra a gente, somos muito bem tratados pelos pais, enquanto na nossa própria entidade a gente não é. Nunca fiz nada. Pode ser que eu tenha uma postura diferente, uma visão diferente.”

Recentemente, em uma entrevista para o jornalista Alexandre Cossenza, do blog Saque e Voleio, Thomaz Koch, um dos principais jogadores da História do tênis brasileiro, relatou o fato de não ter ganhado um único ingresso para o confronto entre Brasil e Croácia pela Copa Davis, em 2015. Koch assistiu ao confronto arcando com todas as despesas, desde passagens e hospedagem, conseguindo um convite já em Florianópolis, sede dos jogos. Meligeni não deixou de opinar sobre o assunto, revelando uma tentativa que fez no passado para mudar esse tratamento com ex-jogadores:

“Eu me sinto muito à vontade pra falar sobre isso, pois quando fui capitão de Copa Davis, pleiteei isso, que um camarote em todos os confrontos teria que ser dos ex-jogadores. E fui vetado pelo mesmo presidente (Jorge Lacerda, atual presidente da CBT) que não deu a entrada pro Thomaz. 70 anos de idade, o cara mais importante do país em Copa Davis…se você não der ingresso pra ele, vai dar pra quem? Chega a ser triste ver que essa é a realidade do nosso esporte.”

Neste ano, a CBT teve um corte significativo na sua verba de patrocínio para os próximos anos, já que o contrato com o Correios acabou e a renovação foi ratificada por um valor muito abaixo do anterior. Meligeni não deixou de dar sua opinião sobre como esse investimento deve ser feito a partir de agora:

“Vai depender muito da maneira que for olhado. Não adianta der 7 milhões por ano e ir por um lado que, na visão da gente, tenista, não é o mais correto. Com todo respeito que tenho pelos tenistas (melhores ranqueados), acabaram de passar dois (Thomaz Bellucci e Thiago Monteiro passaram e cumprimentaram Meligeni), a CBT não tem que olhar eles. Ajudar eles, trocar com eles sim, mas não ajudar financeiramente. Vamos ver se agora que tem bem menos dinheiro, acho que 2 milhões por ano, olham a base. Aí é uma visão minha, não é uma crítica. Tem hora que critico. A coisa do Thomaz (Koch) eu critiquei, mas linhas de conduta é a particular. Eu tenho a minha, o Guga tem a dele, o Thomaz outra…são apenas linhas diferentes de pensamento. Agora vai ter menos dinheiro e vai ter que ser bem gasto.” afirmou.

Sobre o presidente da entidade máxima do tênis brasileiro, Meligeni fez questão de ressaltar que nem tudo pode ser olhado por um ponto de vista negativo, mas disse que Jorge Lacerda errou quando não soube se relacionar com muita gente do meio tenístico:

“Eu acho que o Jorge tem coisas legais. Não acho que tudo foi ruim. Acho que o Jorge conseguiu tirar o tênis de um grande limbo que estava na gestão anterior. Conseguiu um patrocinador muito forte, que é o Correios, conseguiu coisas boas. Acho que ele pecou muito no relacionamento. Achou muito que a CBT era dele. E essa é minha crítica a ele. E esse é um problema do político brasileiro. Nosso querido presidente do Senado acha que é o dono do Senado. O presidente da Câmara achava que era dono da Câmara. O presidente do Brasil acha que é o dono do Brasil. E não é. Dirigente da CBT não é dono do tênis. “ disse Meligeni. “Espero que o Rafael (Westrupp, presidente eleito da CBT), mude isso. Se vai pra um lado ou outro, tudo bem. E pode até errar, é normal. O que não pode é ter 50 tenistas que você não olha na cara.” completou.

O futuro do tênis parece ser uma preocupação constante do ex-jogador, que acredita na junção de forças para fazer uma mudança pra melhor no esporte do país;

“A gente precisa desesperadamente fazer uma união do tênis e ter um rumo. Eu não acho que o Brasil tenha uma plataforma, uma gestão de tênis. Acho que dá pra fazer uma gestão muito maior, uma unidade muito maior. Temos grandes nomes no tênis brasileiro, com grandes técnicos que são reconhecidos no mundo inteiro. Grandes ex-jogadores que são reconhecidos. Dá pra fazer coisa melhor.”

Por fim, Meligeni disse estar animado com a próxima edição do Rio Open, destacando o que, em sua opinião, o torneio oferece de melhor aos jogadores e amantes do esporte da bolinha amarela:

“O Rio Open está totalmente dentro do coração e do respeito do atleta. Sempre com grandes nomes, casa cheia. O tênis é bem tratado. O Rio Open trata o tênis como a gente gosta de ser tratado. Trata bem. Vai ter erros e vai ter acertos de novo, mas trata bem. Ano que vem vai fazer sucesso, com grandes nomes, como o Nishikori, e espero muita coisa boa.” finalizou.

Por Filipe de Lima Alves

Rio Open reedita parceria de sucesso com Daniel Azulay e apresenta pôster da edição 2017

poster-rio-open-2017-peqAtração à parte nas grandes competições do circuito mundial de tênis, o pôster oficial dos torneios contam sempre com renomados artistas em sua criação. Alinhada a isso, a organização do Rio Open apresentado pela Claro renovou a parceria de sucesso desse ano e convidou para a tarefa o carioca Daniel Azulay, que completa 70 anos em 2017, dando início às celebrações no maior evento de tênis da América do Sul. O artista plástico é apaixonado pelo esporte e criou a arte que dará vida não somente ao cartaz, mas a outros produtos da próxima edição do torneio.

Daniel Azulay tornou-se um ícone para a geração dos anos 1980 graças ao programa de TV Lambe-Lambe, que também tem data comemorativa em 2017, completando 40 anos. Com admiradores de várias idades, viaja o mundo expondo seu trabalho, além de ministrar palestras de arte, educação e responsabilidade social. O artista é premiado no Brasil e no exterior, inclusive com obra exposta no Louvre.

Mas o que muitos não sabem é que Azulay joga tênis frequentemente – está todos os dias nas quadras do Country Club – e é fã declarado da modalidade. Por isso, espera corresponder às expectativas dos fãs, já que a responsabilidade é ainda maior após o grande sucesso da edição anterior.

“O pôster de 2016 foi muito elogiado, agradou a todos, o que aumentou minha responsabilidade para 2017. Gosto de arriscar, de descobrir coisas novas, de utilizar várias técnicas, para sempre criar um desenho único. Para a próxima edição, usei como tema o backhand. Considero a esquerda, junto com o saque (tema de 2016), o golpe mais bonito do tênis. Ela é mais plástica, cria um gesto mais bonito que a direita e foi o que me inspirou pra a nova arte”, disse.

Lisonjeado com mais uma oportunidade de aliar as paixões pelo desenho e pelo tênis, o artista revelou algumas inspirações para o resultado final.

“Me senti no paraíso com este convite. Amo o desenho e o tênis, e ter a oportunidade de juntar os dois é magnífico. Além de utilizar as cores predominantes do saibro, tentei dar uma ideia de profundidade ao desenho. A bolinha começa menor e termina maior, proporcionando movimento também. Além disso, os atletas estão flutuando, como se fosse um balé. Procurei inserir tudo que vejo em uma partida de tênis. Espero que gostem do resultado”.

O Rio Open será disputado de 20 a 26 de fevereiro, no Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro.