A festa de Serena no US Open

A festa de Serena continua no US Open

Serena Williams ainda não se despediu oficialmente do circuito profissional. Ganhou a sua primeira rodada no US Open. Venceu a tenista de Montenegro Danka Kovinic por duplo 6/3 na noite de abertura do Grand Slam americano com mais público da história.

Diante de celebridades, da fam´ília, da filha e do marido e de fãs do mundo todo, Serena fez a festa em Nova York. Ganhou um jogo que poderia ter perdido, de tão pouco que jogou no último ano e meio. Mas fez o seu melhor com as condições que tem hoje aos 40 anos de idade, no seu 21o. US Open e vai fazer a festa continuar mais um pouco.

Desde que anunciou sua aposentadoria há pouco mais de duas semanas, em um depoimento à VOGUE, não se fala em outro assunto no mundo do tênis.

A estreia ou a despedida já tinha sido anunciada para esta segunda-feira há alguns dias. Nova York que não para, parou para saudar a 23 vezes campeã de Grand Slam.

Imagens emocionantes de Serena foram exibidas antes e depois da partida. Uma entrevista, um bate papo com Gayle King, com a fam´ília em quadra, deixaram a ocasião mais especial, assim como a presença e discurso de Billie Jean King.

O estádio todo ‘escreveu” I love Serena e a maior atleta de todos os tempos se emocionou.

Serena “abraçou” o momento, apreciou a festa e retribuiu os fãs. A festa continua na 4a feira. O jogo que poder se o último ou não será contra Annet Kontaveit, a número dois do mundo.

Até lá vamos aproveitar e celebrar a tenista que acompanhamos de perto triunfar diante de tantas adversidades. Nenhuma homenagem será suficiente para celebrar o que ela fez e o que ela representa para o esporte, para as mulheres, para Compton, para a diversidade.

Viva Serena.

Texto de Diana Gabanyi

Foto USTA Simon Bruty

US Open, no maior campeonato de tênis do mundo, tenistas são os grandes monumentos de Nova York

O US Open, o maior campeonato de tênis do mundo, começa nesta segunda, 28 de agosto. Já faz dias em New York que o tênis tomou a cidade. Hotéis, parques, vitrines de lojas, especialmente para quem está em Mid Town Manhattan, se vestem de tênis.. Este ano a USTA expandiu as ações para o SeaPort district, onde foi sorteada a chave e montaram um espaço de experiências de tênis.


Além dos eventos que aconteceram nos últimos dias em Nova York, o US Open Series, apesar de ter tido menos buzz como circuito do que quando começou há mais de década, dão ao espectador uma sensação de grandeza e fazem o público sentir a energia da metrópole mais vibrante do mundo.

Se pudéssemos fazer uma comparação entre os tenistas e os lugares emblemáticos de Nova York, o campeão de 2009, o argentino Juan Martin del Potro, apelidado de a Torre de Tandil, e que derrotou Roger Federer naquela final seria aquela imagem que se tem do Top of The Rock, do Rockfeller Center. Naquela decisão, a sua única conquista em um Grand Slam e que foi seguida de uma série de lesões e mistérios ele precisou de toda sua energia para vencer por 3/6 7/6(5) 4/6 7/6(4) 6/2 e chegar ao topo, vendo toda Manhattan de cima.

Este ano, depois de um segundo semestre de 2016 dos sonhos, em que conquistou a Davis e a prata olímpica, Del Potro pode nem chegar a ver o Empire State neste ano. O seu ano de 2017 vem sendo mais de baixos do que de altos.

Rafael Nadal, que busca neste US Open manter o seu lugar no topo do ranking mundial e voltar a triunfar na Big Apple, espera poder repetir os gestos de vibração, com os punhos cerrados em Nova York e posar para a foto de campeão ao lado do touro mais famoso de Manhattan, o de bronze que fica em Wall Street.

Em uma das melhores temporadas da carreira, em que conquistou o 10o. Roland Garros, ele deixou claro que um dos grandes objetivos para o segundo semestre era conquistar Nova York.
Cinco vezes campeão do US Open, Roger Federer tentará o sexto título, com mais chances do que nos últimos anos, apesar de uma lesão nas costas que o fez desistir do Masters1000 de Cincinnati, como uma maneira de provar para si mesmo que ainda é possível vencer três Grands Slams em um ano só e que ainda ama muito jogar tênis. A referência para ele pode ser o elegante Metropolitan Museum e suas obras de arte, para buscar inspiração e executar os seus mais belos golpes.
Andy Murray, que acabou desistindo de jogar o US Open, depois da chave ter sido sorteada, tem até uma região em Nova York com o seu nome – não em sua homenagem – a de Murray Hill, entre MidTown e Soho.
O gigante John Isner, que ficaria bem no Empire State Building, Sam Querrey, Jack Sock e a nova geração de garotos born in the USA, serão o foco das atenções dos americanos, que sonham em vê-los posar com o troféu de campeão ao lado da Estátua da Liberdade, um dos símbolos mais conhecidos dos Estados Unidos.
Os brasileiros Thomaz Belluci, Tiago Monteiro e Rogério Dutra Silva junto aos duplistas Marcelo Melo, Bruno Soares, André Sá e Marcelo Demoliner, direto nas respectivas chaves principais, convocam os conterrâneos da Rua 44 e os que estiverem em Nova York para comemorar o Brazilian Day, para torcerem em Flushing Meadows.
Em uma chave das mais esvaziadas, com tantos jogadores lesionados, Alexander Zverev, que chega pela primeira vez a Nova York como uma das sensações do tour, Dominic Thiem, Grigor Dimitrov, entre outros, terão que provar que conseguem sobreviver ao mais agitado Grand Slam do circuito e que “if you can make it here, you can make it anywhere.”Que o diga Marin Cilic, que depois do trofeu do US Open, há 3 anos, tem chegado cada vez mais perto de vencer outro Grand Slam.

Confira a programação desta 2a. feira em Nova York aqui
Diana Gabanyi

Fotos de Cynthia Lum e Martijn Verbeek

Relembrando a vitória histórica de Guga em Cincinnati

Se neste ano faltaram estrelas tops para jogar o Masters 1000 de Cincinnati, normalmente não é assim e nem sempre foi. Nos últimos dias surgiram vários vídeos por aí de jogos do Guga no mais “afastado” Masters 1000 do circuito, dos grandes centros. Ainda me surpreende que um torneio de tal porte seja disputado em Cincinnati – mas isso é assunto para outro post.

Guga ganhou títulos importantes, celebramos as conquistas em Roland Garros (os 20 anos do primeiro título), os 15 do ATP Finals em Lisboa não faz pouco tempo. Mas, algumas conquistas em ATPs e Masters 1000 ficam guardadas na nossa memória mais do que os outros, seja pelas emocionantes vitórias ou pela maneira como aconteceram.

Não sei porque mas guardo na memória detalhes daqueles dias no MidWest Americano.

A temporada estava sendo das mais longas. Começou com uma semifinal em Los Angeles, logo depois do campeonato em Stuttgart.

Aí veio o Masters 1000 de Montreal – naquela época não havia bye para os cabeças-de-chave e as finais ainda eram disputadas em cinco sets – e um jovem Americano, então 35º colocado no ranking mundial e com 19 anos venceu o Guga na terceira rodada. Era o Andy Roddick.

Com a derrota precoce fomos cedo para Cincinnati. Nos hospedamos como todos os anos no Marriott mais perto do torneio, que acreditem se quiser fica na beira de uma estrada e ao lado de um supermercado, o famoso BIG e a rotina de treinos por lá começou, com um intervalo ocasional para jogar um golfezinho, no campo que fica grudado às quadras. O BIG era nossa diversão e passeio diário, no pouco tempo livre que sobrava (mesmo não sobrando muito eu e a Lia Benthien – na época ela fazia o Nas Pegadas do Campeão da ESPN – sempre tínhamos alguma coisa para ver e levar do Big…). O Kings Island, parque de diversões que fica em frente ao torneio, mas do outro lado da estrada, exigia mais tempo para uma visita..

O Guga era o número um do mundo na época e cabeça-de-chave 1 do torneio (o Agassi era o 2º pré-classificado). Então a agenda era cheia. Havia entrevistas todos os dias, imprensa brasileira e estrangeira, gravação de chamada de comercial de TV para o US Open, de mensagem para o MTV Music Awards, sessão de autógrafos, coletivas e os dias eram longos.

Lembro quando a chave saiu, num sorteio feito pelo velhinho simpatico, o Sr. Paul Flory, diretor do torneio, na sexta-feira antes dos jogos começarem. 1ª rodada: Guga e Andy Roddick.

Já se criou todo um burburinho em torno do jogo. Deu Guga, por 7/6 6/1.

Em seguida veio Tommy Haas, que era o 16º do ranking naquela semana e Guga ganhou de novo em dois sets, em dois tie-breaks.

O próximo adversário era o Goran Ivanisevic, que havia ganhado Wimbledon naquele ano e era o 19º colocado. Guga ganhou rapidinho por 6/2 6/1.

Já estávamos nas quartas-de-final e o adversário era o Yevgeny Kafelnikov, que estava em 6º no ranking. E o Guga ganha por 6/4 3/6 6/4 e ele chegava de novo à semifinal em Cincinnati, repetindo o resultado do ano 2000 e contra o mesmo adversário, o Tim Henman, 8º no ranking. No ano anterior, o britânico havia vencido por 7/6 no terceiro set.

Era um dos adversários que mais complicavam o jogo para o Guga.

A outra semifinal era entre o Patrick Rafter e o Lleyton Hewitt. E os jogos nesses torneios costumavam ser, por causa da televisão, um no início da tarde e outro à noite. O Rafter ganhou do Hewitt em dois sets e no meio da tarde já estava se preparando para a final.

Guga entrou em quadra para enfrentar Henman, venceu o primeiro set por 6/2 e de repente o tempo começou a virar.  Dava para ver raios e ouvir os trovões de longe. O jogo continuou – se não me engano até quase o fim do segundo set e veio uma tempestade.

Ficamos por horas esperando para ver se ela ia passar e começando a ouvir relatos do público de que cadeiras haviam voado em alguns lugares de Mason, Ohio e que havia carros boiando por perto.

Quando já era perto de meia-noite decidiram deixar a semifinal e a final para domingo.

Independente do resultado do jogo, já davam Rafter como campeão certo.

Guga voltou à quadra cedo, perdeu o segundo set por 6/1 e foi para o terceiro. Como no ano anterior a batalha iria para o tie-break. Só que desta vez, a vitória ficou com Guga por 7/4.

Para surpresa de muitos, em acordo com a ATP e o torneio, Guga voltou à quadra minutos depois para jogar a final. Já estava quente e pronto para o jogo e tudo que o Larri gritava do box era “Marreta” na devolução.

E com as “marretas” de devolução, Guga venceu Rafter, o sétimo do ranking, por 6/1 6/3 e conquistou um dos maiores títulos da carreira, em uma das situações e chaves mais duras que ele já teve.

A comemoração foi com um churrasco na casa de amigos em Cincinnati.

Afinal, no dia seguinte, já estaríamos na estrada rumo a Indianápolis…. Só para lembrar, em que Guga chegaria a outra final, mas desistiria com dores no braço, no meio do jogo, contra o Rafter.

Mas isso quase ninguém lembra. O que fica na memória é a íncrivel semana em Cincinnati, em que em seis dias ele venceu três campeões de Grand Slam, incluindo dois ex-números um do mundo e seis top 30 (três top 10) no caminho para o título, em seis dias.

Descubro olhando o media guide do torneio para checar as informações que a media de vitórias do Guga em cima de jogadores bem ranqueados é histórica e única no torneio = 13.8.

Depois do Guga ter jogado a semi e a final no mesmo dia, os torneios mudaram a programação dos jogos para sempre, não deixando tanto tempo de diferença entre uma semifinal e a outra.

Diana Gabanyi

Especial Guga97 – Derrotando o Kafelnikov e eu embarcando

Guga já havia vencido um campeão de Grand Slam, Thomas Muster, na 3a. rodada. Vencera o Medeved, em 2 dias de jogo, na véspera. Entrava em quadra para enfrentar o russo Yevgeny Kafelnikov, então campeão de Roland Garros e número três do mundo.

Àquela altura, tudo podia acontecer. E aconteceu. Guga venceu um jogo de sets, virando a partida que estava 2 sets a 1 para o russo. Do 4a. set em diante, Kafelnikov ficou desnorteado.

O russo que era a grande estela da Diadora e usava uma roupa praticamente similar, da mesma linha do Guga – aliás o Guga era mais um na lista de patrocinados da marca italiana a vestir aquela roupa listrada azul e amarela – saiu de quadra de cabeça baixa e assim seria nos outros 2 títulos do brasileiro em Paris.

Vitória sobre o Kafelnikov. Guga na semifinal e eu embarcando para Paris.

Desde a vitória sobre Thomas Muster, a situação já estava difícil de gerir à distância. Sem what’s app, internet nos primórdios da revolução, o único modo de falar com o Guga e o Larri era o telefone do Hotel Mont Blanc.

Logo após o jogo com o Kafelnikov o Larri me ligou e embarquei para Paris na mesma noite. Hoje, 20 anos atrás.
Curiosamente volto a Paris, a Roland Garros, neste exato dia. Escrevo esse texto da sala de imprensa, onde tantas horas já passei.

A primeira coisa que fiz ao chegar aqui 20 anos atrás foi sentar em uma sala de imprensa e contar para os jornalistas estrangeiros quem era o Guga, o que era Florianópolis, quem era o Jacaré. Assim começava também a minha história com Roland Garros. É a 18a. vez que venho ao torneio e a mesa, apesar de não ser mais a número 1, ainda é minha, assim como o lugar reservado na quadra Philippe Chatrier.

Merci Roland Garros.

Diana Gabanyi

Especial Guga97 – Na era do Fax

Difícil de imaginar neste mundo completamente digital que 20 anos atrás a nossa comunicação era feita por fax, por telefonemas de telefone fixo – ninguém viajava com celular e uma ligação internacional era caríssima.

Nestes tempos de comemoração dos 20 anos do primeiro título do Guga em Roland Garros, foram várias entrevistas que acabaram fazendo a gente refletir, lembrar momentos marcantes e pensar como era a vida naquela época.

Outro dia me perguntaram como eu acompanhava os resultados, já que não se transmitia Grand Slam como hoje em dia, desde a primeira rodada e um dia todo de jogos, de manhã até de noite, com direito a programa especial no fim da jornada, como o Ace BandSports ou o Pelas Quadras da ESPN.

E eu não soube responder. Depois fui perguntar em casa e para o Paulo Carvalho, empresário do Guga praticamente até o fim da carreira. E chegamos a conclusão que esperávamos o Larri ou o Guga ligar; ou entrar algum flash na televisão – das quartas-de-final pra frente todos os jogos foram transmitidos ao vivo. Lembro até do Chiquinho Leite Moreira me ligando empolgadíssimo de Paris para me contar as novidades.

Das quartas em diante eu já estava lá.

Mesmo assim, até chegar o contato com o Guga e o Larri era feito via telefone do Hotel Mont Blanc. Depois eu escrevia o release e distribuía por fax para as redações de jornais. Os jornalistas que queriam falar comigo, enquanto estava no Brasil, me ligavam. Depois que eu cheguei em Paris praticamente virei a telefonista do Hotel Mont Blanc, atendendo todos os telefonemas (99% era de gente atrás do Guga), ou falavam comigo em Roland Garros.

Era uma era diferente. Para dar alguma informação eu tinha que passar um fax ou atender o telefone. E eram  umas 200 ligações por dia, sem exageros. Só depois passamos a viajar com internet discada e a distribuir releases por email.

Nesta entrevista em vídeo para a Revista Veja dá para ter uma boa noção como 20 anos tecnologicamente falando fizeram uma revolução no método de se comunicar.

Diana Gabanyi

 

Especial Guga97 – A vitória sobre o Muster, quando tudo mudou

Aquele Roland Garros já era diferente. O Guga já estava na terceira rodada, o que era o seu melhor resultado em um Grand Slam. O adversário era difícil, o campeão de Roland Garros 1995, o homem de ferro do saibro, Thomas Muster.

O jogo foi uma montanha russa. O austríaco ganhou o primeiro set por 7/6, Guga o segundo por 6/1, venceu o 3o. por 6/3, aí perdeu o quarto por 6/3 e o Muster abriu 3/0 no 5o. set. Estava quase tudo perdido. Mas, algo maior estava por vir. Guga conseguiu virar o placar e vencer o set e o jogo por 6/4. (6/7 (3/7), 6/1, 6/3, 3/6 e 6/4)

Estava assistindo esses dias os melhores momentos da partida e confesso que não lembrava de muita coisa, apenas das cenas finais que nos acostumamos a ver nestas duas décadas. Mas que jogaço, cada ponto, cada certinha, que emoção.

Dali para frente nada mais foi igual.

A loucura começou – pelo menos para mim. Telefonemas, pedidos de informações, uma inquietação, o mundo do tênis no país em polvorosa.

E era apenas o começo. Foi talvez o primeiro dia dos 11 anos que se seguiram até o Guga se aposentar em que a minha vida de assessora nunca mais foi a mesma.

Diana Gabanyi

Especial #Guga97 – A Conquista em Curitiba

Vasculhando meus arquivos de 20 anos atrás, em casa e na minha HD externa, encontrei o texto que escrevi para a terceira edição da Tennis View, sobre a vitória do Guga no Challenger de Curitiba.

Sim, a Tennis View nasceu antes do Guga ganhar Roland Garros. Lançamos a Revista em fevereiro de 1997. Poucos meses depois ele ganharia o Grand Slam inédito para o Brasil.

No texto, que infelizmente só tenho em uma foto tirada dos meus álbuns da Revista – infelizmente, mas feliz de ainda tê-lo, dá para ver a importância que tinha a vitória de um torneio Challenger para o Guga, antes do que aconteceu em Paris.

A foto com o trofeu, que eu mesma tirei, também só encontrei na edição impressa da revista, mas vale a reprodução acima.

Diana Gabanyi

#Guga97 – A chave

#Guga97

Quando Roland Garros 1997 a expectativa era de um bom resultado para o Guga. Chegar a uma terceira rodada, quem sabe a uma segunda semana seria extraordinário.
Ganhar o torneio? Ninguém imaginava.

Especialmente quando saiu a chave e havia 3 campeões de Roland Garros no meio do caminho.


Thomas Muster, Yevgeny Kafelnikov e Sergi Bruguera.

Guga acabaria vencendo os três.

Não eram só os 3 campeões de Grand Slam que estavam no caminho dele. O cabeça de chave 1 naquele ano era Pete Sampras; o segundo pré-classificado, Michael Chang, outro ex-campeão. Ainda na lista dos cabeças – 16 apenas na época, Rios, Correjta e Moya, todos bem mais ranqueados que o Guga na época.

Veja a chave completa de Roland Garros 1997 aqui

Diana Gabanyi

Ivanovic, ela também iniciou a revolução sérvia no circuito

Ivanovic: ela também iniciou a revolução sérvia no circuito
Quando pensamos em tênis sérvio hoje em dia, a primeira pessoa que vem à mente é Novak Djokovic. No entanto, Ana Ivanovic, que ontem anunciou a sua aposentadoria do tênis profissional, também iniciou a revolução sérvia com ele.

Em uma época em que o tênis feminino além das Irmãs Williams, era dominado pelas russas, surgiu Ana Ivanovic, que passou pela guerra tanto quanto Novak e treinava jogando em uma piscina sem água.

Em 2005 conquistou o seu primeiro título na WTA, em Canberra. Mas o sucesso veio mesmo em 2007 e em 2008.
Em 2007 chegou à final de Roland Garros pela primeira vez e em 2008, enquanto Novak erguia o trofeu de campeão do Australian Open, Ivanovic ficava com o vice-campeonato, para poucos meses depois ganhar o Grand Slam que deu fama a Monica Seles, a tenista que cresceu idolatrando: Roland Garros.

Dali para frente, Ivanovic levou o tênis sérvio para outra patamar, seguida de perto por Jelena Jankovic, sua compatriota e não tão amiga assim.

Foi uma época em que só se falava em Sérvia no circuito. Ana, Novak e Jelena estavam em todos os lugares. A história da guerra era impactante – e ainda é. Eles eram convidados e compareciam a recepções em embaixadas sérvias e falavam da nação tão prejudicada pela guerra com um amor profundo, que talvez nós que nunca tivemos que nos esconder de bombardeios, nunca saibamos o que seja.

Foi há quase uma década, mas lembro perfeitamente da final de Roland Garros. Estava lá, ainda cumprindo meu papel de assessora do Guga, que fazia a sua despedida do circuito profissional e escrevendo para a nossa Tennis View impressa. Assisti a semi e a final e a imagem que mais ficou daquela decisão em Paris contra Dinara Safina foi a frustração da russa. A confiança de Ivanovic era tamanha que Safina só se abaixava para o lado e batia a raquete na Philipe Chatrier. Não conseguia fazer nada.

Ana ganhou. Seu sorriso encantou. Ela logo se tornou número um do mundo, apenas uma de 21 mulheres na história da WTA a alcançarem tal feito. Muitos questionaram o seu jogo como pouco versátil e nada impressionante, mas foi o suficiente para que ela dominasse o circuito por um curto período.
Veio a fama, muita fama para uma nação sofrida e para uma WTA que busca tenistas como ela – jovens, bonitas, educadas, com boas histórias, guerreiras e campeãs – quem não buscaria?
Mas, Ana não soube lidar com a fama. Ela não cansa de dizer que na época, aos 20 anos de idade, devia ter tido uma equipe mais experiente ao seu redor. Claro que ajudaria, sem dúvida, mas acima da experiência, o bom senso e o foco no atleta, no tenista, pensando na longevidade e não apenas em resultados imediatos são o que mais contam.
Até mesmo o agente mais experiente pode oferecer diversos tipos de negócios, capas de revistas para fotografar – é o papel dele oferecer de tudo / um conselho sempre vai bem – mas a decisão final é sempre da tenista junto com o seu time mais próximo.
Uma pena naquela época.

Mas, Ivanovic apesar de ter se perdido um pouco, ainda conseguiu voltar e fez de 2015 uma ótima temporada. Derrotou Serena Williams ao longo do ano e voltou ao top 10. Fruto de muito trabalho e horas se recuperando de pequenas lesões.
Veio 2016 e a temporada não foi boa. Foram muitas derrotas e raras vitórias.  O ranking foi para o 63o. lugar e para quem já reinou e conquistou 15 trofeus, ser apenas uma figurante entre as tops já não era mais suficiente.

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Obrigada Ana por nossas lindas capas da Tennis View, ótimas entrevistas e um sorriso que não ficava apenas na frente das câmeras, mas de trás delas também.

“Foi uma decisão difícil, mas há muita coisa para comemorar”, disse Ivanovic, em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, alegando que os problemas físicos não permitiram que ela continuasse no esporte: “Não posso jogar se não puder atuar em alto nível e não consigo mais jogar assim. Então, é hora de seguir em frente.”

Casada com o jogador de futebol alemão Bastian Schweinsteiger, fora das quadras ela é embaixadora do UNICEF desde 2007, função a qual pretende se dedicar mais a partir de agora, assim como a propagação do esporte e da vida saudável, se mostrando disposta, inclusive, a trabalhar com moda e beleza.

“Vivi meus sonhos e quero ajudar outras pessoas a realizarem os delas. Não fiquem tristes, sejam otimistas. Agradeço a todos que me ajudaram a ter uma vida maravilhosa”, finalizou.

Diana Gabanyi e Filipe Lima Alves

Foto de Cynthia Lum

Meligeni: “Precisamos desesperadamente de união e de um rumo pro tênis”

meligeni-peqFernando Meligeni, além de ídolo do tênis brasileiro, sempre foi conhecido por uma personalidade forte dentro e fora das quadras, um lutador. E o mesmo empenho que colocava com a raquete nas mãos, que o levou à semifinal de Roland Garros, em 1999, e ao nº 25 do ranking da ATP, foi passada para sua dedicação no trabalho como comentarista depois da carreira.

Atualmente, o “Fino” é comentarista e blogueiro da ESPN, além de ser uma pessoa marcante por sua simpatia, acessibilidade e educação no trato com todos, sem deixar passar a possibilidade de demonstrar com palavras sua opinião sobre o tênis.

Em uma conversa na última quinta-feira (dia 08), durante o evento de lançamento da edição de 2017 do Rio Open, que tem como novo patrocinador a marca Fila, da qual Meligeni é embaixador, ele mais uma vez deixou claro o que pensa sobre os rumos que o tênis brasileiro está tomando e apresentou ideias que podem melhorar a qualidade do esporte que tanto ama.

Essa postura firme, por vezes, já o fez ter a antipatia de grupos políticos, inclusive ligados a Confederação Brasileira de Tênis, mas ele não deixa de expor seu posicionamento, de acordo com suas convicções, mesmo que isso contrarie aqueles que seriam responsáveis pela valorização do esporte, assim como de seus principais responsáveis: os tenistas.

“Acho meio patético ter uma confederação que não usa os atletas que fizeram o esporte. Quando a gente vai pra um cargo público, não tem muito essa história de quem eu gosto e quem não gosto. O que conta são as pessoas que são importantes pro tênis. A gente não pode esquecer do Thomaz (Koch), do Meligeni, do Jaime Oncins, do Ricardo Mello, do Saretta. É a nossa História. A gente não mora em um país em que muitos caras foram 10 do mundo.”

Uma das coisas que parecem incomodar Meligeni é justamente essa falta de reconhecimento dos órgãos que regem o tênis, enquanto os fãs do esporte continuar a enaltecer os feitos das gerações anteriores:

“Acho muito engraçado. Na rua, a molecada idolatra a gente, somos muito bem tratados pelos pais, enquanto na nossa própria entidade a gente não é. Nunca fiz nada. Pode ser que eu tenha uma postura diferente, uma visão diferente.”

Recentemente, em uma entrevista para o jornalista Alexandre Cossenza, do blog Saque e Voleio, Thomaz Koch, um dos principais jogadores da História do tênis brasileiro, relatou o fato de não ter ganhado um único ingresso para o confronto entre Brasil e Croácia pela Copa Davis, em 2015. Koch assistiu ao confronto arcando com todas as despesas, desde passagens e hospedagem, conseguindo um convite já em Florianópolis, sede dos jogos. Meligeni não deixou de opinar sobre o assunto, revelando uma tentativa que fez no passado para mudar esse tratamento com ex-jogadores:

“Eu me sinto muito à vontade pra falar sobre isso, pois quando fui capitão de Copa Davis, pleiteei isso, que um camarote em todos os confrontos teria que ser dos ex-jogadores. E fui vetado pelo mesmo presidente (Jorge Lacerda, atual presidente da CBT) que não deu a entrada pro Thomaz. 70 anos de idade, o cara mais importante do país em Copa Davis…se você não der ingresso pra ele, vai dar pra quem? Chega a ser triste ver que essa é a realidade do nosso esporte.”

Neste ano, a CBT teve um corte significativo na sua verba de patrocínio para os próximos anos, já que o contrato com o Correios acabou e a renovação foi ratificada por um valor muito abaixo do anterior. Meligeni não deixou de dar sua opinião sobre como esse investimento deve ser feito a partir de agora:

“Vai depender muito da maneira que for olhado. Não adianta der 7 milhões por ano e ir por um lado que, na visão da gente, tenista, não é o mais correto. Com todo respeito que tenho pelos tenistas (melhores ranqueados), acabaram de passar dois (Thomaz Bellucci e Thiago Monteiro passaram e cumprimentaram Meligeni), a CBT não tem que olhar eles. Ajudar eles, trocar com eles sim, mas não ajudar financeiramente. Vamos ver se agora que tem bem menos dinheiro, acho que 2 milhões por ano, olham a base. Aí é uma visão minha, não é uma crítica. Tem hora que critico. A coisa do Thomaz (Koch) eu critiquei, mas linhas de conduta é a particular. Eu tenho a minha, o Guga tem a dele, o Thomaz outra…são apenas linhas diferentes de pensamento. Agora vai ter menos dinheiro e vai ter que ser bem gasto.” afirmou.

Sobre o presidente da entidade máxima do tênis brasileiro, Meligeni fez questão de ressaltar que nem tudo pode ser olhado por um ponto de vista negativo, mas disse que Jorge Lacerda errou quando não soube se relacionar com muita gente do meio tenístico:

“Eu acho que o Jorge tem coisas legais. Não acho que tudo foi ruim. Acho que o Jorge conseguiu tirar o tênis de um grande limbo que estava na gestão anterior. Conseguiu um patrocinador muito forte, que é o Correios, conseguiu coisas boas. Acho que ele pecou muito no relacionamento. Achou muito que a CBT era dele. E essa é minha crítica a ele. E esse é um problema do político brasileiro. Nosso querido presidente do Senado acha que é o dono do Senado. O presidente da Câmara achava que era dono da Câmara. O presidente do Brasil acha que é o dono do Brasil. E não é. Dirigente da CBT não é dono do tênis. “ disse Meligeni. “Espero que o Rafael (Westrupp, presidente eleito da CBT), mude isso. Se vai pra um lado ou outro, tudo bem. E pode até errar, é normal. O que não pode é ter 50 tenistas que você não olha na cara.” completou.

O futuro do tênis parece ser uma preocupação constante do ex-jogador, que acredita na junção de forças para fazer uma mudança pra melhor no esporte do país;

“A gente precisa desesperadamente fazer uma união do tênis e ter um rumo. Eu não acho que o Brasil tenha uma plataforma, uma gestão de tênis. Acho que dá pra fazer uma gestão muito maior, uma unidade muito maior. Temos grandes nomes no tênis brasileiro, com grandes técnicos que são reconhecidos no mundo inteiro. Grandes ex-jogadores que são reconhecidos. Dá pra fazer coisa melhor.”

Por fim, Meligeni disse estar animado com a próxima edição do Rio Open, destacando o que, em sua opinião, o torneio oferece de melhor aos jogadores e amantes do esporte da bolinha amarela:

“O Rio Open está totalmente dentro do coração e do respeito do atleta. Sempre com grandes nomes, casa cheia. O tênis é bem tratado. O Rio Open trata o tênis como a gente gosta de ser tratado. Trata bem. Vai ter erros e vai ter acertos de novo, mas trata bem. Ano que vem vai fazer sucesso, com grandes nomes, como o Nishikori, e espero muita coisa boa.” finalizou.

Por Filipe de Lima Alves