Nascido em Araçatuba, no interior de São Paulo, Eidy Igarashi buscou com afinco a realização do sonho de jogar tênis.
Para isso, não polpou esforços e chegou a treinar em Bradenton, na Califórnia, na famosa IMG Academy, de Nick Bollettieri, responsável pela formação de vários nº 1 do mundo, batendo bola com jogadoras como Maria Sharapova e Jelena Jankovic, que já chegaram ao topo do ranking.
Mas foi em 2004, quando fazia a transição do juvenil para o profissional, que tomou a melhor decisão da sua vida, como ele mesmo diz, ao optar por jogar o circuito universitário norte-americano, com o apoio do Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, e da Fundação Lemann, reconhecida por auxiliar tenistas, entre outros, a irem para os Estados Unidos jogar o circuito universitário em várias modalidades esportivas.
Eidy nos contou um pouco sobre sua jornada, sem esquecer de lembrar das principais dificuldades durante esse período, assim como sem deixar de agradecer aos que fizeram parte dessa sua História, destacando também a importância dessa formação obtida para o seu sucesso profissional na atualidade.
Confira!
Quando e como surgiu a oportunidade de ir para os EUA estudar e jogar o circuito universitário?
Sempre tive a curiosidade em jogar o tênis universitário, mas foi no ano de 2004, quando tinha acabado de encerrar o circuito juvenil e fazendo a transição para o profissional jogando os Futures que realmente amadureci a ideia e decidi o que queria.
Entrei em contato com o Felipe (Fonseca), do Daquiprafora, para me auxiliar na busca por uma universidade que encaixaria no meu perfil e na documentação para ingressar em uma universidade americana. Conversei com amigos que já haviam vivido essa experiência e outros que estavam jogando o circuito no momento. Tive propostas de algumas universidades, mas a que mais me atraiu foi a da Old Dominion University, e começaram as conversas com o Darryl (técnico do time na época).
Naquele tempo haviam dois brasileiros no time, o Adriano Melo e o Henrique Cançado, que eu já conhecia de torneios brasileiros e que me deram segurança por optar pela ODU, que fica situada em Norfolk, no estado da Virgínia, na costa leste americana. É uma universidade estadual pertencente a primeira divisão do tênis, que vem crescendo e se desenvolvendo muito ao longo dos anos. Na época, havia aproximadamente 20.000 estudantes. A cidade de Norfolk é conhecida pela maior base da marinha americana e base da OTAN no Atlântico e fica próximo de Washinton D.C. capital.
Em qual lugar você nasceu e morava aqui no Brasil?
Nasci em Araçatuba, interior de São Paulo, me mudei para São Paulo e depois São José do Rio Preto ainda muito pequeno e onde vivi a maior parte da minha vida. Em busca de melhorar meu tênis, morei em Bradenton na Flórida, São Paulo novamente, Guarulhos, Porto Alegre e Piracicaba.
O que você cursou?
Me formei com “major” em “International Business” e “minor” em “Management”, em 2009. Aqui no Brasil conclui meu MBA pela Fundação Getúlio Vargas em gestão empresarial em 2014.
Qual era a sua expectativa quando partiu para os EUA?
As minhas expectativas eram boas, mas não tinha dimensão do que era o esporte universitário até chegar lá de fato. Fiquei muito surpreso com a quantidade de jogadores de alto nível, as estruturas das universidades e o quanto o esporte universitário é valorizado pelos americanos. Sempre ouvimos e vimos pela TV o quanto os americanos apreciam os atletas universitários, mas só vivendo lá para você ter uma ideia real da dimensão do negócio.
Quais foram as principais dificuldades? Já sabia falar inglês fluentemente?
As minhas principais dificuldades no começo foram na parte acadêmica e na adaptação à rotina. Eu e mais dois brasileiros (Rodrigo Soriano e o Juliano Cirimbelli) chegamos no meio do ano escolar e já de cara na temporada (janeiro) meu inglês era um básico bom mas não era o suficiente.
Não sabíamos direito como funcionava o sistema, estávamos muito confusos, a língua dificultava e ainda por cima viajávamos toda semana para jogar. Boa parte da nossa temporada era piso rápido coberto pois fazia muito frio e naquele tempo tínhamos que viajar uma hora de van para treinar em Newport News (cidade ao lado). Ainda não havia quadra coberta na universidade (em 2008 construiu-se um complexo espetacular com 8 quadras cobertas), não tínhamos tempo para almoçar, pois saíamos direto da aula para a van que saía 12:00 e retornava somente às 16:30 com o time. No primeiro semestre, penamos muito, foi difícil acostumar. Mas depois que fiquei o primeiro verão por lá trabalhando as coisas fluíram bem e só melhoraram.
Qual foi a importância do Daquiprafora e da Fundação Lemann nesse projeto?
O Daquiprafora foi fundamental na busca pelo perfil da universidade que eu procurava, um bom nível acadêmico e um bom nível de tênis, e claro, com toda a papelada envolvida para poder ingressar em uma universidade americana que às vezes pode tomar bastante tempo se feito sem o auxílio.
A Fundação Lemann foi de fundamental importância não só para mim, mas para centenas de atletas para que o desejo de estudar fora jogando tênis de alto nível fosse possível financeiramente.
A conclusão do meu curso com meu diploma adquirido só foi possível através do financiamento da Fundação Lemann, do Daquiprafora que me proporcionou todo suporte para conseguir conseguir uma universidade, e a Old Dominion que me proporcionou a bolsa de estudos. Sou eternamente grato à essas instituições.
E você tentou aliar o circuito universitário ao profissional?
Assim que fui para os Estados Unidos deixei de competir profissionalmente e mudei meu foco mais para a parte acadêmica, mas o tênis que me abriu as portas. Tinha uma rotina de um atleta de alto nível, treinava quatro horas por dia, me alimentava bem e jogava um nível de tênis de altíssimo nível, só não competia profissionalmente. Sempre gostei de competir, levei o tênis muito a sério lá, obtive bons resultados no circuito universitário (ranking 73º simples e 32º duplas na Divisão I) mas meu foco principal era acadêmico.
Qual é a sua atividade atual?
Atualmente trabalho nas empresas da minha família ligadas a indústria e varejo, administrando franquias da World Tennis, em Rio Preto, por exemplo. Com dois sócios comecei um negócio novo na prestação de serviços de infraestrutura em empreendimentos imobiliários, a Sinaliza Brasil, e pretendo começar novos negócios em breve.
Você recomenda a experiência aos jovens que ainda estão na dúvida sobre o circuito universitário?
Sinceramente foi a melhor escolha que fiz na minha vida. Não sei se todos tiveram a mesma experiência que eu, mas vivi momentos inesquecíveis jogando tênis, viajando, estudando, celebrando e aprendendo muito, mas muito mesmo. Foi a dose perfeita de aprendizado, amadurecimento, cultura, estudos e esporte.
Ao jovens que estão em dúvida e gostam de jogar tênis, eu recomendo. Vão de olhos fechados. É uma experiência que irão levar para o resto de suas vidas e valores que não irão aprender em nenhum outro lugar. Vivência que para mim foi de fundamental importância para a formação de caráter, carreira e oportunidades futuras.
Gostaria de fazer um agradecimento aos meus grandes amigos de faculdade que até hoje nos falamos e nos encontramos uma vez por ano, e que fizeram essa jornada ainda mais especial: Rodrigo Soriano (do Rio de Janeiro), Adriano Melo (de Londrina mas mora em São Paulo), Henrique Cançado (de Belo Horizonte), Harel Srugo (de Israel mora em New York) e Dominic Manilla (mora em Norfolk e atual técnico do time feminino de tênis da Old Dominion).