Especial 20 anos do tri: Guga salva match-point em jogo histórico contra Russell e chega às quartas em Paris

Release enviado após a quarta partida do Guga na campanha do tricampeonato em Roland Garros, no dia 04 de junho de 2001.

Brasileiro teve a vitória do coração.

Gustavo “Guga” Kuerten está nas quartas-de-final de Roland Garros. Com uma vitória emocionante, à base de muita luta, Guga virou um jogo praticamente perdido e venceu o norte-americano Michael Russell, por 3 sets a 2, parciais de 3/6 4/6 7/6 (3) 6/3 6/1, em um espetáculo de 3h25min de duração, na quadra central de Roland Garros, que terminou com o brasileiro ajoelhado no meio de um coração, que ele mesmo desenhou. Na terça-feira, em horário ainda indefinido, Guga enfrenta o russo Yevgeny Kafelnikov, em busca de uma vaga na semifinal do Grand Slam.

Atual campeão do torneio, Guga acordou cedo neste domingo para enfrentar o norte-americano. Quando a partida começou o termômetro marcava 11o.C na quadra Philippe Chatrier e o vento fazia a temperatura parecer ainda mais fria. Guga saiu sacando, mas perdeu o seu serviço no terceiro e no quinto game, deixando Russell fazer 5/1. No 5/2, Guga devolveu uma quebra, mas não foi suficiente para reverter a situação do set e no game seguinte, no saque de Guga, com uma direita paralela, Russell fez um set a zero.

No segundo set, a partida seguiu equilibrada até o 3/4, quando Guga perdeu o seu saque. No game seguinte, o catarinense devolveu a quebra, mas no 4/5 não conseguiu manter o seu serviço novamente e com outra bola paralela, desta vez de esquerda, Russell fez 2 sets a 0.

Na terceira série, o norte-americano que veio do qualifying, parecia estar ainda mais no jogo, continuando a jogar bolas na linha e a estragar qualquer tipo de jogada que Guga tentava fazer. No 2/3 ele quebrou o serviço do número um do mundo e fez 2/4. Em seguida, sacou e fez 2/5 e no 3/5 sacou para ganhar a partida e esteve bem perto disso. Guga teve dois break points, não converteu e Russell chegou ao match point. Depois de um ponto muito disputado, com uma bola na linha, Guga escapou de deixar a quadra e aí sim conseguiu quebrar o saque do norte-americano e levar a decisão do set para o tie-break. Confiante depois de haver vencido um set no tie-break no jogo contra Alami, Guga não deixou dúvidas de que não queria entrar no avião e voltar para o Brasil. Entrou firme na hora do desempate e com uma devolução de saque para fora de Russell, fechou a série, com 7/3 no tie-break.

Um pouco mais aliviado no quarto set e jogando mais solto, Guga ficou adiante no placar do jogo pela primeira vez ao quebrar o serviço de Russell no segundo game e só precisou manter o seu saque para empatar o jogo em dois sets. Com um ace Guga fechou a série e entrou no quinto set, em que conseguiu três quebras de saque para vencer a partida, no primeiro, quinto e último game. No 5/1, no segundo match point, Guga cravou um smash na quadra e celebrou uma das maiores vitórias de sua carreira.

Emocionado, Guga desenhou um coração na quadra de saibro com a sua raquete, ajoelhou no meio dele e agradeceu a torcida que o apoiou durante toda a partida.

“Eu sou muito emotivo e hoje tive uma das melhores sensações da minha vida em uma quadra de tênis. Foi muito especial e talvez um dos dias mais felizes que eu já tive,” disse Guga, que não planejava desenhar o coração na quadra. “Foi uma coisa do momento. Eu estava com uma sensação incrível que eu não tenho muitas vezes e foi a maneira que eu encontrei de agradecer ao público, que influenciou muito a minha vitória de hoje.”

Sem nunca ter enfrentado Russell antes na carreira, Guga contou que encontrou dificuldades com o jogo do norte-americano no início do jogo. “Ele jogou o melhor tênis dele numa situação muito difícil. Eu nunca tinha jogado com ele e estava mais defensivo do que agressivo. Ele estava me frustrando e bloqueando todo o tipo de jogada que eu tentava fazer, até que chegou um momento em que eu fiquei mais tranquilo e saí de uma zona de segurança para uma de risco e as bolas na linha, a esquerda paralela, o saque, tudo começou a funcionar. Saí do fundo do poço para o paraíso. Na hora que estava tudo praticamente perdido, terminado a bola pegou na linha, entrou e quando o jogo terminou me senti o homem mais feliz do mundo por alguns minutos. Ganhei uma recompensa por todo o trabalho que eu venho fazendo. Muita gente me viu treinando aqui às 20h durante alguns dias e essas coisas de repente fazem a diferença e me fizeram acreditar que eu poderia ganhar.”

Feliz com a vitória, antes de iniciar as entrevistas para as televisões internacionais, Guga brincou, querendo saber se ninguem havia tido um ataque do coração no Brasil, por causa do seu jogo. “Em poucos segundos me tiraram e me colocaram de novo no torneio e agora estou aqui, nas quartas-de-final, em vez de estar arrumando as malas para entrar no avião. Já não tenho mais nada a perder e provavelmente vou jogara bem mais solto daqui pra frente.”

Esta é a quarta vez que Guga alcança as quartas-de-final em Roland Garros e a segunda consecutiva, tendo sido campeão em 1997, 2000 e quadrifinalista há dois anos. Com 11 vitórias seguidas no Grand Slam francês, Guga (Banco do Brasil/Diadora/Head/Globo.com/Motorola) voltará a competir na terça-feira, enfrentando um velho rival, campeão do torneio em 96, o russo Yevgeny Kafelnikov (7o. colocado no ranking mundial e 8o. na corrida dos campeões), de quem ganhou nas duas vezes em que ergueu o troféu de campeão em Paris, também nas quartas-de-final. “Já vou entrar na quadra com essa vantagem,” brincou ele, que no total, já enfrentou Kafelnikov oito vezes, vencendo cinco, inclusive a última, no Masters Cup de Lisboa.

Tenista número um do mundo e terceiro colocado na Corrida dos Campeões, Guga já garantiu 250 pontos no ranking mundial e outros 50 na Corrida. Se passar por Kafelnikov fica com 450 e 90, respectivamente.

TORCIDA ESPECIAL

Além do apoio da torcida francesa, do irmão Rafael, do técnico Larri Passos, Guga contou com uma força a mais neste domingo em Roland Garros. O cavaleiro Rodrigo Pessoa e o jogador de futebol Leonardo estavam acompanhando a partida do número um do mundo na Tribuna Internacional, ao lado também do cantor e compositor Marcelo.

Conhecido de Guga, Pessoa veio esta manhã de Bruxelas para prestigiar o catarinense e antes do jogo começar conversou bastante com Rafael.

Já Leonardo, conseguiu um convite com amigos e encontrou Guga depois do jogo. Os dois almoçaram juntos no restaurante dos jogadores, que fica embaixo da quadra Philippe Chatrier.

GUGA X KAFELNIKOV – Confrontos Diretos
1996 ATP Tour de Stuttgart / saibro Kafelnikov d. Guga 6/1 6/4
1997 Roland Garros / saibro Guga d. Kafelnikov 6/2 5/7 2/6 6/0 6/4
1998 New Haven / rápida Kafelnikov d. Guga 6/4 6/4
1999 Masters Series Indian Wells / rápida Guga d. Kafelnikov 0/6 7/6 6/3
1999 Masters Series Roma / saibro Guga d. Kafelnikov 7/5 6/1
2000 Roland Garros / saibro Guga d. Kafelnikov 6/3 3/6 4/6 6/4 6/2
2000 Olimpíadas Sydney / rápida – Kafelnikov d. Guga 6/4 7/5
2001 Masters Cup Lisboa / rápida coberta Guga d. Kafelnikov 6/3 6/4

Especial 20 anos do tri: Guga supera Alami e garante vaga nas oitavas de Roland Garros

Release enviado após a terceira partida do Guga na campanha do tricampeonato em Roland Garros, no dia 01 de junho de 2001.

Gustavo “Guga” Kuerten venceu uma verdadeira batalha em Roland Garros, nesta sexta-feira. Em uma partida emocionante, com duração de 3h11min, ele superou o marroquino Karim Alami, por 3 sets a 1, parciais de 6/3 6/7 (3) 7/6 (5) 6/2 e enfrenta, no domingo, Michael Russel, dos Estados Unidos.

Quando Guga entrou na quadra Suzanne Lenglen já passavam das 17h em Paris e, desde o início do jogo, com as arquibancadas praticamente lotadas a atmosfera era de uma grande partida. Guga começou bem o jogo, quebrando o saque de Alami no segundo game. No seguinte, perdeu o seu, mas fez outra quebra no 3/2 e no 5/3 sacou para o set, fechando a série com um ace.

No segundo set, fazendo um dos melhores jogos de sua carreira e chegando em todas as bolas que pareciam ser winners de Guga, Alami conseguiu igualar a partida. Sem quebras de serviço dos dois lados, a decisão do segundo set foi para o tie-break, que acabou vencido pelo marroquino.

Na terceira série, Guga e Alami perderam os seus serviços nos cinco primeiros games, deixando o marroquino, com seguidos momentos de inspiração, em vantagem na partida. Mas, depois de salvar três set point no 4/5, Guga devolveu a quebra, levou o set para o tie-break e, no segundo set point que teve, com uma bola para fora de Alami fez 2 sets a 1.

À frente no placar, Guga entrou firme no quarto set e já saiu quebrando o saque de Alami no primeiro game. O brasileiro, impondo o seu jogo, abriu 3/1 e no 4/2 conseguiu outra quebra de saque a seu favor, ficando com 5/2. Empolgado e no clima do jogo, Guga enriqueceu o espetáculo da quadra Suzanne Lenglen, ao fazer a ola também, duas vezes, antes de sacar para a vitória. Em um ponto muito disputado, em que a bola da Alami não passou da rede, o número um do mundo ergueu os braços e comemorou a vitória da garra e a sua 10a. consecutiva em Roland Garros.

“Ganhei esse jogo na luta e na garra. Comecei o primeiro set muito bem, mas no segundo ele conseguiu me tirar do meu plano de jogo e eu só consegui voltar ao meu melhor tênis depois que eu ganhei o tie-break,” disse Guga, que está com um recorde de 3 vitórias e 13 derrotas em tie-breaks nesta temporada. A última vez que ele havia vencido um tie-break foi na Copa Davis, no jogo contra Patrick Rafter.

“Acho até que foi no tie-break do terceiro set que eu consegui virar o jogo mesmo. Já no 4/5 quando eu salvei o set point, fiquei vivo no set e entrei no tie-break com a atitude certa, super concentrado e jogando da maneira correta. Não entrei derrotado, fui pensando ponto-a-ponto e isso foi muito importante. Na hora que eu mais precisei, voltei a ganhar um tie-break e isso ajuda muito. Cresce a minha confiança, a atitude e você sente um negócio a mais no seu chip, você sente que está pronto para outro. Da mesma maneira que eu venci inúmeros jogos seguidos no saibro, eu também vinha perdendo inúmeros tie-breaks e não é fácil sair de uma situação como essa,” explicou o número um do mundo, na entrevista coletiva após o seu jogo.

“O Alami é um cara difícil de jogar e estava fazendo a partida da vida dele. Ele é um cara que erra uma bola fácil e depois dá uma bola milagrosa. De certa maneira, foi um grande teste para mim e foi um jogo mais parecido com o que eu vou ter que encarar daqui pra frente e já deu para ver que se precisar, estou bem de físico.”

O técnico de Guga, Larri Passos, que vibrou a cada ponto com seu pupilo, também comemorou muito a quarta passagem de Guga às oitavas-de-final de Roland Garros. “Estou duplamente feliz com o Guga de hoje. Primeiro, porque o Guga mostrou que está bem de físico e segundo porque ganhou um tie-break.”

Bicampeão do torneio, tendo vencido em 1997 e 2000, e quadrifinalista em 1999, Guga (Banco do Brasil/Diadora/Head/Globo.com/Motorola) já garantiu 150 pontos no ranking mundial e 30 na Corrida dos Campeões. Se passar por Michael Russel (122o. colocado no ranking mundial e 136o. na Corrida dos Campeões), um jogador que veio do qualifying e a quem nunca enfrentou, ficará com 250 e 50, respectivamente.