Por doping, Sharapova é punida e terá que ficar dois anos fora do circuito

Sharapova - dopingA ITF, Federação Internacional de Tênis, anunciou, nesta quarta-feira, a punição de Maria Sharapova, flagrada em exame antidoping realizado em janeiro deste ano por uso de Meldonium.

A russa terá que ficar dois anos longe do circuito profissional, punição que começou a contar no dia 26 de janeiro, durante a disputa do Australian Open.

Além disso, os resultados e pontos obtidos desde então não serão considerados, inclusive as quartas de final que conseguiu no primeiro Slam da temporada, e a premiação terá que ser devolvida.

Sharapova já emitiu um comunicado após a decisão e afirmou que irá recorrer junto à Corte Arbitral do Esporte, buscando a possibilidade de ter a pena reduzida, como aconteceu com outros atletas.

Estudo realizado pelo Daquiprafora aponta que ser top 50 juvenil não é garantia de sucesso como profissional

DaquipraforaCom o objetivo de identificar padrões de resultados obtidos por tenistas que chegaram a um nível muito alto no juvenil, considerando o top 50 do ranking da Federação Internacional de Tênis, o Daquiprafora, umas das principais empresas no assessoramento de atletas e estudantes para universidades nos Estados Unidos, pesquisou e analisou resultados de tenistas nessa faixa de ranking nos anos 2008, 2009 e 2010 e o seu desmepenho como profissional, supondo-se que o tempo de 4 a 7 anos seria razoável para um bom ex-juvenil se firmar no top 200 profissional, ou no top 100 de duplas (faixas de ranking que começam a dar retorno do investimento na carreira).

Com o próprio site da ITF como fonte, é possível chegar a alguns resultados interessantes, como os listados nos pontos abaixo:

– Dos 132 jogadores do estudo (18 jogadores se repetiram nos rankings), 26 deles já acharam seu espaço no top 200 de simples ou top 100 de duplas.

– Dos 132 jogadores, 32 deles optaram pelo caminho do tênis universitário e receberam generosas bolsas de estudos.

– Dos 132 jogadores do estudo, 15 nem foram para a faculdade nos EUA e nem seguiram tentando jogar profissional.

– Dos 132 jogadores, 59 deles continuam tentando espaço no top 200 (sendo que 22 deles não arrumaram espaço no top 500 ainda, 4 a 7 anos após terminar o juvenil).

Ver tabela abaixo:

Tabela Daquiprafora

Conclusões:

1 – Se chegar ao top 50 juvenil já é difícil, chegar ao top 200 profissional é muito mais.

2 – Quem chega ao top 50 ITF está jogando um nível altíssimo de tênis e ainda assim apenas 20% deles conseguiu chegar a um nível profissional que traga pelo menos algum retorno.

3 – Para jogar torneios, um jogador profissional vai precisar dispor de pelo menos R$ 150.000 por ano até chegar a um nível no qual as contas conseguem se equilibrar.

4 – Se um tenista passa 5-6 anos jogando sem conseguir obter retorno financeiro, estamos falando de cifras entre R$ 750.000 e quase um milhão de reais (isso corresponde a um apartamento de luxo em grandes cidades brasileiras). Quase metade dos tenistas do estudo continua gastando esse dinheiro anualmente sem obter retorno.

5 – Se os top 50 ITF (novamente, um nível altíssimo) têm toda essa dificuldade com o tênis profissional, pode-se imaginar que quem não conseguiu chegar a um nível top 50 ITF tenha mais dificuldade e precise de mais tempo (e mais dinheiro) até cavar seu espaço no profissional.

6 – Dentre os 24% que escolheram o tênis universitário, vários deles já estão de volta ao circuito e em situação melhor ou igual do que muitos que optaram por seguirem jogando futures (e gastaram muito menos durante o tempo na faculdade).

Abaixo alguns nomes de tenistas que estavam no estudo e optaram por faculdades nos EUA:

– Roberto Quiroz (Equador) está atualmente no último ano da University of Southern California e está em 520º do mundo, tem 23 anos. Era o 7º do mundo ITF em 2010.

– Mitchel Frank (Estados Unidos) está atualmente no último ano da University of Virginia, tem 22 anos e está em 580º do mundo. Era o 6º do mundo ITF em 2009.

– Tennys Sandgreen (Estados Unidos) foi para a University of Tennessee e se formou, tem 24 anos e está atualmente em 350º do mundo. Era o 24º do mundo ITF em 2009.

– Nicholaas Scholtz (África do Sul) se formou pela University of Mississippi e está atualmente em 445º do mundo, está com 24 anos. Era o 41º do mundo ITF em 2009.

– Marcelo Arevalo (El Salvador) estudou na Tulsa University por 3 anos. Voltou para o circuito e é atualmente o 305º do mundo. Tem 24 anos. Era o 12º do mundo ITF em 2008.

– Chase Buchanan (Estados Unidos) se formou na Ohio State University, voltou para o circuito e é atualmente o 195º do mundo, tem 24 anos. Era o 14º do mundo ITF em 2008.

– Henrique Cunha (Brasil) se formou na Duke University, tem 25 anos, voltou para o circuito e está em 255º do mundo, tem 25 anos. Era o 16º do mundo ITF em 2008.

– Bradley Klahn (Estados Unidos) se formou na Stanford University, voltou para o circuito e é atualmente o 241º do mundo (já foi 65), tem 25 anos. Era o 18º do mundo ITF em 2008.

– Jarmere Jenkins (Estados Unidos) se formou pela University of Virginia, voltou para o circuito e atualmente é o 205º do mundo, tem 25 anos. Era o 24º do mundo ITF em 2008.

– Blaz Rola (Eslováquia) estudou na Ohio State University por 3 anos, voltou para o circuito e agora é 95º do mundo, tem 25 anos. Era o 38º do mundo ITF em 2008.

– Jose Hernandez (República Dominicana) jogou 3 anos pela University of North Carolina, voltou para o circuito e está em 190º do mundo, tem 25 anos. Era o 44º do mundo ITF em 2008.

Serena e Djokovic são escolhidos como melhores da temporada pela ITF

Serena - campeã - Roma peqA ITF anunciou que Serena Williams e Novak Djokovic foram os melhores jogadores da temporada 2014. Foi a quinta vez que a norte-americana recebeu o reconhecimento, enquanto o sérvio ficou com a honraria pela quarta vez na carreira.

Nas duplas, os irmãos Bob e Mike Bryan foram considerados os melhores pela 11ª vez, enquanto as italianas Sara Errani e Roberta Vinci foram escolhidas entre as mulheres.

Serena, que ganhou seu 18º título de Grand Slam na carreira quando ficou com o troféu do US Open, manteve a liderança do ranking ao longo de toda temporada e foi a jogadora mais velha a ser nomeada como a melhor do ano pela ITF.

“Estou muito honrada com essa nomeação. Este foi um ano de desafios e triunfos, ao ganhar outro Grand Slam e mantendo o posto de nº 1 até o fim do ano. Estou muito orgulhosa e grata por ter o apoio da comunidade de tênis em todos os sentidos. Estou ansiosa para 2015”, afirmou a norte-americana.

Djokovic, por sua vez, garantiu em Wimbledon o sétimo título de Slam da sua carreira e se tornou um dos quatro homens premiados quatro vezes pela ITF, juntando-se a Ivan Lendl, Pete Sampras e Roger Federer.

Entre os juvenis, o prêmio ficou com  Catherine “CiCi” Bellis, dos Estados Unidos, e Andrey Rublev, da Rússia, enquanto os japoneses Yui Kamiji e Shingo Kunieda foram escolhidos os melhores cadeirantes.

Técnica da ITF, Roberta Burzagli acredita que brasileiros devem interagir com tênis europeu cada vez mais cedo

Roberta - Itaú peqRoberta Burzagli é uma técnica respeitada no Brasil e no exterior, integrando há dez anos o quadro da ITF (Federação Internacional de Tênis) em um programa que reúne e treina atletas de países subdesenvolvidos no tênis por alguns períodos durante o ano, visando, além da melhoria do jogo, um contato maior com as maiores potências do esporte no mundo.

Neste final de semana, ela está disputando a etapa carioca do Itaú Masters Tour, no Clube dos Caiçaras, na Lagoa, e falou um pouco sobre a sua atividade, além do lugar atual dos juvenis brasileiros no cenário mundial.

Neste ano, por nove semanas entre Roland Garros e Wimbledon, Luisa Stefani foi a brasileira presente no grupo, sendo a semifinal de duplas em Roland Garros o seu melhor resultado, elogiado por Roberta:

“Foi um bom resultado. Ela joga muito bem e é uma menina que tem muito potencial, muito esforçada, talentosa…eu acredito muito nela. Quando ela ficar mais madura, vai jogar muito bem.”

Porém, a realidade brasileira e sul-americana, segundo Roberta, não é a mais positiva quando comparada às principais potências:

“Em geral, o tênis jogado na América do Sul é muito antigo. Principalmente no feminino, pois as europeias jogam muito mais em cima da linha, batendo muito mais reto, pegando a bola dentro da quadra, de cima pra baixo. Isso também acontece um pouco no masculino. Esse tipo de jogo faz você roubar tempo do adversário, pois pega a bola antes. É um tênis mais agressivo que o sul-americano, que ainda joga aquele tênis mais no fundo da quadra, pegando a bola mais embaixo e dando mais tempo para o adversário se posicionar na quadra”

Sendo assim, uma solução apresentada por Roberta é exatamente essa integração maior com os países que apresentam melhores desempenho, especialmente na Europa:

“Por isso acho muito importante que o tenista brasileiro vá o mais cedo possível para a Europa, assim como os técnicos, para que eles vejam como o tênis é jogado lá, que é o berço e de onde vem os melhores jogadores. Implantar uma nova metodologia no Brasil é difícil, pois isso representaria uma mudança na forma de jogo e dificilmente isso seria bem aceito até mesmo pela grande quantidade de erros no início que poderia acontecer. Infelizmente, estamos alguns passos atrás.”

Agora, a expectativa é pelas semanas que a equipe vai passar nos Estados Unidos. Luisa Stefani, mais uma vez, estará presente:

“A gente faz um trabalho muito mais tático nestas semanas. Trabalho técnico é mais a movimentação de pernas. O objetivo da ITF é dar chance ao atletas talentosos para ter esse contato e evolução do jogo. Muitas vezes, a questão não é financeira, mas sim de manter essa equipe junta, criando uma competitividade e elevando o nível de jogo, que é muito alto na Eropa. A nº 1 juvenil do mundo no ano passado, a (Belinda) Bencic, suíça, já é 62 do mundo na WTA esse ano. Uma chave de Grand Slam juvenil feminino é muito forte, com pelo menos um terço da chave entre as 200 melhores da WTA”

Mas tudo isso, segundo Roberta, deve ser feito com calma. Ela afirma que  jogar juvenil é muito importante para o desenvolvimento do jovem como jogador:

“Acho muito importante que os jogadores joguem juvenil para não queimar etapas e que tenham a pressão de ganhar os jogos para trabalhar ainda mais o aspecto psicológico”

Finalizando, Roberta reforça a importância de ter esse contato com o tênis europeu comparando até mesmo algumas competições profissionais e juvenis:

“Algumas meninas vencem um torneio de US$ de 10 mil aqui na América do Sul e acham que está tudo bem. Não é verdade. Muitas competições juvenis na Europa são muito mais fortes”, afirmou.

Foto: João Pires