Guga: 40 anos e 43 semanas como no.1 do mundo

Gustavo Kuerten completa neste sábado, 10 de setembro, 40 anos de idade. Já são quase 20 daquela 1a. conquista em Roland Garros, em 1997, que transformou para sempre a história do tênis no Brasil.

Abaixo relembre a trejetória de Guga e as semanas na liderança do ranking mundial. Até hoje apenas 16 tenistas que terminaram uma temporada como número um do mundo e entre eles está Gustavo Kuerten.

 

Já escrevi sobre a campanha e os feitos de Guga quando anunciaram a campanha, em fevereiro e há algumas semanas, quando o livro HERITAGE ficou pronto.

Acho que assim como o Guga, quanto mais passam os anos mais vou tendo a dimensão do que significava cada momento que vivemos. Muitas vezes quando estamos tão envolvidos com algo, é difícil fazer uma pausa e olhar de fora.

O evento hoje, na Sede dos Correios, em São Paulo, com a presença do brasileiro Chief Player Officer da ATP, Andre Silva e Guga, além de um representante da empresa de correios e telégrafos, serviu para isso. Não que nestes anos eu não tivesse parado para pensar e passar um filme na minha cabeça, afinal eu vivi bem de perto cada uma destas 43 semanas dele reinando no topo do ranking mundial.

Quando o André Silva começou a falar que um dos principais motivos da campanha Heritage era resgatar a história do esporte e quando o Guga começou a relatar os momentos marcantes das 43 semanas no topo, realmente veio um filme na cabeça.

Claro que o auge destas semanas foi a conquista em Lisboa, vitória sobre Sampras e Agassi, na sequência e ainda fazer o discurso em português. GugaAgassi

Depois Guga lembrou que logo no início de 2001 perdeu a liderança para o Safin, no Australian Open, o Grand Slam que ele tem o pior desempenho da carreira até hoje.

Poucas semanas depois ele viria recuperar a coroa, ganhando de um argentino – Jose Acasuso – na final do ATP de Buenos Aires e com todo o Buenos Aires Lawn Tennis Club aplaudindo de pé. Foi uma semana especial mesmo na capital argentina. Lembro que todos da equipe éramos parados para falar com fãs, jornalistas, organizadores, mostrando que o Guga havia ultrapassado qualquer barreira da rivalidade Brasil x Argentina. Lembro que o Raí apareceu pelo torneio também. Guga Buenos Aires

Para Guga outro momento marcante foi chegar em Roland Garros como número um do mundo, cabeça-de-chave 1 e defender o título do Grand Slam. “Foi um marco na minha carreira.”

Guga Roland Garros trophy

As semanas continuavam vitoriosas. O meu trabalho não parava, nem mesmo na temporada de quadra rápida.

Guga estava jogando o melhor tênis da carreira. Fez inúmeros jogos na América do Norte e como ele lembrou, fez o último grande jogo como número um no US Open, contra o Max Mirnyi, em uma partida que terminou de madrugada.

Ele ainda tentou se manter na liderança, mas o quadril já começava a incomodar bastante e em Sidney, na Masters Cup, jogando no indoor, na terra de Lleyton Hewitt, em vez de ser no saibro, no Brasil, como estava previsto e não aconteceu por falta de local, o número um foi para o australiano.

Veja abaixo as 43 semanas de história, com os resultados de Guga na temporada. É impressionante olhar para o calendário do ano todo e ver praticamente só número 1.

Só lamento não ter mais fotos minhas em mãos para postar. Estava conversando com um jornalista hoje no evento, que também estava em Lisboa, que acho que estávamos realmente tão envolvidos com o trabalho que nem foto direito tiramos! Até tenho algumas fotos impressas, mas está duro de saber onde estão.. Pelo menos tem esta da comemoração da vitória sobre o Mirnyi no US Open.

Guga US Open Max Mirnyi

 

19.11.2001       2 3 derrotas na Masters Cup Sydney

12.11.2001       1

05.11.2001       1 3ª rodada Paris

29.10.2001       1 Derrota estreia Basel

22.10.2001       1 Derrota 2ª rodada Stuttgart indoor

15.10.2001       1 Derrota estreia Lyon

08.10.2001       1

01.10.2001       1

01.10.2001       1

24.09.2001       1

17.09.2001       1 Derrota estreia Brasil Open

10.09.2001       1 Quadrifinalista US Open

27.08.2001       1

20.08.2001       1 Vice Indianápolis

13.08.2001       1 Campeão Cincinnati

06.08.2001       1 3ª rodada Montreal

30.07.2001       1 Semifinalista Los Angeles

23.07.2001       1 Campeão Stuttgart

16.07.2001       1

09.07.2001       1

25.06.2001       1

18.06.2001       1

11.06.2001       1 Campeão Roland Garros

28.05.2001       1

21.05.2001       1 Derrota estreia Hamburgo

14.05.2001       1 Vice-campeão Roma

07.05.2001       1

30.04.2001       1

23.04.2001       1 Campeão Monte Carlo

16.04.2001       2

09.04.2001       2 Copa Davis Brasil x Austrália

02.04.2001       2 3ª rodada Miami

19.03.2001       1 3ª rodada Indian Wells

12.03.2001       1

05.03.2001       1 Campeão Acapulco

26.02.2001       1 Campeão Buenos Aires

19.02.2001       2

12.02.2001       2 Copa Davis

05.02.2001       1

29.01.2001       2 Derrota 2ª rodada do Australian Open

15.01.2001       2

08.01.2001       2

18.12.2001       1

11.12.2001       1

04.12.2001       1 Campeão Masters Cup

27.11.2000       2

20.11.2000       3 semifinalista do Masters 1000 de Paris

Diana Gabanyi

Guga emociona ao entrar com a tocha no Maracanã. Tenistas são destaque.

O Brasil começou bem o primeiro dia da primeira olimpíada da América do Sul. A Cerimônia de Abertura encantou o mundo, encheu os olhos da nação de orgulho e ratificou a máxima de que ninguém sabe fazer uma festa como os brasileiros.

Guga emociona ao entrar com a tocha no Maracanã. Tenistas são destaque.

Teve Paulinho da Viola cantando o hino nacional, Caetano, Gil e Annita no palco, samba, Santos Dummont, a imigração, as diferenças, o desfile das nações, com diversos tenistas em destaque: Rafael Nadal, Andy Murray, Caroline Wozniacki e Gilles Muller de porta-bandeira e uma enormidade de astros do nosso esporte desfilando. Serena, Kerber, Del Potro, Fognini, os nossos brasileiros, todos curtiram a festa no Maracanã.

Marcelo Melo e Bruno Soares na cerimônia de abertura

No ápice da festa, Gustavo Kuerten voltou a emocionar não só o mundo do tênis, mas as bilhões de pessoas que assistiam o espetáculo na tv, ao entrar com a tocha no estádio, ser ovacionado, passá-la para Hortênsia que entregou para o heróis Vanderlei Cordeiro de Lima acender a pira.

O tênis agradece mais uma vez a enormidade de Gustavo Kuerten e suas estrelas.

Let the games begin.

Diana Gabanyi

Andy Murray reina supremo em Wimbledon

Andy Murray conquistou neste domingo histórico para o Reino Unido, o seu segundo título de Wimbledon e o terceiro Grand Slam da carreira. Derrotou o canadense Milos Raonic por 6/4 7/6 7/6, para comemorar o triunfo diante do seu público.

Andy Murray reina supremo em Wimbledon

Depois de ficar com o vice-campeonato no Australian Open e em Roland Garros neste ano, perdendo para Novak Djokovic, o britânico não titubeou em momento algum na decisão contra o estreante em finais de Grand Slam, Raonic.

O foco foi o principal fator destacado pelo técnico de Murray, Ivan Lendl, que em um raro momento se permitiu emocionar com a conquista do pupilo.

Murray, que fez história novamente ao se tornar apenas o segundo britânico a vencer Wimbledon duas vezes, o outro é Fred Perry (134 a 1936), não conteu as lágrimas na Catedral do tênis. Diante do Príncipe William e de Kate Middleton, a Duquesa de Kent, da esposa Kim e da mãe Judy, da equipe, de estrelas de Hollywood, do Primeiro Ministro David Cameron e de uma nação em busca de um pouco de consolo após o resultado do Brexit, Murray afirmou que comemoraria essa disputa muito mais do que as outras. “Da primeira vez – 2013 – foi como tirar um peso das minhas costas, depois de tantos anos sem um britânico vencendo Wimbledon. Agora vou aproveitar muito mais.”

Os três títulos de Grand Slam de Murray podem não parecer muitos em uma Era em que Federer tem 17, Nadal 14 e Djokovic 12, mas o tenista da Escócia tem outros 8 vice-campeonatos, sempre tendo perdido as decisões para um certo suíço ou sérvio. Por isso, este terceiro trofeu – o outro foi no US Open -, o segundo de Wimbledon, tem sabor de muito mais para Andy Murray. Ele fez por merecer.

Diana Gabanyi

foto de Cynthia Lum

Wimbledon: Serena 22 vezes campeã de Grand Slam

Serena Williams enfim chegou ao 22o. título de Grand Slam. Um ano atrás, ao conquistar o 21o, neste mesmo Wimbledon, começavam uma busca pelo GRAND SLAM, a conquista dos 4 maiores torneios do mundo no mesmo ano, feito conseguido pela última vez por Steffi Graf em 1998. Mas, Serena sucumbiu 1 jogo antes da final em Nova York. Perdeu para Roberta Vinci e admitiu ter ficado arrasada. “Eu estava tentando conseguir algo praticamente impossível, queria mostrar para todos que eu era capaz e inspirar muita gente.”

Wimbledon: Serena 22 vezes campeã de Grand Slam

Serena hibernou. Ficou o resto de 2015 sem jogar e voltou na Austrália. Foi vice em Melbourne e em Roland Garros. Chegou perto do 22, de igualar o recorde de Graf, duas vezes neste ano, mas ainda não estava pronta.

Terminado Roland Garros, o técnico de Serena, Patrick Mouratoglou contou que sentiu que a tenista voltou a ser Serena, a número um do mundo. “Ela estava top 3 não número um”

A comprovação veio na decisão deste sábado na Catedral do Tênis. Serena ganhou de uma consistente e inspirada Angelique Kerber por 7/5 6/3 e confesso: “Eu tive algumas chances, cheguei perto mas enfim agora tenho o 22o. Estou tão empolgada que não sei nem o que dizer.”

É difícil mesmo conseguir expressar o que a conquista significa, especialmente se levarmos em conta que Serena conquistou o seu primeiro Grand Slam em 1999, há 17 anos.

Esta é a segunda vez que Serena conquista o Serena Slam. A outra, inacreditavelmente foi há 12 anos, em 2003. “Nunca sonhei que ainda fosse estar aqui jogando e me divertindo,” admitiu Serena, 33 anos, a tenista mais velha a conquistar um título de Grand Slam de simples.
Vamos relembrar todos os Grand Slams da americana.

Wimbledon 2016: 22 vezes Serena

 

2016 Wimbledon – Serena Williams d. Angelique Kerber 75 63
2015 Wimbledon – Serena Williams d. Garbine Muguruza 6/4 6/4

2015
 Roland Garros – Serena Williams d. Lucie Safarova 6/3 6/7 6/2

2015
 Australian Open – Serena WIlliams d. Maria Sharapova 6/3 7/6

2014 US Open – Serena Williams d. Caroline Wozniacki 6/3 6/3

2013 – Roland Garros – Serena Williams d. Maria Sharapova 6/4 6/4
US Open – Serena Williams d. Victoria Azarenka 7/5 6/7 6/1

2012
Wimbledon – Serena Williams d. Agnieszka Radwanska 6/1 5/7 6/2
US Open – Serena Williams d. Victoria Azarenka 6/2 2/6 7/5

2010 –
Australian Open – Serena Williams d. Justine Henin 6/4 3/6 6/2
Wimbledon – Serena Williams d.Vera Zvonareva 6/3 6/2

2009
Australian Open – Serena Williams d. Dinara Safina 6/0 6/3
Wimbledon – Serena Williams d. Venus Williams 7/6 6/2

2008

US Open – Serena Williams d. Jelena Jankovic 6/2 7/5

2007

Australian Open – Serena Williams d. Maria Sharapova 6/1 6/2

2005
Australian Open – Serena Williams d. Lindsay Davenpor 2/6 6/3 6/0

2003
Australian Open – Serena Williams d.Venus Williams 7/6 3/6 6/4
Wimbledon – Serena Williams d. Venus Williams 4/6 6/4 6/2
2002
Roland Garros – Serena Williams d. Venus Williams 7/5 6/3
Wimbledon – Serena Williams d.Venus Williams 7/6 6/3
US Open –
Serena Williams d. Venus Williams 6/4 6/3

1999
US Open – Serena Williams d. Martina Hingis 6/3 7/6

Diana Gabanyi

Foto De Cynthia Lum

Steve Johnson: da USC para as 8as de Wimbledon

John Isner é o maior expoente do tênis universitário americano, em atividade. Foi à universidade, chegou ao top 10 e se mantém no top 20. Mas, agora outro tenista que optou pelo tênis universitário americano, começa a chamar a atenção: Steve Johnson.

Steve Johnson: da USC para a 2a. semana de Wimbledon

Campeão de 2 títulos de simples pela NCAA e também parte fundamental do time que levou a USC (University of Southern California) a quatro trofeus da entidade, Steve Johnson está pela primeira vez nas oitavas-de-final de Wimbledon.

Depois de conquistar o primeiro título na ATP, na semana passada em Nottingham, ele derrotou Grigor Dimitrov na 3a. rodada e enfrenta Roger Federer.

Aos 26 anos e apenas desde 2012 jogando uma temporada inteira no circuito profissional, o americano vem subindo de ranking ano a ano e diz que não teria maturidade para encarar a ATP, quando optou pelo tênis universitário.

Em entrevista ao Tennis Recruiting, Johnson revelou que não teria feito outra opção, mesmo estabelecido no top 30 na ATP atualmente. “Eu não era maduro o suficiente, não estava pronto para o estilo de vida de um tenista profissional. Eu era um juvenil acima da média, mas não estava ganhando todos os títulos. Claro que todo mundo sonha em ser jogador profissional, mas eu não estava pronto.”

O tenista revelou também, que já sentiu a diferença do juvenil no tênis universitário mesmo. “Foi quase um choque quando começamos a trabalhar duro na universidade, com longas horas na quadra e no físico.”

Companheiro de treinos de Sam Querrey, o que mais Johnson sente falta no circuito é do espírito de equipe e de ter 10, 15 tenistas treinando juntos, diariamente.

A Tennis View apoia e incentiva o tênis universitário e tem como parceiras a Fundação Lemann e o Daquiprafora, que ajuda, te prepara e te leva a jogar tênis nas universidades dos EUA.

Diana Gabanyi

Wimbledon, tudo acontece em SW19

Durante as próximas duas semanas, nos acostumaremos a ver um código, o SW19. Especialmente para quem estiver pela Inglaterra, ou lendo e vendo o noticiário internacional esse CEP se tornará ainda mais comum. É o CEP do bairro onde está localizado Wimbledon, nos subúrbios de Londres.

Lembro que a primeira vez que fui a Wimbledon, em 1997, e vi a placa com SW19, em uma rua, mostrando que era o CEP, falei, ah, finalmente entendi. Da mesma maneira que o 90210 ficou conhecido como o nome do seriado Barrados no Baile, sendo o CEP de Beverly Hills, o SW19 é conhecido também para denominar Wimbledon.

É comum ver o CEP em títulos de matérias jornalísticas e mencionados cada vez que se fala de Wimbledon.

Para chegar do centro de Londres até SW19, a melhor maneira é mesmo o metrô, evitando o trânsito e as altas tarifas do taxi preto londrina – pode demorar até uma hora – pegando a District Line até a Wimbledon Station e depois caminhando uns 10 minutos até o All England Lawn Tennis & Crocquet Club e vendo nas placas das ruas o SW19. 

Desta segunda até o domingo dia 10, é neste zip code que se concentrarão os maiores tenistas da atualidade (lamentamos a ausência do lesionado Nadal).

É em SW19 que os tenistas alugam casas – há apenas um hotel pequeno e nada luxuoso na região – , para evitar o trânsito entre os hoteis do centro londrino e o Grand Slam, e é lá que vivem durante três semanas (na semana anterior ao torneio eles já estão hospedados). Durante este período eles frequentam os restaurants de Wimbleodn Village, os supermercados e as lojas locais.

É deste cep que sairão os campeões do mais prestigioso torneio de tênis do mundo, o de Wimbledon.

Diana Gabanyi

Memórias do tricampeonato de Guga em Roland Garros

Estava tentando, sem ajuda de computador e papéis a lembrar tudo o que havia se passado naquelas três semanas em Paris. Sim três semanas, porque o Guga chegava sempre uns 5, 6 dias antes do torneio começar para treinar.

Confesso que minha memória já foi melhor. Claro que lembro da estreia contra o Coria e de toda a expectativa gerada em torno desse jogo, dos jornalistas argentinos falando “cuidado com o Coria, ele pode ganhar do Guga.” Claro que Guga não deu muitas chances ao argentino…

Lembro muito bem do jogo contra o Michael Russell e da sensação que eu senti estando ao lado do Larri e do Rafael assistindo o jogo, quase perdido, num dia de muito frio em Paris e vendo tudo se transformar quando ele salvou o match point. Lembro do meu amigo jornalista Fernando Eichenberg me perguntando após a partida se eu tinha ideia de quantas trocas de bola aquele match point teve? Não tinha ideia na hora, mas nunca me esqueci. Foram 28.  É claro na minha mente a alegria do Guga depois daquela vitória e a emoção dele ao vencer o jogo. Ainda lembro da expressão do Larri olhando pra mim e dizendo, quando ele começou a desenhar o coração na quadra naquele dia: “O que ele está fazendo?” Estava demonstrando todo o seu amor ao torneio, ao público francês, à quadra central e agradecendo a sensação que havia passado naquele momento, algo que ele diz até hoje nunca ter sido superado.

Depois vieram as vitórias sobre o Kafelnikov e o Ferrero, bem mais tranquilas do que as do ano 2000. Havia muita especulação também em cima do Ferrero. Ele havia vencido o Guga na final de Roma e praticamente estava cantando vitória, fazendo aparições para a imprensa com passeio no Senna, photoshoots, etc… Falou, falou, falou, mas quem arrasou foi Guga que o derrotou em três sets.

A final, depois de um primeiro set complicado, foi uma curtição. Quando começou a disputar o terceiro set Guga já sentia que ia ganhar o tricampeonato e foi curtindo com a torcida, com todo mundo aquele momento e claro, todos nós também.

Depois de tentar lembrar de todos esses momentos – a festa depois no Terra Samba e as fotos no dia seguinte no Sacre Couer – fui procurar meus arquivos de press releases que eu havia escrito naquele Roland Garros e fiquei emocionada lendo o material e relembrando que foi naquele ano que Kafelnikov apelidou Guga de o Picasso das quadras; foi naquele ano também que Guga ganhou o trofeu da ITF de melhor do mundo e em vez de ficar na festa de Gala no Bois de Boulogne, fomos jantar churrasco brasileiro; Encontrei menções também às presenças de Leonardo e Rodrigo Pessoa torcendo por Guga e do vice-campeonato de Jaime Oncins nas duplas mistas em Paris.

Ah, não esqueço que de tanto trabalho nem tive tempo para me trocar antes de irmos pra festa… Fui das últimas a deixar Roland Garros naquele domingo de 2001, sempre contando com a companhia do amigo e que esteve ao meu lado durante quase toda a carreira do Guga, Paulo Carvalho. 

Vou reproduzir aqui alguns dos textos que achei mais bacanas que escrevi naquele Roland Garros 2001.

GUGA SALVA MATCH POINT E ESTÁ

NAS QUARTAS-DE-FINAL DE ROLAND GARROS

Brasileiro teve a vitória do coração.

Gustavo “Guga” Kuerten está nas quartas-de-final de Roland Garros. Com uma vitória emocionante, à base de muita luta, Guga virou um jogo praticamente perdido e venceu o norte-americano Michael Russell, por 3 sets a 2, parciais de 3/6 4/6 7/6 (3) 6/3 6/1, em um espetáculo de 3h25min de duração, na quadra central de Roland Garros, que terminou com o brasileiro ajoelhado no meio de um coração, que ele mesmo desenhou. Na terça-feira, em horário ainda indefinido, Guga enfrenta o russo Yevgeny Kafelnikov, em busca de uma vaga na semifinal do Grand Slam.

Atual campeão do torneio, Guga acordou cedo neste domingo para enfrentar o norte-americano. Quando a partida começou o termômetro marcava 11o.C na quadra Philippe Chatrier e o vento fazia a temperatura parecer ainda mais fria. Guga saiu sacando, mas perdeu o seu serviço no terceiro e no quinto game, deixando Russell fazer 5/1. No 5/2, Guga devolveu uma quebra, mas não foi suficiente para reverter a situação do set e no game seguinte, no saque de Guga, com uma direita paralela, Russell fez um set a zero.

No segundo set, a partida seguiu equilibrada até o 3/4, quando Guga perdeu o seu saque. No game seguinte, o catarinense devolveu a quebra, mas no 4/5 não conseguiu manter o seu serviço novamente e com outra bola paralela, desta vez de esquerda, Russell fez 2 sets a 0.

Na terceira série, o norte-americano que veio do qualifying, parecia estar ainda mais no jogo, continuando a jogar bolas na linha e a estragar qualquer tipo de jogada que Guga tentava fazer. No 2/3 ele quebrou o serviço do número um do mundo e fez 2/4. Em seguida, sacou e fez 2/5 e no 3/5 sacou para ganhar a partida e esteve bem perto disso. Guga teve dois break points, não converteu e Russell chegou ao match point. Depois de um ponto muito disputado, com uma bola na linha, Guga escapou de deixar a quadra e aí sim conseguiu quebrar o saque do norte-americano e levar a decisão do set para o tie-break. Confiante depois de haver vencido um set no tie-break no jogo contra Alami, Guga não deixou dúvidas de que não queria entrar no avião e voltar para o Brasil. Entrou firme na hora do desempate e com uma devolução de saque para fora de Russell, fechou a série, com 7/3 no tie-break.

Um pouco mais aliviado no quarto set e jogando mais solto, Guga ficou adiante no placar do jogo pela primeira vez ao quebrar o serviço de Russell no segundo game e só precisou manter o seu saque para empatar o jogo em dois sets. Com um ace Guga fechou a série e entrou no quinto set, em que conseguiu três quebras de saque para vencer a partida, no primeiro, quinto e último game. No 5/1, no segundo match point, Guga cravou um smash na quadra e celebrou uma das maiores vitórias de sua carreira.

Emocionado, Guga desenhou um coração na quadra de saibro com a sua raquete, ajoelhou no meio dele e agradeceu a torcida que o apoiou durante toda a partida.

“Eu sou muito emotivo e hoje tive uma das melhores sensações da minha vida em uma quadra de tênis. Foi muito especial e talvez um dos dias mais felizes que eu já tive,” disse Guga, que não planejava desenhar o coração na quadra. “Foi uma coisa do momento. Eu estava com uma sensação incrível que eu não tenho muitas vezes e foi a maneira que eu encontrei de agradecer ao público, que influenciou muito a minha vitória de hoje.”

Sem nunca ter enfrentado Russell antes na carreira, Guga contou que encontrou dificuldades com o jogo do norte-americano no início do jogo. “Ele jogou o melhor tênis dele numa situação muito difícil. Eu nunca tinha jogado com ele e estava mais defensivo do que agressivo. Ele estava me frustrando e bloqueando todo o tipo de jogada que eu tentava fazer, até que chegou um momento em que eu fiquei mais tranquilo e saí de uma zona de segurança para uma de risco e as bolas na linha, a esquerda paralela, o saque, tudo começou a funcionar. Saí do fundo do poço para o paraíso. Na hora que estava tudo praticamente perdido, terminado a bola pegou na linha, entrou e quando o jogo terminou me senti o homem mais feliz do mundo por alguns minutos. Ganhei uma recompensa por todo o trabalho que eu venho fazendo. Muita gente me viu treinando aqui às 20h durante alguns dias e essas coisas de repente fazem a diferença e me fizeram acreditar que eu poderia ganhar.”

Feliz com a vitória, antes de iniciar as entrevistas para as televisões internacionais, Guga brincou, querendo saber se ninguem havia tido um ataque do coração no Brasil, por causa do seu jogo. “Em poucos segundos me tiraram e me colocaram de novo no torneio e agora estou aqui, nas quartas-de-final, em vez de estar arrumando as malas para entrar no avião. Já não tenho mais nada a perder e provavelmente vou jogara bem mais solto daqui pra frente.”

Esta é a quarta vez que Guga alcança as quartas-de-final em Roland Garros e a segunda consecutiva, tendo sido campeão em 1997, 2000 e quadrifinalista há dois anos. Com 11 vitórias seguidas no Grand Slam francês, Guga (Banco do Brasil/Diadora/Head/Globo.com/Motorola) voltará a competir na terça-feira, enfrentando um velho rival, campeão do torneio em 96, o russo Yevgeny Kafelnikov (7o. colocado no ranking mundial e 8o. na corrida dos campeões), de quem ganhou nas duas vezes em que ergueu o troféu de campeão em Paris, também nas quartas-de-final. “Já vou entrar na quadra com essa vantagem,” brincou ele, que no total, já enfrentou Kafelnikov oito vezes, vencendo cinco, inclusive a última, no Masters Cup de Lisboa.

Tenista número um do mundo e terceiro colocado na Corrida dos Campeões, Guga já garantiu 250 pontos no ranking mundial e outros 50 na Corrida. Se passar por Kafelnikov fica com 450 e 90, respectivamente.

TORCIDA ESPECIAL

Além do apoio da torcida francesa, do irmão Rafael, do técnico Larri Passos, Guga contou com uma força a mais neste domingo em Roland Garros. O cavaleiro Rodrigo Pessoa e o jogador de futebol Leonardo estavam acompanhando a partida do número um do mundo na Tribuna Internacional, ao lado também do cantor e compositor Marcelo.

Conhecido de Guga, Pessoa veio esta manhã de Bruxelas para prestigiar o catarinense e antes do jogo começar conversou bastante com Rafael.

Já Leonardo, conseguiu um convite com amigos e encontrou Guga depois do jogo. Os dois almoçaram juntos no restaurante dos jogadores, que fica embaixo da quadra Philippe Chatrier.

GUGA X KAFELNIKOV – Confrontos Diretos

1996 ATP Tour de Stuttgart / saibro Kafelnikov d. Guga 6/1 6/4

1997 Roland Garros / saibro Guga d. Kafelnikov 6/2 5/7 2/6 6/0 6/4

1998 New Haven / rápida Kafelnikov d. Guga 6/4 6/4

1999 Masters Series Indian Wells / rápida Guga d. Kafelnikov 0/6 7/6 6/3

1999 Masters Series Roma / saibro Guga d. Kafelnikov 7/5 6/1

2000 Roland Garros / saibro Guga d. Kafelnikov 6/3 3/6 4/6 6/4 6/2

2000 Olimpíadas Sydney / rápida – Kafelnikov d. Guga 6/4 7/5

GUGA VENCE KAFELNIKOV E ESTÁ NA SEMIFINAL DE ROLAND GARROS

Gustavo “Guga” Kuerten está na semifinal do torneio de Roland Garros, um dos eventos mais importantes do circuito mundial. Nesta terça-feira, com uma atuação impecável, ele derrotou o russo Yevgeny Kafelnikov, por 3 sets a 1, parciais de 6/1 3/6 7/6 (3) 6/4, em 2h32min de jogo e decide, na sexta-feira, pela terceira vez na carreira, uma vaga na final do torneio. O adversário é o espanhol Juan Carlos Ferrero.

Depois de ter ganhado uma nova vida no torneio, ao salvar um match point na partida de oitavas-de-final contra Michael Russell, Guga entrou solto na quadra Philippe Chatrier e com o objetivo de surpreender Kafelnikov, campeão de Roland Garros em 1996. E foram necessários apenas 18 minutos para Guga mostrar isso ao russo, 7o. colocado no ranking mundial. Nesse tempo, Guga fechou o 1º set, com duas quebras de serviço no 2/1 e no 4/1 e só perdendo três pontos no seu saque no set inteiro.

No 2ºset, foi a vez de Kafelnikov tomar conta da partida e ele e Guga começaram a protagonizar um belíssimo espetáculo de tênis em Roland Garros. No 1/2 ele conseguiu uma quebra de saque e manteve o seu serviço para fechar o set em 6/3, com um ace. No 3º set, o russo chegou a estar bem perto de sacar para a série, quando no 4/4, Guga sacava com 0/40. Guga se salvou desses três break points e de outros dois no mesmo game e conseguiu levar a decisão para o tie-break, em que entrou concentrado, jogando ponto por ponto e venceu por 7/3.

No 4º set, Guga saiu na frente e abriu 3/0 com duas quebras de serviço do adversário. Mas, Kafelnikov não quis se entregar e ainda conseguiu quebrar o saque de Guga mais uma vez, no 3/0. Mas foi só o que Guga deixou o russo fazer, além dos aplausos que recebeu do próprio adversário, ao dar uma passada de esquerda paralela espetacular. No 4/3 salvou dois break points para sacar para a vitória no 5/4 e celebrar a passagem à semifinal com uma bola de Kafelnikov que ficou na rede.

“Quando a minha primeira bola entrou em jogo eu já estava sentindo-a bem melhor na minha raquete, do que no jogo contra o Russell. Eu sabia que tinha que começar bem no jogo, até para surpreendê-lo um pouco e mostrar que eu estava sólido. Ele esperava que eu jogasse mais cruzado e eu estava indo mais para a parelala e arrisacando mais do que o normal. No Masters, em Lisboa, joguei assim com ele e deu certo,” contou Guga, muito feliz por estar, pela terceira vez, na semifinal de um Grand Slam e especialmente em Roland Garros, seu torneio favorito.

“Tenho agora que desfrutar um pouco disso. Passei por uma maratona antes desses jogos e não é todo dia que você está na semifinal de um Grand Slam. Tive as melhores sensações da minha vida no tênis nesta quadra central de Roland Garros e vou lutar muito para estar pela terceira vez na final,” comemorou o número um do mundo, que em nove confrontos venceu Kafelnikov seis vezes, incluindo a vitória desta terça-feira e outras duas nas quartas-de-final deste mesmo torneio, nos anos em que foi campeão, 1997 e 2000.

“Já estão dizendo que o Kafelnikov é o meu amuleto e tomara que seja mesmo, mas não é isso que vai me fazer ganhar o torneio. Os jogos contra o Kafelnikov são sempre como jogos de xadrez, em que um ponto pode mudar tudo e você tem que estar focado, no jogo o tempo todo. Agora me vejo com boas chances de ganhar outra vez, mas vou ter que estar muito forte mentalmente”, concluiu Guga, que foi chamado por Kafelnikov de um Picasso das quadras, pelas mágicas que faz com sua esquerda. “Ele falou isso porque nunca me viu desenhando. Talvez eu possa fazer mágica na quadra, mas quando pego o papel sou como um jogador do qualifying.”

O técnico Larri Passos, que está com Guga há 11 anos, se emocionou tanto quanto o seu pupilo ao vê-lo alcançar a semifinal de Roland Garros pela terceira vez e, com lágrimas nos olhos, disse que uma das principais coisas que Guga continua fazendo é o trabalho duro. “Hoje, antes do jogo nós aquecemos por 45 minutos e isso é fundamental. O Guga é número um do mundo e continua dando duro. Ele jogou um 1ºset incrível contra o Kafelnikov e o principal nos próximos dois dias vai ser trabalhar duro e fazer a recuperação física também.” O técnico também aproveitou para explicar que não tem falado muito com a imprensa porque “aprendi com os chineses, que os sábios não falam e eu porque não sou sábio e tenho que aprender a cada dia, me calo.”

GUGA VENCE FERRERO E ESTÁ NA FINAL DE ROLAND GARROS

Brasileiro ganhou por 3 a 0 e lutará pelo terceiro título em Paris

Gustavo “Guga” Kuerten está na final do torneio de Roland Garros. Nesta sexta-feira em Paris, com uma atuação perfeita do começo ao fim, Guga não deu chances ao espanhol Juan Carlos Ferrero, 4o. colocado no ranking mundial, e venceu, sem perder um set, por 6/4 6/4 6/3, em 2h10min de um show de tênis na quadra Philippe Chatrier. No domingo, a partir das 09h15min (Brasília), ele luta pelo tricampeonato com o espanhol Alex Corretja.

Melhor jogador de saibro da temporada, Guga, como ele mesmo afirmou, “jogou perto da perfeição” seguindo um plano de jogo e estando forte mentalmente em todos os momentos da partida, inclusive naqueles em que a situação não lhe era tão favorável. Logo no primeiro game o brasileiro teve três break points contra e conseguiu reverter a situação. No 3/3, teve seu serviço quebrado, mas não deixou Ferrero tomar a dianteira no jogo, devolvendo a quebra em seguida, quebrando novamente o serviço do “Mosquito,” no 5/4 e fechando a série com um winner de esquerda cruzada.

No segundo set, Guga abriu 2/0, mas perdeu o seu saque no game seguinte. O jogo seguiu igual até o 5/4, quando novamente o brasileiro quebrou o saque de Ferrero, com uma esquerda do adversário na rede e fez 2 sets a 0. No terceiro set, mantendo o mesmo ritmo forte do início do jogo, Guga continuou sem dar chances ao espanhol, mesmo quando este tinha algum break point a favor. Guga se superava e, com jogadas fantásticas, não deixava o espanhol respirar por muitos segundos e no 4/3 a quebra apareceu, deixando o brasileiro tranquilo para sacar para vitória no game seguinte. No segundo match point, com uma bola para fora de Ferrero, Guga pulou, ergueu os braços para cima e comemorou a sua terceira passagem a uma final de Roland Garros, tendo sido campeão em 1997 e 2000.

“Joguei perto da perfeição, me movimentando bem e com as minhas táticas de jogo bem claras, do início ao fim da partida,” disse Guga. “Eu sabia que não podia deixá-lo controlar o jogo e nem mesmo respirar muito. Tentei surpreendê-lo com jogadas fundas e usando a experiência que adquiri nos últimos dois anos e de já ter sido campeão aqui duas vezes. Estava super à vontade na quadra e quando estou sentindo bem a bola na raquete e jogando o meu melhor tênis é difícil alguém ganhar de mim.”

De tão bem que Guga vem jogando ele foi comparado a Picasso pelo russo Yevgeny Kafelnikov, há três dias, e o número um do mundo contou que tentou acreditar no russo. “Eu tentei acreditar nas palavras dele, de que eu sou um Picasso na quadra. Agora quem sabe possa pegar alguma coisa do Van Gogh e tentar desenhar o meu jogo ainda melhor, porque eu não poderia querer jogar mais do que eu joguei hoje. Foi um dia muito feliz para mim e um prêmio pelo que eu passei aqui essa semana, nos jogos e nos treinos. Foram horas na quadra tentando dar um passo adiante e foi na parte mental, com a minha cabeça positiva que eu me superei,” comemorou Guga, sem esquecer do jogo contra o norte-americano Michael Russell, nas oitavas-de-final, em que salvou um match point. “O Guga que está hoje em quadra é um Guga diferente do que o de antes do match point contra o Russell. Como eu já disse, me tiraram do torneio e me colocaram de volta e agora não tenho mais nada a perder. Fui um abençoado naquele dia.”

E é assim, tranquilo e curtindo cada momento, que Guga pretende disputar a sua terceira final em Paris e a quinta da temporada, tendo conquistado três títulos, em Buenos Aires, Acapulco e Monte Carlo. “Nem nos meus sonhos mais mirabolantes eu poderia imaginar que eu estaria disputando a minha terceira final em Roland Garros. Vou entrar em quadra me sentindo um cara de muita sorte e disposto a lutar por todos os pontos.”

Nas duas outras finais que jogou em Roland Garros, Guga venceu, respectivamente, o espanhol Sergi Bruguera e o sueco Magnus Norman.

A partida final, será a 29a. em Roland Garros, sendo que destas 29 ele está invicto a 13. “Roland Garros para mim é um lugar muito especial. Toda vez que venho para cá, até mesmo para treinar, sinto uma coisa a mais, uma energia especial.”

Neste sábado, Guga (Banco do Brasil/ Diadora/ Head/ Globo.com/ Motorola) deve manter a mesma rotina com o técnico Larri Passos. Acordar por volta das 11h, fazer trabalho físico e, no final da tarde, uma hora de treinos na quadra. A esses treinos, Larri credita a passagem de Guga à final. “Foi a vitória do trabalho. Ontem à noite eu assisti uma reportagem sobre o Maurice Green e ele respondeu uma pergunta sobre qual era o segredo do sucesso dele e a resposta foi o trabalho que eu faço com o meu técnico. Eu e o Guga trabalhamos duro nesses últimos dias e eu mostrei o ombro pra ele no final do jogo, porque treinei forte com ele na quadra, fiz muita força e deu certo.”

Com 700 pontos já garantidos no ranking mundial e outros 140 na Corrida dos Campeões, Guga pode ficar com 1000 e 200, respectivamente, se passar pelo espanhol Alex Corretja, 13o. colocado no ranking mundial e 32o. na Corrida. Os dois já se enfrentaram seis vezes, todas elas no saibro, com quatro vitórias para Guga, incluindo a última, nas quartas-de-final do Masters Series de Roma.

GUGA FAZ FESTA BRASILEIRA EM PARIS

Depois de conquistar o tricampeonato de Roland Garros, no domingo à tarde, em Paris, derrotando o espanhol Alex Corretja, por 3 sets a 1, parciais de 6/7 (3) 7/5 6/2 6/0, em 3h12min de jogo, Guga comemorou como queria.

Curtiu o terceiro triunfo, se igualando a Mats Wilander, Ivan Lendl e Bjorn Borg, na quadra, festejando bastante com a torcida, desenhando um novo coração, deitando nele, vestindo uma camiseta com os dizeres Je táime Roland Garros e posando para fotos com a bandeira brasileira.

Depois de passar por uma maratona de entrevistas para jornalistas do mundo inteiro e de falar ao vivo com a France 2 /3, canal de televisão responsável pela transmissão do torneio na França, Guga voltou ao hotel onde está hospedado, próximo a Roland Garros, trocou de roupa e partiu para a região da Bastilha.

Lá, no restaurante brasileiro, Terra Samba, ele comemorou com a família, com o técnico Larri Passos, os membros de sua equipe e os amigos que o acompanharam na campanha rumo ao tri, o título que mais saboreou na quadra central de Roland Garros.

No restaurante, Guga comeu churrasco, arroz, feijão, cantou e dançou ao som do músico Marcelo.

Também estava presente no Terra Samba o vice-campeão de duplas mista, Jaime Oncins, que ficou em Paris para assistir ao companheiro de equipe de Copa Davis jogar a final do torneio mais charmoso de tênis do mundo.

Bem ao seu estilo, Guga estava completamente à vontade, entre a mãe Alice, o irmão Rafael, o técnico Larri, sua equipe e os amigos.

Fotos da nossa fotógrafa e grande amiga Cynthia Lum

Djokovic e um domingo histórico em Roland Garros

A conquista de Roland Garros era quase uma obssessão para Novak Djokovic. Era tão obssessiva que parecia uma necessidade de conquistar um recorde, mais do que um amor por Roland Garros. Neste domingo, 05 de junho de 2016, Djokovic sentiu a conexão especial com o público em Paris. No final do jogo contra Andy Murray, mesmo estando nervoso para fechar a partida, era como se nada fosse detê-lo. Uma rara sensação de invencibilidade, em um ambiente tão especial quanto a quadra central de Roland Garros.

Djokovic e um domingo histórico em Roland Garros

Um domingo que entrou para a história, em que todos nós assistimos um feito que aconteceu pela última vez há mais de 50 anos, em 1969, com Rod Laver. Pode demorar mais 50 para acontecer de novo: um jogador ganhar os quatro torneios do Grand Slam seguido.

Djokovic, que derrotou Andy Murray na final, por 3 sets a 1, havia vencido na sequência, Wimbledon, depois de ter perdido a final em Paris no ano passado para Stan Wawrinka, o US Open e o Australian Open.

Derrotado por Murray na final deste domingo e em janeiro também em Melbourne, o próprio Murray lembrou a todos de que “estamos assistindo algo raríssimo no tênis e que quem viu o jogo de hoje teve muita sorte.”

Mais emotivo do que muitos dos jogadores de sua geração, o sérvio Djokovic sentiu uma conexão com o público francês, que talvez só Gustavo Kuerten tenha sentido em um passado recente. Foi tão forte a emoção, que Djoko desenhou o coração em quadra, o mesmo coração que Guga desenhara 15 anos atrás.

Há 25 anos nenhum jogador havia ganhado o Australian Open e Roland Garros no mesmo ano. Agora Djokovic tem a oportunidade de ganhar o Grand Slam na temporada e ainda o ouro olímpico, no que seria o Golden Slam.

Se havia dúvida de que ele pertencia ao hall dos melhores de todos os tempos, este histórico domingo acabou com todas elas. Djokovic, agora com 12 trofeus de Slam, já não é mais um dos melhores jogadores de saibro de todos os tempos a nunca ter vencido Roland Garros e agora é apenas um de 8 jogadores a ter completado o Grand Slam, que inclui Federer, Nadal, Agassi, Laver, Budge, Emerson e Ferry.

Diana Gabanyi

foto de Cynthia Lum

Serena arrasa e 4as de Roland Garros estão definidas

Depois de dois dias de chuva e um “mal-estar” em Roland Garros, do público, fãs e imprensa nada satisfeitos com o teto retrátil e os planos de expansão que nunca saíram do lugar, enfim o tênis voltou a ser jogado em Paris. E a atual campeã, Serena Williams não perdeu tempo. Garantiu logo sua vaga nas quartas de final, arrasando Elena Svitolina, a “protegee” de Justine Henin, por duplo 6/1, para encarar a surpresa russa Yulia Putintseva.

Serena arrasa e 4as de Roland Garros estão definidas

” Ela tem fome de vitória,” disse Serena, sobre a sua próxima adversária, mas sem se preocupar com o fato de ter que jogar vários dias seguidos. “Estamos acostumadas.”

A jovem, que chegou a ser treinada por Martina Hingis em um breve período, eliminou, surpreendentemente, a espanhola Carla Suarez Navarro por duplo 7/5.

Mas, ainda resta uma espanhola na competição, em um dos poucos jogos que havia sido definido antes dos céus de Paris se tornarem completamente cinza. Garbine Muguruza que encarará outra surpresa, a norte-americana Shelby Rogers.

Desconhecida do grande público, quem também surpreendeu nesta 4a. em Roland Garros foi a a holandesa Kiki Bertens. Ela ganhou de Madison Keys, por 7/6 6/3 e enfrentará a suíça Timea Bacsinzsky, que brilha de novo em Paris e não deu muitas chances a Venus Williams, ganhando por 6/2 6/4.

A última vaga na semifinal será definida entre a vice-campeã de 2009, Samantha Stosur e búlgara Tsvetana Pironkova. Ambas tiveram jogos controversos na 3a. feira, ganhando respectivamente das favoritas Agnieszka Radwanska e Simona Halep, que reclamaram de estarem jogando debaixo de chuva, como se estivessem em um torneio da série Future.

” Os resultados não mostram, mas eu estava me sentindo muito bem, vendo que estava jogando em um nível alto. Aqui tudo começou a dar certo,” analisou Pironkova, 102a colocada no ranking mundial.

Diana Gabanyi

Foto de Cynthia Lum

Chuva: Roland Garros cancela toda rodada pela 1a. vez desde o ano 2000

A segunda-feira que prometia muito tênis em Paris, com a definição de todos os classificados para as quartas-de-final do segundo Grand Slam do ano, não aconteceu.

Chuva cancela rodada em Roland Garros

Uma forte e insistente chuva que cai em Paris obrigou os organizadores a cancelarem toda a rodada pela primeira vez desde o dia 30 de maio do ano 2000, exatamente 16 anos atrás.

Devastado, o diretor do torneio Guy Forget, que assumiu o cargo este ano, disse que vai apressar as obras para a construção de um této retrátil. “Todos os Grand Slams se modernizaram. É inaceitável.”

Sem jogos, todos os fãs que compraram ingressos oficiais via FFT ou operadoras do torneio, terão o dinheiro devolvido.

Jogadores tiveram que “lutar” para conseguir treinar nas quadras cobertas do complexo de Roland Garros e os fãs que foram até Porte D’Auteil saíram no máximo com uma lembrancinha da loja do torneio.

Televisões do mundo inteiro passam o dia todo reprises de jogos deste ano ou de edições anteriores.

O tempo é imprevisível, mas para o tênis, não ter o mínimo de precaução nos tempos modernos de hoje, é uma perda sem tamanho.

A programação, se a chuva deixar, recomeça, amanhã às 11h de Paris – www.rolandgarros.com/schedule

Diana Gabanyi

Foto de Cynthia Lum